O clima está se fortalecendo nos mercados em relação ao próximo aumento da taxa da Reserva Federal em 75 pontos base este mês, apesar do inesperado relatório da ADP sobre o emprego no setor privado para agosto, publicado na quinta-feira. Além disso, os traders estão agora apostando em uma probabilidade de 80% de um aumento semelhante por parte do Banco Central Europeu na próxima semana.
O rendimento dos títulos norte-americanos a 10 anos ultrapassou 3,2% pela primeira vez desde junho, e o rendimento dos títulos da zona do euro e do Reino Unido também aumentou.
Entretanto, o euro e a libra continuam na linha de disparo. Após os lançamentos otimistas dos EUA, o índice do dólar voou até o nível de 110,00 no momento.
O número de pedidos iniciais de subsídio de desemprego para a semana caiu em 232.000, o que foi melhor que as expectativas do mercado de 248.000. Uma semana antes, o mesmo número era de 237.000.
O mercado de trabalho continua forte. O relatório de emprego de sexta-feira traz novamente riscos para as ações. Se for bom, as perspectivas de maior aperto da política monetária se tornarão ainda mais claras.
Espera-se que o desemprego nos Estados Unidos permaneça no nível de 3,5% em julho, e o número de pessoas empregadas em setores não-agrícolas da economia aumentou em 300.000.
O índice de atividade empresarial no setor manufatureiro dos EUA também se mostrou melhor do que o previsto. Como em julho, o indicador era de 52,8 pontos, enquanto os mercados estavam esperando sua queda para 52.
Este é o nível mais baixo dos últimos dois anos, entretanto, está acima de 50, indicando um aumento na atividade de negociação.
Na quinta-feira, também ficou claro que, conforme o modelo do Atlanta Fed, a economia americana deverá crescer 2,6% em termos anuais no terceiro trimestre, em comparação com 1,6% na estimativa anterior.
Os economistas do ING acreditam que o índice do dólar, que retomou seu ritmo acima de 109,00, atingirá o nível de 110,00 nos próximos dias.
Durante dois dias seguidos, os dados reforçaram a tese do Fed de que os EUA, embora em estado de recessão técnica, como evidenciado pelo PIB, mas a economia ainda é forte. Assim, os últimos dados podem ser um prelúdio a um sólido relatório sobre o emprego no setor não-agrícola dos EUA na sexta-feira.
"O setor industrial dos EUA continua a se desenvolver no mesmo ritmo que nos dois meses anteriores. As novas encomendas voltaram ao nível de crescimento. Em agosto, as empresas continuaram a contratar funcionários a um ritmo elevado e houve poucos sinais de demissões", observa o ISM sobre a situação.
A relutância dos traders em assumir riscos provoca a queda das ações. A taxa de câmbio do EUR/USD quebrou abaixo da paridade na quinta-feira, continuando a suportar perdas após atingir uma alta semanal de 1,0079 na quarta-feira. O euro caiu mais de 1% no dia, atingindo o nível de 0,9910. Esta é a marca mais baixa dos últimos dias.
Enquanto isso, o apoio firme do par EUR/USD está localizado em 0,9900. Espera-se que o par mantenha este nível pelo menos até a liberação da chave de dados sobre emprego no setor não-agrícola dos EUA na sexta-feira.
Um avanço da alta semanal de 1.0090 deverá levar a um crescimento adicional para 1.0202. A longo prazo, uma visão de baixa do par prevalecerá enquanto for negociado abaixo do valor de 1,0800.
Entretanto, não se esqueça do que disse a chefe da Comissão Europeia Ursula von der Leyen na cúpula da Eslovênia esta semana. Ela anunciou que Bruxelas procurará reformar o mercado de eletricidade nos primeiros meses do próximo ano.
Não está claro que forma a intervenção da UE no mercado de energia pode assumir, mas quando os políticos falam sobre sua intenção de mudar as regras, vale a pena considerar que as regras podem estar prestes a mudar. Isto vai para o "cofrinho do euro", embora não imediatamente.
O euro pode ainda apoiar sugestões que o BCE seguirá nos passos do Fed e aumentará a taxa em 75 pontos base na próxima semana.
Segundo os analistas, a recuperação do euro será provavelmente facilitada por novas posições longas e pelo fechamento de posições curtas antes da reunião do BCE, já que os funcionários europeus, por alguma razão, acreditaram repentinamente em riscos inflacionários.
"Nós não reduziríamos as posições no euro até pelo menos 8 de setembro. A relação risco-recompensa parece ruim", comentam os estrategistas.
A libra esterlina parece extremamente desfavorável após o euro e o iene japonês. Note que na quinta-feira a moeda nacional do Japão caiu abaixo do nível de 140,00 em relação ao dólar pela primeira vez desde 1998.
Quanto à libra, ela caiu para seu nível mais baixo em relação ao dólar desde o início da pandemia - após o pior mês imediatamente após o referendo Brexit em 2016. Na Inglaterra, o receio é de que a queda nos preços da energia no inverno piore tanto as expectativas de inflação quanto os temores de uma recessão profunda. O banco central do país pode ficar atrás de seus colegas no aperto da política para encontrar um meio-termo, mesmo que venda ativamente títulos do governo de sua carteira.
A cotação do GBP/USD caiu para 1.1500 e continua sob forte pressão descendente.
"Em meio a um contexto doméstico sombrio, determinado pelo aumento dos preços da energia e pela crise do custo de vida, que afeta a atividade e as perspectivas econômicas, uma maior volatilidade do mercado acionário só pode significar mais pressão sobre a libra esterlina em um sentido amplo", escrevem os analistas do Scotiabank.
Em sua opinião, não há agora um bom motivo para esperar uma melhoria significativa nas perspectivas da libra. Quase não há um apoio claro antes do mínimo de 2020, em 1.1415.
