A Europa não pode viver sem política. Primeiro, Boris Johnson deixou o cargo de primeiro-ministro da Grã-Bretanha, depois Mario Draghi seguiu o exemplo na Itália. E agora, a atenção dos investidores está voltada para a batalha pelo posto de novo líder do Partido Conservador do Reino Unido. E não se sabe o que é melhor – ganhar ou perder nesta batalha – porque o novo primeiro-ministro enfrentará uma economia em ruínas. A sua queda para a recessão foi um dos impulsionadores do colapso do GBPUSD para os níveis que ocorreram em março de 2020.
No entanto, a política pode mudar a situação.
Enquanto 8 em cada 9 especialistas da Bloomberg acreditam que Rishi Sunak lidará com a economia do Reino Unido melhor do que Liz Truss, as casas de apostas favorecem o último. O ministro das Relações Exteriores promete cortar impostos para famílias e empresas, recentemente levantados pelo outro candidato, o ex-chanceler da Fazenda. Apoiará a demanda doméstica e o PIB, mas, ao mesmo tempo, aumentará a já alta inflação.
Dinâmica das mudanças fiscais na Grã-Bretanha
O crescimento adicional dos preços ao consumidor é um forte argumento a favor da aceleração do aperto da política monetária do Banco da Inglaterra, o que poderia fazer o jogo da libra. Enquanto o BoE, com seu aumento de 115 bps na taxa de recompra em seis meses, ficou atrás do Fed, que elevou a taxa de fundos federais em 150 bps em 3 meses. Mas os investidores estão se perguntando o que vem a seguir. As mudanças fiscais propostas por Liz Truss podem elevar os custos de empréstimos do Reino Unido para 7%, prejudicados pelas vendas de títulos locais, rendimentos mais altos, diferenciais mais amplos com os pares dos EUA e uma correção no GBPUSD.
Dinâmica do GBPUSD e o diferencial de rendimento dos títulos britânicos e americanos
Na minha opinião, os investidores estão exagerando. O novo primeiro-ministro e o Banco da Inglaterra enfrentarão uma economia fraca, e restrições monetárias agressivas apenas o levarão à recessão. De acordo com a GFK, os preços crescentes dos alimentos e da gasolina e um aumento na taxa de recompra do BoE levaram a uma queda na confiança do consumidor para um mínimo de 48 anos. A atividade empresarial na Grã-Bretanha caiu de 53,7 para 52,8 em julho, embora não tenha ficado abaixo do nível crítico de 50, indicando uma redução do PIB, como nos EUA e na zona do euro.
Além disso, semanas após a posse do novo primeiro-ministro em setembro, as contas de energia elétrica subirão acentuadamente, o que provocará um aumento da deterioração da qualidade de vida e uma retração da demanda doméstica. De acordo com a instituição National Energy Action (NEA), um em cada três lares na Grã-Bretanha cairá abaixo da linha de pobreza de combustível.
Tecnicamente, no gráfico diário GBP/USD, o par tenta recuperar uma combinação "Três Índios" e "Splash" e padrões de inversão de prateleira. Uma quebra de resistência em 1.207 aumentará os riscos de um recuo e se tornará um motivo para compras de curto prazo na direção de 1.211 e 1.225, onde a libra pode ser vendida.
