Apesar do duplo golpe proveniente das ações do Banco da Inglaterra e do relatório do mercado de trabalho dos EUA de agosto, a libra esterlina conseguiu resistir aos ataques do dólar. A estratégia de compra do GBP/USD em caso de um retorno acima de 1,2615 está trazendo resultados positivos e é provável que continue assim. Em meio a várias turbulências que afetam o par, a disciplina é crucial. Eventualmente, os ciclos se completam, então, há realmente necessidade de se preocupar?
Por um longo período, os investidores tiveram dificuldade em compreender por que a libra esterlina, apesar de ter uma economia aparentemente mais fraca entre os países do G7, está competindo pelo título de melhor desempenho do ano entre as principais moedas. Ela está ativamente disputando a liderança com o franco suíço. Seria culpa do aperto agressivo da política monetária do Banco da Inglaterra? No entanto, o Fed também aumentou as taxas de forma igualmente agressiva.
Os dados mais recentes do Office for National Statistics trouxeram uma pista esclarecedora. Eles revelam que a economia do Reino Unido retornou ao seu nível pré-pandêmico no final de 2021. O crescimento econômico no Reino Unido está seguindo o mesmo ritmo que na França, até superando a Alemanha. Não é surpreendente que os especialistas da Consensus Economics tenham continuamente revisado para cima suas previsões para o PIB do Reino Unido em 2023.
Dinâmica das Previsões para o PIB do Reino Unido.
No entanto, é importante lembrar que qualquer otimismo tem seus limites. A inflação no Reino Unido ainda se encontra em patamares elevados, superando os índices dos Estados Unidos e da zona do euro. Além disso, a política do Banco da Inglaterra (BoE), apesar de ser uma das mais agressivas em termos de aperto monetário em décadas, parece ter uma eficácia inferior à do Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos. A questão crucial é como o BoE lidará com essa alta de preços.
O economista-chefe do Banco da Inglaterra, Huw Pill, tentou abordar essa pergunta. Ele sugere que existem dois caminhos possíveis para combater a inflação. Um deles envolve um aumento acentuado na taxa de recompra, seguido por uma redução igualmente intensa. A outra abordagem é evitar extremos, mantendo a taxa de juros em 5,25% e sustentando-a nesse patamar por um período prolongado.
Pill expressa apoio pela segunda abordagem. Em sua visão, manter a taxa de recompra em um nível elevado eventualmente levará a uma volta da inflação à meta de 2% até 2025. Por outro lado, o mercado de futuros está prevendo que a taxa de recompra suba para 5,75%, com uma posterior redução para 4,25% até 2025.
Dinâmica da Taxa de Recompra e Opções para Sua Alteração
Teoricamente, a falta de um aperto adicional na política monetária do Banco da Inglaterra deveria resultar em uma queda nas cotações do GBP/USD. No entanto, na prática, as coisas podem se desenrolar de maneira diferente. Após o relatório do mercado de trabalho dos EUA, os derivativos não estão apostando em um aumento da taxa de fundos federais para 5,75%. Se tanto Londres quanto Washington continuarem a se manter à margem, a previsão de um movimento de queda para o par em análise se torna menos certa.
Do ponto de vista técnico, os touros do GBP/USD tentaram explorar o um rompimento falso (fakeout), mas testar o valor justo de 1,272 provou ser um desafio insuperável. No entanto, os compradores não estão desanimados. Ao retestar as resistências em 1,2685 e 1,272, os investidores terão a oportunidade de reforçar suas posições longas, iniciadas a partir do nível 1,2615."
