O dólar americano, que subiu recentemente, é forçado a recuar sob a pressão das ações agressivas do Fed e da prevenção de riscos por parte dos investidores. No entanto, esta moeda não pretende desistir e pretende recuperar as perdas atuais.
A recusa dos investidores em comprar ativos de risco em meio a temores renovados sobre a disseminação da cepa de coronavírus Omicron facilitou a retração da moeda americana. Na noite de segunda-feira, algum pânico tomou conta dos mercados, de modo que os índices de ações dos EUA e da Europa entraram na zona negativa. Nessa situação, a aversão ao risco pressiona o rendimento dos títulos do Tesouro norte-americano e limita o crescimento do dólar norte-americano.
Por outro lado, o preço do euro aumentou de forma corretiva em relação ao americano e agora caminha para uma espiral ascendente. Na manhã de terça-feira, o par EUR / USD estava sendo negociado no nível 1,1280, tentando subir ainda mais. Ao mesmo tempo, o dólar americano caiu abaixo das máximas atuais, perdendo seus ganhos anteriores após atingir os planos de implementar um plano de infraestrutura iniciado pelo presidente dos EUA, Joe Biden.
A notícia sobre a possível recusa do Senado americano em aceitar um grande pacote de gastos com infraestrutura (Build Back Better) chocou os investidores. Anteriormente, sua aprovação era dada como certa, mas alguns representantes do Partido Democrata anunciaram inesperadamente sua disposição de votar contra. O motivo está no fardo significativo sobre a economia americana, que pode não conseguir suportar estes custos.
Anteriormente, os representantes do maior banco Goldman Sachs excluíram o estímulo fiscal para a economia dos EUA de seu cenário básico e rebaixaram sua previsão de crescimento para 2% no primeiro trimestre de 2022 (dos 3% anteriores), e para 3% no segundo trimestre (dos 3,5% anunciados anteriormente) e até 2,75% no terceiro trimestre (dos 3% anteriores). Representantes do banco também duvidam que o primeiro aumento na taxa de fundos federais do Fed ocorrerá em março de 2022.
A situação atual mantém os participantes do mercado entusiasmados. Muitos traders e investidores acreditam que a não aprovação do pacote de gastos com infraestrutura forçará o Fed a adiar o aumento da taxa. Com isso, seu aumento, previsto para o primeiro semestre do próximo ano, bem como a flexibilização do pacote de estímulos, podem ser postergados por muito tempo.
Em relação às perspectivas da moeda europeia, os analistas não têm muita esperança. De acordo com Marshall Gittler, chefe de pesquisa de investimentos da BDSwiss, o euro no par EUR / USD continuará a se enfraquecer, apesar do atual crescimento de curto prazo. Seu declínio adicional é possível se o BCE mantiver sua política monetária moderada. Recorde-se que, na passada quinta-feira, o regulador europeu previa manter a taxa de juro dos empréstimos em zero e a dos depósitos em -0,5%.
O Conselho do BCE acredita que as taxas básicas permanecerão nos níveis atuais até que a inflação atinja o objetivo de 2%. Ao mesmo tempo, Pablo Hernandez de Cos, representante do Conselho de Governadores do BCE e do Banco Central da Espanha, anunciou ontem um "improvável" aumento das taxas em 2022.
Os especialistas avaliam os riscos de uma deterioração da economia europeia como pequenos, apesar do agravamento da situação com a disseminação de novas mutações do coronavírus. A presidente do BCE, Christine Lagarde, disse que a situação tensa com a COVID-19 pode afetar negativamente o crescimento econômico no longo prazo. Segundo ela, a atividade econômica na região desacelerou no quarto trimestre de 2021, mas no início do ano que vem a recuperação econômica moderada continuará.
A ausência de um rali tradicional de Ano Novo acrescentou pessimismo ao mercado. Os motivos são a pressão sobre o mercado acionário dos EUA em meio a problemas relacionados ao programa de apoio, e a incerteza quanto à implementação das decisões do Fed de elevação de taxas e redução de incentivos. Analistas enfatizam que atualmente o aperto da política monetária do regulador norte-americano está sob ameaça. Isso adiciona problemas ao dólar americano, cuja dinâmica é fraca. No entanto, tem força para uma recuperação maior, que não está longe.
