Dados mistos sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos não conseguiram limitar o potencial de alta do dólar americano. A moeda conseguiu superar o euro. Além disso, o dólar abriu uma nova semana de negociação em alta.
Segundo os dados do Departamento de Trabalho dos EUA, em maio, os empregos não agrícolas aumentaram em 339.000. Este é um número impressionante, uma vez que os analistas previam no máximo 190.000 empregos. Apenas no setor privado, foram criados 283.000 empregos, superando as expectativas dos analistas de apenas 165.000.
Os mercados consideram esse número excepcionalmente alto. No entanto, a taxa de desemprego nos EUA foi uma surpresa desagradável. O indicador subiu rapidamente para 3,7% em relação a 3,4% (com uma previsão de cerca de 3,5%). Segundo estimativas, a força de trabalho nos EUA aumentou em 130.000 (com uma diminuição de 310.000 no número de empregados e um aumento de 440.000 no número de desempregados).
No entanto, o ganho médio por hora aumentou 0,3% em maio em relação ao mês anterior. Isso foi menor do que o aumento esperado de 0,4%. Em outras palavras, os dados apontam para o enfraquecimento do mercado de trabalho nos EUA.
Os especialistas atribuem a contradição entre o crescimento significativo do emprego e o aumento simultâneo do desemprego ao fato de que esses indicadores são baseados em duas pesquisas diferentes. Uma diz respeito às empresas, enquanto a outra se refere às famílias, complementando-se.
Diante desse cenário, os traders estão perplexos, pois não entendem como reagir corretamente a esses dados mistos. Essa pergunta ainda não tem resposta no momento. Os dados macroeconômicos atuais impulsionaram o dólar, que aproveitou a situação e subiu, superando o euro. Na segunda-feira, 5 de junho, o par EUR/USD estava próximo de 1,0693, um nível extremamente baixo observado recentemente.
Graças aos touros, o par EUR/USD retornou brevemente ao nível de 1,0767. Em seguida, o par reverteu bruscamente, mas não conseguiu minimizar as perdas anteriores. Como resultado, a situação favoreceu os ursos, que levaram o par EUR/USD a uma baixa de 1,0710. Posteriormente, a situação se estabilizou um pouco, mas o ativo ainda estava longe das máximas anteriores.
Segundo analistas, os relatórios atuais sobre o desemprego são mais importantes para o Federal Reserve, pois o regulador os utiliza para tomar decisões sobre as taxas de juros. Nesse contexto, os traders deixaram de precificar um aumento de juros pelo Federal Reserve em junho. Assim, a probabilidade de um aumento de juros caiu para 28% em relação aos anteriores 65%.
De acordo com estimativas, uma possível pausa nos aumentos de juros do Federal Reserve terá um impacto negativo sobre o dólar. Anteriormente, Patrick Harker, presidente do Federal Reserve Bank da Filadélfia, afirmou que o regulador deveria pular pelo menos um aumento de juros em junho. Vale ressaltar que P. Harker adota uma postura dovish e já havia sugerido algo semelhante anteriormente.
No entanto, a decisão do Federal Reserve será influenciada pelos dados macroeconômicos atuais, que demonstram que a demanda por mão de obra na economia dos Estados Unidos permanece alta, especialmente no setor de serviços. Estimativas revelam que o mercado de trabalho nos Estados Unidos continua aquecido. Enquanto isso, a inflação subjacente continua suficientemente alta e sua queda está mais lenta do que o esperado pelo Federal Reserve. Esse é um argumento importante a favor de um aumento adicional na taxa na próxima reunião agendada para 13 e 14 de junho.
Segundo Christoph Balz, economista sênior do Commerzbank, os relatórios recentes não apenas mostram um aumento no número de empregos, mas também indicam um resfriamento do mercado de trabalho. Isso permitirá que o Federal Reserve mantenha sua abordagem na próxima reunião. No entanto, os membros do FOMC podem pausar os aumentos de taxa. Balz acrescentou que o regulador avaliará todos os eventos e apertará sua política monetária, se necessário.
Recentemente, muitos membros do Federal Reserve apoiam a ideia de pausar os aumentos de taxa. A viabilidade desse passo será discutida na reunião de junho. Essa medida é necessária para avaliar o impacto retardado na economia dos Estados Unidos e na inflação.
Atualmente, os participantes do mercado consideram esse cenário como o principal (com uma probabilidade de até 70%). Uma alternativa é um aumento de 25 pontos-base para 5,25%-5,5%. No entanto, se o Federal Reserve mantiver a taxa inalterada, a probabilidade de aumento de taxa em julho aumenta. Atualmente, os mercados entende que este cenário como o mais provável (50% a favor, o restante é contra ou indeciso). Vale ressaltar que, um mês antes, investidores e analistas esperavam um corte de taxa pelo Federal Reserve em julho.
Ao mesmo tempo, as chances de um aumento na taxa de juros em junho permanecem baixas. Nesse contexto, os especialistas estão preocupados com o enfraquecimento adicional do dólar. Os dados macroeconômicos atuais indicam que o Federal Reserve não elevará as taxas no primeiro mês do verão. Isso é um sinal fundamental importante para os principais traders que estão apostando contra o dólar. Em um futuro próximo, o par EUR/USD pode se recuperar do patamar alcançado após a publicação dos dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos.
Os analistas são otimistas em relação às perspectivas de curto e médio prazo do par EUR/USD. Eles antecipam uma tendência de alta para o par, com o próximo alvo em 1,1000. Se o par ultrapassar a barreira em 1,0700, o fortalecimento do dólar que começou em maio continuará.
