O par euro-dólar, na onda de outro impulso descendente ontem, caiu para a marca de 1,0760, que corresponde à borda inferior da nuvem Kumo no gráfico diário. Após atingir este alvo, a maioria dos traders garantiu seus lucros, extinguindo assim a dinâmica descendente - no momento, está sendo observada uma correção ascendente. É bastante provável que isso seja apenas uma correção: dada a evolução do cenário informativo, os ursos do EUR/USD podem tentar novamente aproveitar seu sucesso, pelo menos no contexto de uma queda para a base da 7ª cifra.
O próximo nível de suporte está localizado na marca de 1,0650 (linha Kijun-sen no gráfico semanal), cuja quebra abrirá o caminho para a principal barreira de preço em 1,0510. Neste ponto de preço, a linha inferior do indicador Bandas de Bollinger no gráfico semanal coincide com a borda superior da nuvem Kumo. Por um lado, restam mais de 200 pontos até o "ponto final" condicional. Por outro lado, o par caiu quase 250 pontos em apenas uma semana: se na última quinta-feira o par foi negociado perto das fronteiras da 10ª figura, então ontem ele atualizou sua baixa de várias semanas na marca de 1.0760. Portanto, as perspectivas de alcançar a 5ª figura são bastante reais, especialmente se os republicanos e democratas não conseguirem chegar a um acordo para aumentar o teto da dívida dos EUA em breve. E, dado as percepções recebidos, a probabilidade de tal cenário é bastante alta.
Tópico No. 1
Primeiramente, deve-se notar que a ameaça de default é o tópico No. 1 para os traders de pares de dólares. Quase todos os outros fatores fundamentais ficaram em segundo plano, com exceção, talvez, da possibilidade do Fed aumentar as taxas de juros na reunião de junho. No entanto, este fator fundamental também está do lado do dólar em meio a declarações hawkish de representantes do Fed. Ainda assim, a principal atenção dos participantes do mercado está voltada para as batalhas políticas que estão se desenrolando em Washington em torno da questão de aumentar o teto da dívida pública dos EUA.
Normalmente, esse é um procedimento de rotina, mas apenas quando os democratas (ou republicanos) controlam ambas as casas do Congresso e seu representante lidera a Casa Branca. Este alinhamento político existia, por exemplo, antes das últimas eleições de meio de mandato. Mas agora o Partido Republicano controla a Câmara dos Representantes, e os Democratas, o Senado. Portanto, o procedimento de rotina se transformou em uma confrontação política com consequências imprevisíveis.
No geral, na esfera pública, ambos os lados parecem otimistas. Na terça-feira, após mais uma rodada de negociações, o presidente dos EUA, Joe Biden, e o presidente da Câmara, Kevin McCarthy, confirmaram sua intenção de chegar a um acordo para aumentar o valor máximo da dívida federal (para $31,4 trilhões). No entanto, tal resposta não tranquilizou os investidores, já que de facto os políticos simplesmente "concordaram em negociar". Biden foi à cúpula do G7, mas cancelou sua visita à Austrália para retornar ao processo de negociação com os republicanos neste domingo (21 de maio). O próprio fato de cancelar uma visita de estado a outro país (tais eventos são planejados por meses) alarmou os participantes do mercado, pois enfatizou a seriedade da situação. Não resta muito tempo até a "hora X": em 1º de junho, o governo do país pode declarar um default em sua dívida se o Congresso não conseguir aumentar o teto da dívida.
Um informante publicado pela Reuters ontem também adicionou combustível ao fogo. De acordo com os jornalistas, existe uma "facção pequena, mas influente" no campo dos congressistas republicanos, cujos representantes alertaram que poderiam tentar bloquear qualquer acordo sobre o aumento do teto da dívida "se ele não contiver cortes significativos nos gastos federais."
Diante de tais sinais, o dólar, refúgio seguro, fortaleceu mais uma vez sua posição no mercado: o índice do dólar americano atualizou sua alta de dois meses, alcançando a marca de 103,50. Os principais pares do dólar do grupo dos "pares maiores" reagiram de acordo, refletindo o fortalecimento da moeda americana.
Federal Reserve: um aliado do Dólar
Apoio adicional para o dólar foi fornecido por alguns representantes do Fed, que admitiram a possibilidade de aumentar as taxas de juros em uma das próximas reuniões (tal suposição foi feita, em particular, por Lorie Logan e James Bullard).
As declarações mais agressivas vieram no contexto de uma queda nos principais indicadores de inflação em abril e, portanto, serviram como um sério suporte para os touros do dólar. Com base nisso, podemos concluir que o par EUR/USD estava mergulhando esta semana não apenas devido à intensificação dos sentimentos de aversão ao risco, mas também devido ao crescimento das expectativas hawkish em relação às futuras ações do Fed.
De acordo com a ferramenta CME FedWatch, agora a probabilidade de um aumento de 25 pontos na taxa ao final da reunião de junho é de quase 40%. Para comparação, deve-se notar que no início de maio, as chances de um cenário de 25 pontos eram estimadas em apenas 5% a 8%.
Conclusões:
A situação para o par EUR/USD é contraditória. Por um lado, tudo fala a favor de abrir posições curtas. A ameaça de default nos EUA está crescendo, e os representantes do Fed estão endurecendo sua retórica.
Por outro lado, entrar em vendas agora é muito arriscado: se os políticos americanos ainda encontrarem uma solução de compromisso no sábado e domingo e anunciarem uma posição consolidada, o dólar pode cair significativamente e de forma acentuada em todo o mercado. E é importante lembrar que as negociações-chave (envolvendo Biden) ocorrerão no domingo. Portanto, há uma chance de que na segunda-feira, a negociação abrirá com um gap de alta no par EUR/USD.
Assim, nas condições atuais, é aconselhável manter uma posição de espera e pelo menos ficar fora do mercado até segunda-feira.
