No pregão de ontem, o dólar americano caiu quase 0,1%, fechando em 102,80.
Na segunda-feira, o dólar continuou sua trajetória de queda, caindo das máximas da semana passada, perto de 103,10.
Com o dólar americano perdendo seu impulso positivo, o EUR/USD estendeu sua recuperação de sexta-feira dos níveis mais baixos de meados de junho, perto de 1,0850, ultrapassando a marca de 1,0900.
Os touros do euro estão determinados a manter seu impulso ascendente.
Hoje, o dólar permanece na defensiva, caindo para 102,30, com o mercado testemunhando uma mudança favorável no apetite ao risco.
Os futuros do S&P 500 estão sendo negociados em território positivo, ganhando cerca de 0,4%. Enquanto isso, o EUR/USD permanece firmemente no verde, com sua visão voltada para o próximo nível psicológico de 1,1000.
O sentimento do mercado recebeu um impulso da China, onde teve início a Reunião Anual dos Novos Campeões do Fórum Econômico Mundial, coloquialmente chamada de "Davos de Verão".
Durante a cerimônia de abertura do evento, o primeiro-ministro chinês, Li Qian, afirmou que o crescimento econômico do país no segundo trimestre deve superar o do primeiro trimestre, demonstrando progresso no sentido de atingir uma taxa anual de 5%.
Simultaneamente, a Presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, fez seu discurso principal no fórum anual de bancos centrais do BCE, que está sendo realizado em Portugal.
Lagarde enfatizou o compromisso do BCE em atingir sua meta de inflação de 2%, declarando inequivocamente que as taxas de juros serão mantidas em níveis adequadamente restritivos pelo tempo que for necessário.
A postura hawkish de Lagarde proporcionou um apoio adicional ao euro, permitindo que ele ganhasse uma vantagem sobre a moeda americana.
Os estrategistas do Natixis acreditam que o EUR/USD continuará sua trajetória ascendente ao longo da segunda metade do ano.
Eles citam vários fatores que apóiam sua posição de alta. Em primeiro lugar, eles preveem um enfraquecimento cíclico do dólar, com a economia dos EUA pronta para potencialmente entrar em recessão em meio a um aperto significativo das condições de empréstimo.
Além disso, como a inflação dos EUA continua a desacelerar, é provável que as expectativas de cortes nas taxas do Federal Reserve ressurjam, colocando mais pressão sobre o dólar.
Em segundo lugar, de acordo com os analistas do Natixis, o BCE persistirá com suas políticas restritivas, diminuindo a diferença entre as taxas de juros dos Estados Unidos e da zona do euro.
Em terceiro lugar, espera-se que a esperada recuperação econômica na China forneça um impulso para a economia europeia e, consequentemente, para o EUR/USD.
O retorno de um superávit substancial em conta corrente na Europa, sem as saídas de capital que o acompanham, também deve reforçar as perspectivas de médio prazo do euro, previram os especialistas do banco.
Com base em suas projeções, espera-se que o EUR/USD atinja 1,1400 em dezembro de 2023.
Os economistas do HSBC também estão otimistas com relação às perspectivas do euro. Eles acreditam que as políticas divergentes dos bancos centrais de ambos os lados do Atlântico devem fazer com que o euro suba em relação ao dólar dos EUA nos próximos meses.
"Esperamos que o BCE realize mais dois aumentos de 25 bps nas taxas até o verão, contra apenas mais um aumento de 25 bps pelo Fed (embora com riscos de alta). Dessa forma, o equilíbrio dos riscos de uma dinâmica de taxa de curto prazo deve continuar a apoiar o euro no curto prazo", afirmaram.
"Além das avaliações de curto prazo das decisões dos bancos centrais de reunião a reunião, acreditamos haver razões estruturais para mais força do euro no futuro. A mudança mais ampla do BCE para o território de taxas nominais positivas e em direção ao Quantitative Tightening (QT) (aperto quantitativo) levou a uma mudança subjacente maior na dinâmica do fluxo de portfólio. No ano passado, houve fluxos notáveis de títulos e ações, que provavelmente não se reverterão tão cedo e que devem ser positivos para o euro", acrescentaram os economistas do HSBC.
Os estrategistas do Nomura têm uma opinião semelhante.
Eles preveem que o euro continuará a se fortalecer em relação ao dólar dos EUA no segundo semestre deste ano, sugerindo que o pior já pode ter passado para a economia da zona do euro.
Eles observaram que a situação atual dos dados da UE raramente foi pior do que agora.
O índice composto de atividade comercial na zona do euro ficou em 50,3 pontos em junho. Isso indica que a economia do bloco monetário está oscilando à beira da recessão.
Os analistas da Nomura acreditam que as condições comerciais na Zona do Euro melhoraram significativamente em comparação com o ano anterior. Eles prevem que essa melhora continuará a dar apoio ao EUR.
Eles também observaram que os preços da energia devem permanecer baixos ou diminuir devido à desaceleração econômica global. É provável que isso reforce as condições comerciais favoráveis na zona do euro.
