O par EUR/USD está sendo negociado em uma faixa estreita de preços, reagindo de forma fraca aos relatórios macroeconômicos não só da Europa mas também da América do Norte. O foco é a geopolítica, que dá o tom para as negociações desta semana. Apesar de uma ligeira redução na tensão em torno da Ucrânia, ainda é muito cedo para falar sobre a possibilidade de uma diminuição. A situação ainda não chegou ao fim, e ninguém pode dizer com precisão como os eventos se desenvolverão - se haverá guerra ou se as partes se comprometerão através da diplomacia. Além disso, o dólar americano aguarda a ata da reunião da Reserva Federal dos Estados Unidos de fevereiro, que será publicada hoje à noite às 18h00, horário universal. À luz das últimas declarações do Fed, este documento pode provocar uma maior volatilidade entre os pares de dólares.
Por enquanto, o par EUR/USD está preso em um flat. Deve-se notar que o bloco de estatísticas macroeconômicas de ontem foi controverso. Por exemplo, o índice alemão de sentimento empresarial do Instituto ZEW subiu em fevereiro para 54 pontos, não atingindo o valor esperado de 55 pontos. Entretanto, um indicador pan-europeu semelhante mostrou uma tendência negativa, caindo para 48 pontos contra o crescimento previsto de 55 pontos. Os dados do mercado de trabalho foram decepcionantes. De acordo com uma estimativa preliminar, a taxa de emprego da UE cresceu 0,5%, o que corresponde à metade do nível previsto - os especialistas esperavam ver este valor em torno de 1,0%.
Enquanto isso, os relatórios dos EUA saíram na "zona verde". Em particular, o Índice de Preços ao Produtor (PPI) foi publicado ontem, o que é um sinal precoce de mudanças nas tendências inflacionárias. O índice global subiu para 1,0% em termos mensais contra um aumento de 0,5%. Este é o melhor resultado desde julho do ano passado. Quanto aos termos anuais, o indicador subiu para 9,7%. O índice principal de preços ao produtor, excluindo os preços de alimentos e energia, também se mostrou na "zona verde" - tanto em termos anualizados como mensais. O índice Empire States de Atividade Industrial, que é baseado em uma pesquisa dos fabricantes do "distrito" da FRB de Nova Iorque, também saiu da área negativa. Em janeiro, este indicador estava abaixo de zero pela primeira vez em muito tempo, mas subiu para a marca de 3 pontos em fevereiro.
Os traders do EUR/USD reagiram de forma reflexiva aos relatórios acima. O preço caiu quase 40 pontos, reportando-se ao final de 1,13 após o lançamento do índice de preços ao produtor. Entretanto, o par voltou a meio de 1,13 após algumas horas.
Tudo isso sugere que o foco agora é a geopolítica. A linha de negociação "Washington-Paris-Berlin-Kiev-Moscou" vem trabalhando há várias semanas, mas as partes ainda não chegaram a nenhum resultado fundamental claro. De acordo com os resultados de ontem, a situação continuou sem solução, e a tensão em torno da Ucrânia atingiu proporções sem precedentes em muitos anos. O chanceler alemão Olaf Scholz disse que o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky "prometeu firmemente" considerar projetos de lei sobre o status de Donbas e emendas à Constituição da Ucrânia.
Em outras palavras, a tensão geopolítica que poderia se transformar em um conflito militar ainda não terminou. Os cenários mais negativos manifestados na mídia ocidental (principalmente americana e britânica) ainda não foram implementados, mas é categoricamente impossível falar sobre a diminuição da escalada atual. Um agravamento adicional da situação será a favor da moeda americana, que voltará a ser muito procurada como um ativo defensivo.
Em outra nota, os investidores do EUR/USD estão esperando a publicação de hoje da ata da última reunião do Fed. Este documento nos permitirá avaliar o humor geral do banco central norte-americano, no contexto dos últimos dados inflacionários. Pode-se lembrar que alguns representantes do regulador (em particular, Bullard) conclamaram recentemente seus colegas a implementarem o cenário mais gavião. Por exemplo, Bullard disse que a taxa deveria ser aumentada imediatamente em 50 pontos base em março, e em mais 50 pontos em 1.º de julho. No entanto, nem todos os seus colegas apoiam isto. Por exemplo, Esther George, Mary Daly e Thomas Barkin questionaram se um ritmo tão agressivo de aperto monetário era seguro e justificado. Hoje, a ata nos permitirá entender o quão forte é o sentimento de falcão por parte do Fed.
Portanto, a situação para o par é incerta. Na minha opinião, a tendência de queda ainda é uma prioridade a médio prazo (e ainda mais a longo prazo), principalmente devido à divergência da posição do BCE e do Fed. Entretanto, se falarmos sobre as perspectivas imediatas, então é muito provável que haja uma correção ascendente. O "teto" da correção é o nível de 1,1400 (o limite superior da nuvem de Kumo no período gráfico D1). Se o momento corretivo começar a desaparecer nesta área de preços, é aconselhável considerar posições curtas com a primeira meta em 1,1330 (a linha do meio do indicador de Bandas de Bollinger no mesmo período).
