O crescimento econômico canadense desacelerou novamente: em uma base mensal, o PIB caiu para uma área negativa e atingiu -0,1% em novembro. Em termos anuais, o indicador também caiu, no entanto, ainda estava na "zona verde": com uma previsão de crescimento de 1,6%, o indicador subiu para 1,7%, enquanto em outubro o crescimento foi mais expressivo - 2,2%.
Em resposta a este comunicado, o par USD / CAD afastou-se das mínimas anuais (isto é, do nível de 1,3119), mas a nova dinâmica ascendente era questionável. O "loonie" permanece na área de mínimas de vários meses - a última vez que o par ficou na parte inferior do 31º lugar em novembro do ano passado. Se ignorarmos a dinâmica intradiária, podemos dizer que os traders realmente ignoraram o lançamento de hoje, concentrando-se em outros fatores fundamentais.
Esta reação é explicada de forma bastante simples: o mercado estava pronto para desacelerar a economia canadense - isso foi dito por muitos especialistas, isso foi advertido pelo chefe do Banco do Canadá no final da última reunião. Em termos mensais, o indicador coincidiu totalmente com a previsão e, em termos anuais, superou ligeiramente as expectativas pessimistas. Portanto, contra o cenário de outros eventos, este lançamento não atuou como um catalisador para a volatilidade do par - traders mostraram apenas uma reação formal, que é improvável que tenha qualquer continuação significativa.
O fator que limitou foi o petróleo, que voltou a subir após o anúncio dos resultados da reunião do FED de janeiro. O barril de petróleo Brent está agora sendo negociado em torno de 62 dólares, mostrando uma tendência positiva. E o fraco dólar americano não pode se dar ao luxo de tomar a iniciativa no par USD / CAD: na minha opinião, o mercado não percebeu plenamente as consequências negativas da reunião de ontem do Federal Reserve. Em geral, o regulador anunciou uma pausa prolongada no aumento das taxas de juros - e ninguém sabe quanto tempo esse período será.
Segundo a maioria dos analistas, se os indicadores-chave da inflação nos EUA continuarem mostrando uma dinâmica vaga, o regulador pode "ser paciente" até o próximo ano. No entanto, mesmo os cenários mais otimistas assumem um aumento de taxa - aproximadamente em outubro ou dezembro do ano corrente. Portanto, o crescimento em grande escala do par USD / CAD pode ser causado por um enfraquecimento significativo do dólar canadense, ou pelo fracasso das negociações comerciais EUA-China.
Quanto aos fatores "internos", os touros do USD / CAD não têm nada em que contar. Por um lado, em sua reunião de janeiro, o Banco do Canadá reduziu suas previsões para o crescimento da economia do país em 2019 (de 2,1% para 1,7%). Mas, por outro lado, manteve uma atitude "hawkish", para falar sobre seus planos futuros. O chefe do Banco Central, Stephen Poloz, disse que a taxa de juros deve eventualmente crescer para um valor neutro, de modo que a taxa de inflação fique no "intervalo necessário". Dado o fato de que os dados mais recentes sobre o crescimento do PIB saíram em um nível previsível, é improvável que o regulador canadense mude sua posição sobre essa questão. A única questão é quando exatamente o Banco Central decidirá sobre outro aumento da taxa.
A próxima reunião do banco central está marcada para 6 de março, enquanto a maioria dos especialistas está inclinada a acreditar que a taxa será aumentada na reunião de abril (24 de abril). Em geral, o intervalo de tempo mensal não desempenha nenhum papel neste contexto, especialmente porque o mercado espera outro aumento de taxa antes do final deste ano. Em outras palavras, o regulador canadense ainda está caminhando para a normalização da política de crédito monetário, em contraste com o Federal Reserve, que ontem anunciou uma pausa sobre esta questão.
Assim, fatores fundamentais internos não conseguem reverter a tendência de queda do par USD / CAD. Mas, a situação com o fundo fundamental externo parece um pouco mais complicada. Com efeito, as cotações do petróleo estão subindo - o custo de Brent e WTI aumentou quase 20% desde o início do ano, dando suporte a moedas de commodities. No entanto, a sombra da guerra comercial pressiona os traders - se o atual processo de negociação terminar em fracasso, as cotações do petróleo cairão e o dólar, pelo contrário, ganhará força usando o status de ativo-seguro.
No momento, não há informações inequívocas sobre as negociações de dois dias. Trump, usando sua maneira usual de comunicação - Twitter - afirmou que "boas intenções e uma atitude positiva são sentidas em ambos os lados". Ele também confirmou que vai se encontrar com o chefe da delegação chinesa no Salão Oval hoje. Mas, então ele um pouco apertou seu tom, causando um certo alarme nos mercados.
Primeiro, ele afirmou que um acordo só poderá ser concluído após uma reunião pessoal com Xi Jinping, já que ele precisava discutir "questões difíceis" com ele. Em segundo lugar, Trump fez um novo ultimato: ele disse que a China deverá abrir seus mercados não apenas para empresas financeiras, mas também para empresas dos setores industrial, agrícola e outros. Pequim ainda não respondeu a essas declarações - é provável que a reação se seguirá após o retorno da delegação chinesa à sua terra natal. Mas, em geral, a situação continua "na balança": se as partes falharem nas negociações, já em 1º de março, a guerra comercial começará com uma nova força, e o dólar dos EUA receberá uma razão para seu crescimento.
É por isso que a conveniência de posições curtas no par USDCAD depende do resultado das negociações EUA-China. Se, a despeito de tudo, os partidos se separassem com uma nota positiva, o impulso descendente do loonie poderá continuar com o primeiro alvo em torno de 1.3060 (o limite superior da nuvem de Kumo no gráfico semanal).