Os economistas do Nomura esperam que o sentimento do mercado se fortaleça no segundo semestre de 2023, em meio às crescentes expectativas de que o Federal Reserve corte as taxas de juros em 2024. Eles argumentam que essas expectativas contribuirão para o crescimento do EUR/USD.
O estrategista da Nomura, Jordan Rochester, observou que, com o Fed introduzindo o "pulo" e a inflação nos EUA caindo de forma convincente, é possível considerar uma aposta em um Fed hawkish (que tem uma postura mais rígida em relação à política monetária), o que poderia resultar em um EUR/USD mais fraco.
O Nomura prevê que o EUR/USD chegará a 1,1200 até o final de agosto, seguido por um novo impulso de alta em direção a 1,1600.
Possíveis fatores negativos para o EUR
Os analistas do Morgan Stanley apontaram que vários riscos potenciais no horizonte estão mantendo os investidores nervosos. Eles argumentam que o dólar pode servir como um ativo conveniente no futuro.
Eles aformaram que há muitos riscos potenciais no horizonte para manter os investidores preocupados; volatilidade do setor bancário, riscos geopolíticos e inflação instável, só para citar alguns. Como as perspectivas de investimento permanecem incertas, o dólar norte-americano é um ativo útil para manter no portfólio como um hedge de seguro de transporte positivo.
Eles também acrescentaram que acreditam que o dólar americano continuará a se valorizar, subindo cerca de 5% ou mais até o final do ano. É provável que os bancos centrais mantenham o pé no freio para combater a inflação. E, ao fazer isso, é provável que o crescimento permaneça anêmico, com riscos inclinados para o lado negativo", acrescentaram.
O banco prevê que o EUR/USD cairá para 1,0200 até o final do ano, impulsionado pelo sentimento defensivo dos investidores e pelo crescimento econômico lento da zona do euro.
O Morgan Stanley agora espera que o Federal Reserve aumente as taxas de juros em sua reunião de julho.
Agora, os estrategistas fo banco acreditam que a barreira para um aumento em julho é significativamente menor do que esperávamos inicialmente.
Eles observaram que o presidente do Fed, Jay Powell, havia claramente observado que apoiava aumentos das taxas entre outros membros do FOMC.
De acordo com a ferramenta FedWatch da CME, aproximadamente 80% dos traders esperam que o Fed aumente a taxa básica de juros em 25 pontos-base em julho, mas a trajetória futura das taxas de juros nos EUA continua menos clara.
J.Powell disse que eles estão comprometidos em manter a inflação sob controle e a grande maioria do comitê acredita que estamos perto disso, mas ainda falta um pouco para aumentar as taxas.
Na sexta-feira, serão divulgados os dados do núcleo das Despesas de Consumo Pessoal (PCE) de maio, o indicador de inflação preferido do Fed.
A expectativa é de um aumento de 0,4% no mês de maio, igual ao do mês anterior.
Se o núcleo do PCE superar as expectativas, isso poderá desencadear uma recuperação do dólar e enfraquecer o EUR/USD.
Entretanto, no mesmo dia, serão divulgados os dados do IPC da zona do euro para junho. As previsões sugerem que o núcleo da inflação aumentará para 0,7% no mês, após um aumento de 0,2% em maio.
Os representantes do BCE afirmam que a batalha contra a inflação está longe de terminar, mas o mercado acredita que a desaceleração econômica da zona do euro dá ao banco central um bom motivo para reconsiderar o tamanho dos novos aumentos das taxas.
Os analistas do Commerzbank apontam que é provável que a inflação tenha um impacto maior sobre as decisões políticas do BCE do que a situação da economia.
Eles ainda disseram que há preocupações de que o núcleo da inflação continue teimoso. Nesse contexto, é provável que seja prematuro, do ponto de vista do mercado, apostar em uma pausa iminente no ciclo de taxas do BCE nesta fase. Por essa razão, os dados podem dar suporte ao euro nesta semana.
A postura explicitamente hawkish do BCE, sem pausar nem estender os aumentos das taxas, contrasta com a posição do Fed, que deve apoiar o euro, de acordo com o Scotiabank.
A presidente do BCE, Lagarde, discursou no fórum de políticas do banco central mais cedo e reiterou uma perspectiva hawkish para as taxas, observando que - salvo qualquer mudança importante - o banco voltará a apertar as taxas em julho e que era improvável que os formuladores de políticas pudessem "afirmar com total confiança que as taxas máximas foram atingidas" tão cedo. Analistas do banco observam que a porta está sendo claramente deixada propositalmente aberta para que o ciclo de taxas se estenda além de julho.
Os analistas do Scotiabank acrescentaram que a semelhança do crescimento do euro com uma recuperação das baixas da semana anterior, juntamente com o fato notável de que o declínio do euro foi mantido pelo apoio da média móvel de 40 dias em $1,0845, significa a continuação de uma tendência ascendente mais ampla. Eles afirmaram ainda que, se o euro conseguir ultrapassar a resistência menor perto de 1,0950, há potencial para um maior movimento ascendente em direção à área de 1,1000.
