A velocidade dos aumentos das taxas é menos importante do que a capacidade da economia de suportar o aperto monetário. Se no final de 2022 os investidores duvidaram que a zona do euro não mergulharia na recessão e estabeleceram previsões modestas para a taxa de depósito, em 2023, a situação mudou. As estimativas otimistas do BCE e da Comissão Europeia permitem esperar um aumento no custo europeu de empréstimos de até 3,5%-3,75%. Se assim for, então, após alguns problemas em fevereiro, o EURUSD poderá subir das cinzas.
Segundo o Morgan Stanley, a dinâmica do diferencial entre os rendimentos dos títulos alemães a 3 meses e o que os investidores veem em 18 meses indica que não haverá queda no bloco monetário. Em contraste, indicadores similares para os EUA e Nova Zelândia se inverteram, confirmando a ideia de uma recessão. A economia da zona do euro consegue suportar o ciclo mais agressivo de restrição monetária em décadas. Isto dá a Morgan Stanley motivos para estar otimista em relação ao euro.
Dinâmica dos diferenciais das taxas de juros na zona do euro e nos Estados Unidos
A ideia é bastante controversa. A curva de juros nos EUA há muito tempo foi investida, mas ainda não há nenhuma recessão ali. Além disso, as estatísticas de janeiro sobre emprego, vendas no varejo e produção industrial indicam não apenas que a economia está estável, mas também que ela está pronta para acelerar. No entanto, em fevereiro, tudo pode se revelar uma miragem se os dados do mês anterior forem apresentados como ruído estatístico.
Proponho esperarmos e ver o que acontece. Mas, surpresas agradáveis da economia europeia e a intenção do BCE de continuar apertando a política monetária na mesma velocidade sugerem ser inútil se livrar do euro antes do tempo. Os "touros" no EURUSD ainda vão se mostrar.
De fato, a Presidente do BCE Christine Lagarde declarou inequivocamente que a taxa de depósito em março será aumentada em mais 50 bps, após o que o Conselho do BCE avaliará as consequências das etapas anteriores e desenvolverá uma estratégia adicional. O Banco Central Europeu precisa permanecer decisivo, pois a inflação central na zona do euro não mostra sinais de desaceleração.
Dinâmica da inflação europeia
Muito provavelmente, a tendência de alta do EURUSD será restaurada. A questão é, quando exatamente? Se, seguindo os preços ao consumidor, os preços ao produtor nos EUA acelerarem, a correção pode ganhar novo impulso. Os especialistas da Bloomberg preveem uma aceleração do IPP de -0,5% para +0,4%, o indicador base - de +0,1% para +0,3% mês a mês. Parece que o Fed ainda tem muito trabalho a fazer, a taxa dos fundos federais continuará a crescer, alavancando o dólar. E somente quando o interesse desaparecer, o euro poderá recuperar o terreno perdido.
Tecnicamente, no gráfico diário do EUR/USD, uma quebra do limite inferior da faixa de valor justo 1,067–1,087 permitirá aumentar as posições curtas formadas a partir de nível 1,0705. Os pontos de pivô 1,0615, 1,0585 e 1,056 servem como alvo para o movimento descendente do principal par de moedas. Um rebote deles dará motivos para reverter.
