O par de moedas AUD/USD atingiu um mínimo de dois meses ontem, marcando 0,6517. A dinâmica de baixa do par se deve ao fortalecimento simultâneo do dólar e ao enfraquecimento do dólar australiano, que reagiu desfavoravelmente aos resultados da reunião de agosto do RBA. Essa situação permitiu que os ursos do AUD/USD se consolidassem cerca da marca de 65 dígitos. O par estava se dirigindo com confiança para o nível de suporte principal em 0,6510 (a linha inferior do indicador das Bandas de Bollinger no período W1), cuja quebra abriria o caminho para os vendedores em direção à área de 63-64 dígitos. No entanto, após ultrapassar a barreira de preço em 0,6530 (a linha inferior daws Bandas de Bollinger no gráfico diário), o impulso descendente começou a se dissipar: os traders não estavam dispostos a manter posições curtas cerca dos preços mínimos de dois meses antes daq publicação doNFP.
No entanto, o sentimento em relação ao par permanece de baixa. Não é possível descartar a repetição de um "movimento de baixa" em direção ao nível de suporte em 0,6510 - tal cenário é bastante provável, considerando o histórico fundamental estabelecido.
RBA desferiu um golpe no Aussie
O que desencadeou a grande queda no preço do AUD/USD foi a reunião de agosto do Banco da Reserva da Austrália. A maioria dos especialistas previu um aumento de 25 pontos base na taxa de juros, mas o regulador decidiu manter o status quo, afirmando que as decisões anteriores de apertar a política monetária contribuíram para esfriar a demanda. Ao mesmo tempo, o banco central alertou mais uma vez que poderia ser necessário "algum aperto na política monetária" para conter a inflação. O Banco Central fez uma declaração semelhante durante a reunião de julho (quando o RBA também deixou a taxa inalterada), mas, dessa vez, isso não afetou os investidores do AUD/USD. O aviso sobre outra (possível) rodada de aumentos das taxas, por assim dizer, tornou-se mais formalizado e adquiriu um caráter rotineiro.
Entretanto, de acordo com alguns especialistas, o Reserve Bank pode, de fato, recorrer a um aumento adicional da taxa. Em particular, os analistas do ING sugeriram que o RBA dará outro passo no sentido de apertar a política monetária em uma das reuniões de outono - em setembro ou outubro. Entretanto, os especialistas associam essa decisão à dinâmica do crescimento da inflação, enquanto os últimos dados de crescimento da inflação refletiram um movimento descendente nos principais indicadores. Por exemplo, o Índice de Preços ao Consumidor atingiu 5,4% em junho (um mínimo anual). No segundo trimestre, o IPC desacelerou para 0,8% (previsão de queda para 1,0% após aumento de 1,4% no primeiro trimestre), a taxa de crescimento mais lenta desde 2021. Se os indicadores de inflação demonstrarem uma tendência semelhante em julho, a probabilidade de um aumento da taxa em setembro será mínima.
Resfriamento econômico
É importante observar que o Reserve Bank of Australia (RBA) tem expressado preocupação crescente com o esfriamento da economia nacional ultimamente. Esse é outro argumento a favor de que o RBA mantenha uma posição de esperar para ver nas próximas reuniões. Na sexta-feira passada, o órgão regulador publicou sua declaração trimestral sobre a política monetária, na qual reduziu suas previsões de crescimento para o ano corrente. A previsão do PIB para o final de 2023 foi de 0,9%, para o final do próximo ano de 1,6% e para o final de 2025 de 2,3%. A previsão de inflação também foi revisada para baixo. A previsão para a China também foi revisada para baixo - o banco central registrou riscos de queda nos preços de exportação. De acordo com uma pesquisa da Caixin conduzida pela S&P Global, a atividade fabril na China começou a se contrair (pela primeira vez nos últimos quatro meses). O Índice de Gerentes de Compras (PMI) do setor manufatureiro da China caiu para 49,2 pontos, embora a maioria dos especialistas tenha previsto um crescimento para 50,3.
Pressão adicional sobre o Aussie veio dos dados de vendas no varejo de quinta-feira. O volume do comércio varejista em junho diminuiu 0,8% - pela primeira vez desde dezembro de 2022, o indicador entrou em território negativo. Também foi relatado que o superávit da balança comercial diminuiu para 11,321 milhões (em comparação com 11,791 milhões no mês anterior) contra a previsão de 11,000 milhões. A estrutura da divulgação indica que as exportações em junho diminuíram 2,0% após um aumento de 4% no mês anterior. As importações caíram 4,0% depois de um aumento de 2% no mês anterior.
Todos os fatores fundamentais mencionados acima pressionam a moeda australiana.
Por sua vez, o dólar dos E.U.A. teve um aumento na demanda como ativo porto-seguro nesta semana, depois que a Fitch rebaixou a classificação de inadimplência de longo prazo do emissor dos Estados Unidos de AAA para AA+. Entre os motivos para essa decisão estavam a piora dos indicadores orçamentários e o aumento da dívida pública. Na esteira do aumento do sentimento de aversão ao risco, o dólar se fortaleceu em todo o mercado.
É provável que os ursos do AUD/USD não tenham esgotado seu potencial. Se os dados de hoje das folhas de pagamento não-agrícolas (NFP)forem divulgados pelo menos no nível previsto, a moeda americana pode voltar a se fazer presente, inclusive no par AUD/USD.
A análise técnica confirma o mesmo. Em todos os períodos "superiores" (de 4 horas e acima), o par está posicionado entre as linhas média e inferior do indicador de Bandas de Bollinger, indicando uma tendência de baixa. Nos períodos de tempo D1 e W1, o indicador Ichimoku formou um sinal de baixa "Parade of Lines". Esse sinal também indica sentimentos de baixa. O nível de suporte significativo mais próximo está na linha inferior das Bandas de Bollinger no gráfico semanal - em 0,6510.
