O dólar neozelandês está em queda livre em relação à moeda dos EUA. Em apenas algumas horas, o par caiu mais de 150 pips em resposta aos resultados da reunião de maio do Reserve Bank of New Zealand (RBNZ). Apesar do banco central ter elevado a taxa de juros em 25 pontos-base, o "kiwi" sofreu uma pressão significativa à medida que a retórica do banco central adquiriu um caráter "conclusivo". Como resultado, após uma rápida alta em direção ao nível de 0,63, o par NZD/USD recuou para o nível de suporte de 0,6100 (linha inferior das Bandas de Bollinger no gráfico diário).
Os vendedores não conseguiram superar impulsivamente essa barreira de preço, mas o sentimento de baixa ainda prevalece para o par. O dólar da Nova Zelândia perdeu hoje um importante trunfo, que o sustentava há muitos meses.
Antes da reunião de maio do Reserve Bank of New Zealand, a maioria dos especialistas estava confiante de que o banco central não manteria um ritmo agressivo de aumentos de juros e apenas aumentaria em 25 pontos básicos. Justificando sua posição, os especialistas apontaram a última divulgação da inflação, que refletiu uma desaceleração da inflação no país. O relatório saiu na "zona vermelha": o índice de preços ao consumidor no primeiro trimestre caiu para 6,7% ao ano (esse patamar foi superado apenas no quarto trimestre de 2021). Em termos trimestrais, o índice de preços no consumidor também entrou na "zona vermelha": com uma previsão de crescimento de 1,5%, caiu para 1,2% no primeiro trimestre.
Considerando tal dinâmica, o mercado estava preparado para que o RBNZ reduzisse o ritmo de alta de juros para 25 pontos base. Por exemplo, 80% dos economistas consultados pela Reuters previram um aumento de 25 pontos nas taxas.
Por um lado, o banco central da Nova Zelândia implementou o cenário básico amplamente esperado. Por outro lado, o RBNZ deixou claro que a alta de maio seria o "acorde final" do atual ciclo de aperto dos parâmetros da política monetária.
Segundo o comunicado do banco central, a taxa de juros já atingiu o pico. O RBNZ prevê que o OCR permanecerá em seu nível atual até o terceiro trimestre do próximo ano, após o qual provavelmente começará a diminuir. Além disso, o Reserve Bank previu uma recessão moderada na Nova Zelândia durante o segundo e terceiro trimestres deste ano.
Consequências da reunião de maio
Comentando sobre os resultados da reunião de maio, o chefe do Banco Central, Adrian Orr, afirmou que a inflação no país já atingiu o pico, então a tendência será de queda daqui para frente. Ele também observou que a decisão de aumentar a taxa foi "difícil" para o banco central. Essa observação também é confirmada pelo protocolo da reunião de hoje (que também foi publicado). O documento afirma que os membros do regulador consideraram a possibilidade de manter a taxa em 5,25%, mas após longas discussões, decidiram aumentá-la em 25 pontos-base. Em outras palavras, o RBNZ estava pronto para anunciar uma pausa na reunião de hoje.
É importante notar que o Banco Central da Nova Zelândia "sabe como surpreender", embora essa qualidade não caracterize o banco central de forma positiva. Uma comunicação fraca geralmente provoca maior volatilidade, agitando os mercados. No entanto, o fato permanece. Por exemplo, no verão de 2019, o regulador da Nova Zelândia abalou significativamente os mercados ao cortar inesperadamente a taxa de juros em 50 pontos-base. Naquela época, o mundo financeiro sentia os efeitos da guerra comercial entre os EUA e a China. O RBNZ foi o primeiro entre os bancos centrais dos principais países do mundo a optar pelo relaxamento da política monetária, seguido pelo Federal Reserve, BCE, RBA e outros reguladores.
Este ano, o banco central da Nova Zelândia está agindo com mais cautela. Após anunciar o fim do ciclo de aperto dos parâmetros da política monetária, ele elevou a taxa em 25 pontos base, por assim dizer, como um "analgésico". No entanto, a decisão de maio contrasta fortemente com as declarações mais aguerridas feitas na reunião de abril anterior.
Conclusões:
O contexto fundamental estabelecido contribui para o desenvolvimento contínuo da tendência de baixa. Uma retração corretiva para cima só seria possível com um enfraquecimento da moeda dos EUA. No entanto, o dólar americano se mantém bastante confiante diante da saga das negociações sobre o aumento do teto da dívida dos EUA. Portanto, é provável que o par NZD/USD continue estabelecendo novos mínimos de preço a médio prazo.
Do ponto de vista técnico, o par NZD/USD no período diário está abaixo de todas as linhas do indicador Ichimoku (incluindo a nuvem Kumo) e está atualmente testando a linha inferior das Bandas de Bollinger, correspondente ao nível de 0,6100. Os próximos alvos do movimento descendente serão os níveis de 0,6050 (linha inferior das Bandas de Bollinger no período semanal) e 0,5970 (limite inferior da nuvem Kumo no gráfico semanal).
