O par de moedas GBP/USD está preso em uma tendência lateral. Desde meados de dezembro do ano passado, o par tem sido negociado dentro do corredor de preços de 1,2610 - 1,2780, ou seja, entre os limites inferior e superior do indicador de Bandas de Bollinger no gráfico diário. A faixa é ampla o suficiente, dando aos traders "espaço para manobra".
Mas, se olharmos para o período semanal do GBP/USD, veremos quase uma linha contínua - compradores e vendedores alternadamente tomam a iniciativa, mas o par está essencialmente marcando passo. Afinal, para o desenvolvimento de uma tendência de baixa, os ursos precisam pelo menos se consolidar abaixo do alvo de 1.2570 (o limite superior da nuvem Kumo no D1), enquanto para o desenvolvimento de um movimento ascendente, é necessário uma quebra na figura 28. Mas os traders estão mostrando indecisão, bloqueando lucros à medida que se aproximam do limite inferior/superior da faixa.
Este cenário é parcialmente devido ao comportamento incerto da moeda americana. O Índice do Dólar dos EUA mostrou uma dinâmica ascendente no início deste ano em meio a expectativas dovish enfraquecidas em relação às futuras ações do Federal Reserve, então o impulso ascendente enfraqueceu. O dólar também ficou preso em uma tendência lateral, aguardando a próxima notícia significativa. Neste contexto, os próximos dias serão cruciais para a moeda americana. Na quinta-feira, serão publicados dados-chave sobre o crescimento do PIB dos EUA, e na sexta-feira, espera-se o índice de despesas de consumo pessoal (PCE) núcleo, o indicador de inflação mais importante para o Fed. Se esses relatórios, por assim dizer, "ressoarem", o dólar pode fortalecer significativamente suas posições ou, inversamente, voltar a estar sob pressão.
Segundo a maioria dos especialistas, a economia americana cresceu apenas 2,0% no quarto trimestre do ano passado, após um aumento de 4,9% no terceiro trimestre. Quanto ao índice de PCE núcleo, espera-se uma queda para 3,0% ao ano — este é o valor mais baixo do indicador desde março de 2021. Se ambos os indicadores acabarem na "zona vermelha", a probabilidade de um corte na taxa de juros na reunião de março do Fed aumentará novamente, e o dólar enfraquecerá correspondente em todo o mercado.
No entanto, um cenário alternativo também é possível, no qual o índice de despesas de consumo pessoal em dezembro acelera (após quatro meses consecutivos de declínio) e o PIB dos EUA no quarto trimestre excede o consenso das previsões. Neste caso, os falcões do Fed serão revitalizados e a probabilidade de um afrouxamento da política em março diminuirá para 25 - 20% (atualmente, esta probabilidade é de 42%, segundo a ferramenta CME FedWatch).
Considerando tal bifurcação de eventos, a cautela dos traders do GBP/USD parece bastante justificada. Especialmente porque a moeda britânica também aguarda seu "teste". Em 1º de fevereiro, acontecerá a primeira reunião do ano do Banco da Inglaterra. Segundo a esmagadora maioria dos analistas, o regulador manterá as coisas como são após esta reunião. Por exemplo, todos os 70 economistas entrevistados pela Reuters expressaram confiança de que o banco central deixará a taxa básica inalterada em 5,25%. Não há intriga aqui.
Mas permanece a intriga em relação às futuras ações do regulador inglês. Por exemplo, quase metade – 38 de 70 – dos economistas entrevistados sugeriu que o primeiro corte na taxa de juros ocorrerá no segundo trimestre deste ano. O restante acredita que o Banco da Inglaterra permanecerá em "terreno estável", como Andrew Bailey colocou, até o meio do verão ou mesmo o outono. Analistas do JP Morgan também preveem o mesmo, estimando que o primeiro passo do banco central em direção ao afrouxamento da política monetária será em agosto deste ano. Aqui, realmente há intriga, já que o último relatório de inflação não favorece um sentimento mais favorável as políticas mais brandas "dovish".
Lembre-se de que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) geral no Reino Unido em dezembro foi de 0,4%, contra uma previsão de crescimento de 0,2% (o resultado mais forte desde setembro do ano passado). Em termos anuais, o CPI geral também acabou na "zona verde", subindo para 4,0% (contra uma previsão de queda para 3,8%). O Índice de Preços ao Consumidor Núcleo permaneceu no nível de novembro (5,1%), enquanto a maioria dos analistas esperava que estivesse em 4,9%. O Índice de Preços no Varejo (usado pelos empregadores britânicos ao discutir a "questão salarial") cresceu em termos mensais para 0,5% (a previsão é 0,4%) e anualmente para 5,2% (a previsão é 5,1%). Como o Banco da Inglaterra interpretará esse lançamento é uma questão em aberto.
Assim, a libra e o dólar estão na expectativa de testes importantes. Nessas condições, discutir as perspectivas de desenvolvimento de um cenário de baixa/alta não é aplicável. Por exemplo, o dólar pode reagir positivamente à dinâmica de crescimento na economia americana, mas no dia seguinte estar sob forte pressão se o índice de PCE núcleo ficar abaixo da marca de três por cento. A libra seguirá o dólar ao longo desses dias, enquanto na próxima semana, o tom dos negócios será definido pelo Federal Reserve e pelo Banco da Inglaterra (o Fed resumirá os resultados da reunião de janeiro no dia 31 e o regulador inglês no dia seguinte).
Dada a importância dos eventos da próxima semana, é provável que o par negocie no intervalo estabelecido, ou seja, no corredor de 1,2610 – 1,2780. Se os relatórios americanos se mostrarem desfavoráveis para o dólar, os compradores subirão para o limite superior (e possivelmente até testarão a figura 28). No caso oposto, o preço pode cair para a base da figura 26, e talvez testar o nível de preço 25. Mas em termos do desenvolvimento de um cenário de baixa/alta, os "árbitros" serão os bancos centrais, que anunciarão seus vereditos na próxima semana. Agora, é sensato para o par manter uma posição de espera: tanto a compra quanto a venda de GBP/USD são pouco confiáveis.
