O par euro-dólar caiu acentuadamente no início da nova semana de negociações. Os traders retornaram à área de 1,10, estabelecendo simultaneamente uma baixa de preço de quase duas semanas. Essa dinâmica de preços se deve principalmente aos fracos índices PMI. Os participantes do mercado reagiram fortemente à divulgação, considerando a aproximação da reunião do BCE, cujos resultados serão conhecidos nesta quinta-feira. Além disso, o mercado está testemunhando um aumento nos sentimentos de risco em meio a dados decepcionantes sobre o crescimento econômico da China.
O atual cenário fundamental permitiu que os vendedores do EUR/USD saíssem da faixa de preços de 1,1150-1,1250, na qual foram negociados por várias semanas. O par pode agora se aproximar do importante nível de suporte em 1,1020 (a linha média do indicador das Bandas de Bollinger no gráfico diário), embora precise superar a barreira de preço em 1,1050 (a linha Kijun-sen no mesmo período) para fazer isso. No entanto, falar sobre quaisquer movimentos estáveis de preços neste momento seria impraticável, já que os investidores estão enfrentando "testes" cruciais à frente, cujos resultados podem reformular significativamente o quadro fundamental.
Dados ruins do PMI
A divulgação acabou por ser totalmente decepcionante: todos os componentes estavam na zona vermelha, pois ficaram abaixo dos níveis previstos. Os números publicados ilustraram vividamente os sentimentos predominantes no ambiente de negócios europeu. O euro mais uma vez demonstrou sua vulnerabilidade, lembrando aos investidores do EUR/USD que o Banco Central Europeu tem o poder de afundar ou "reanimar" o euro.
Os índices PMI refletiram um pessimismo crescente tanto no setor industrial quanto no setor de serviços. Hoje recebemos dados preliminares de julho, o que permite tirar algumas conclusões sobre a dinâmica de indicadores macroeconômicos mais "pesados".
O índice de atividade comercial do setor manufatureiro alemão foi o que mais surpreendeu (desagradavelmente), despencando para 38,8 pontos - o resultado mais fraco desde maio de 2020, quando o mundo estava sob o domínio da crise do coronavírus. O indicador tem estado abaixo da marca-chave de 50 pontos por 13 meses consecutivos e vem caindo ativamente nos últimos três meses. O índice de atividade comercial no setor de serviços alemão continua se mantendo acima da meta de 50 pontos, mas também demonstra uma dinâmica negativa - em julho, atingiu 52 pontos (previsão de aumento para 53,2 pontos). Pelo segundo mês consecutivo o indicador vem diminuindo.
O índice de atividade comercial do setor industrial francês também atingiu uma baixa de vários meses, caindo para 44,5 pontos (previsão de aumento para 48 pontos), o resultado mais fraco desde maio de 2020. A situação não é melhor no setor de serviços: em julho, o índice ficou em 47,4 pontos, o nível mais baixo desde março de 2021. O indicador vem caindo consistentemente pelo terceiro mês consecutivo.
O PMI industrial da zona do euro também entrou na zona vermelha, caindo para 42,7 (o pior resultado desde junho de 2020). O indicador demonstra uma tendência de queda pelo sexto mês consecutivo. O PMI de serviços parece "um pouco" melhor, mas também há uma trajetória descendente. Já o índice permanece acima da meta de 50 pontos (o resultado de julho é 51,1), mas vem caindo pelo terceiro mês consecutivo.
Consequências da divulgação
Um resultado tão eloquente decepcionou os investidores do EUR/USD. Os fracos índices PMI, publicados antes da reunião de julho do BCE, enfraqueceram as expectativas hawkish em relação a novas ações do regulador europeu. Não há dúvidas sobre os resultados formais da reunião de julho: ninguém questiona que o Banco Central aumentará as taxas de juros em 25 pontos base na quinta-feira. No entanto, a divulgação de hoje pode suavizar a retórica do BCE em relação às perspectivas de um maior aperto da política monetária. De acordo com os estrategistas cambiais do grupo financeiro ING, é provável que o Banco Central Europeu "demonstre uma disposição não muito sincera de apoiar a ideia do próximo aumento da taxa em setembro". Em outras palavras, o BCE pode questionar outras medidas para apertar a política monetária, pressionando assim o euro.
Sem dúvida, há riscos associados a esse cenário (e esses riscos aumentaram após a divulgação de hoje). Entretanto, o cenário base ainda pressupõe a manutenção de uma postura hawkish por parte do BCE. A razão para isso é a inflação, permanece em um nível inaceitavelmente alto. Lembrando que, de acordo com os dados revisados da semana passada, o núcleo do índice de preços ao consumidor na zona do euro subiu para 5,5% (a estimativa inicial é de 5,4%). O HICP mostra uma "teimosia" especial, o que causa uma preocupação justificada para o Banco Central Europeu. Considerando essas tendências, não se deve esperar um abrandamento significativo das declarações do BCE.
No entanto, no "momento", a publicação de hoje pressionou o euro, permitindo que o EUR/USD voltasse para a área de 1,10. Podemos considerar a possibilidade de venda nas condições atuais? Na minha opinião, não. Pelo menos até que os vendedores se estabeleçam abaixo do nível de suporte de 1,1020 (a linha média das Bandas de Bollinger no gráfico diário). Nesse caso, o indicador Ichimoku formará um sinal de "cruz da morte", em que as linhas Tenkan-sen e Kijun-sen no gráfico diário estarão acima do preço, e a nuvem Kumo estará abaixo dele. Essa configuração indicará a prioridade das posições de venda.
Mas, por enquanto, a situação permanece em um estado suspenso. Os vendedores não conseguiram superar impulsivamente nem mesmo o nível de resistência intermediário de 1,1050 (a linha Kijun-sen no D1). Portanto, no momento, é aconselhável assumir uma posição de esperar para ver o par.
