A tendência de alta está em pausa. Apesar do crescimento impulsivo do preço observado na semana passada, os compradores de EUR/USD não conseguiram consolidar acima da faixa de 1,0900. Ontem, o par tentou subir novamente, alcançando 1,0923, uma máxima de quase quatro meses, mas os vendedores assumiram o controle, puxando o preço de volta para a faixa de 1,0800.
Discutiremos as razões para esse fracasso na próxima seção, mas primeiro, é relevante notar que esta não foi a primeira tentativa de superar a marca de 1,0900. Olhando para o gráfico mensal, podemos ver que o par vem tentando regularmente alcançar esse nível de preço desde março. Em abril, os compradores de EUR/USD até conseguiram atingir 1,1031, mas foram derrotados quando abril fechou em 1,0666.
Em resumo, os traders têm tentado manter-se acima do nível de 1,0900 desde o início da primavera, mas repetidamente recuam para a faixa de 1,0600-1,0800. Portanto, o "precedente de julho" não representa um novo cenário, mas apenas mais uma tentativa em uma série prolongada de esforços semelhantes.
Por que os compradores de EUR/USD estão perdendo suas posições agora? Por duas razões principais: o aumento do sentimento anti-risco e a indecisão de Jerome Powell. Além disso, os traders estão relutantes em abrir posições longas antes da reunião do BCE em julho, cujos resultados serão anunciados na quinta-feira. Esses fatores fundamentais combinados estão impedindo que os compradores consolidem sua posição com confiança na faixa de 1,0900 e avancem para testar o nível chave de resistência em 1,1000.
Ontem, o presidente do Fed, Jerome Powell, discursou no Economic Club de Washington, abordando os últimos dados de inflação. Todos os seus discursos anteriores (no Fórum de Sintra e no Congresso) ocorreram antes da publicação de relatórios-chave que indicaram uma desaceleração no CPI e um aumento no PPI. Após essas publicações, o mercado chegou independentemente à conclusão de que o Fed provavelmente reduzirá a taxa de juros em setembro (com a probabilidade desse cenário subindo para 95%) e poderá reduzi-la novamente na última reunião do ano, em dezembro.
No entanto, Jerome Powell decepcionou os defensores de tal cenário "dovish", ele se recusou a confirmar até mesmo o corte de taxa em setembro. Powell afirmou que os últimos dados macroeconômicos de certa forma fortalecem a confiança de que a inflação está se movendo em direção ao nível-alvo. Essa confiança, observou Powell, sugere que o Fed começará em breve a reduzir a taxa de juros.
Em outras palavras, o presidente do Fed não descartou a flexibilização da política monetária este ano, mas não anunciou um corte de taxa no início do outono. Quando questionado diretamente sobre as perspectivas de setembro, ele respondeu que o Fed tomará decisões de reunião em reunião, com base nos dados recebidos e nos riscos gerais.
Powell disse que não está pronto para dar quaisquer sinais sobre uma reunião específica que se aproxima.
Naturalmente, a questão de outro corte de taxa, após um possível em setembro, foi deixada de lado.
Vale ressaltar que as palavras de Powell não descartam um corte de taxa em setembro. Além disso, ele reconheceu que esperar a inflação retornar diretamente ao nível-alvo de 2% significaria "uma recusa muito longa em aliviar a política".
Portanto, as perspectivas para setembro permanecem relevantes. Segundo a ferramenta CME FedWatch, a probabilidade de um corte de 25 pontos-base na taxa é atualmente de 88%, enquanto a probabilidade de um corte de 50 pontos-base é de 12%.
Ao mesmo tempo, a retórica cautelosa de Powell levantou dúvidas sobre um corte de taxa em dezembro. Apesar de o mercado estar discutindo ativamente esse tópico, seguindo o princípio de que "o apetite vem comendo".
Powell reverterá o par EUR/USD? Não. Ele tentou manter o equilíbrio em sua retórica, e parece que conseguiu. Por um lado, ele se recusou a anunciar explicitamente um corte de taxa em setembro, semeando algumas dúvidas entre os traders, mas, por outro lado, indicou que a probabilidade de afrouxamento da política em breve é alta, já que a inflação está se movendo na direção certa.
Assim, o presidente do Fed interrompeu o movimento ascendente do preço, mas não reverteu a tendência. O par está em pausa, aguardando os próximos catalisadores: os dados de vendas no varejo dos EUA, a reunião do BCE e os discursos de vários representantes do Fed (Adriana Kugler, Christopher Waller, Thomas Barkin, John Williams, Raphael Bostic e Michelle Bowman) que estão por vir.
Do ponto de vista técnico, no gráfico diário, o par está posicionado entre a linha média e a superior do indicador Bandas de Bollinger, além de estar acima de todas as linhas do indicador Ichimoku, inclusive acima da nuvem Kumo, o que indica um sinal de alta. O par mantém o potencial para novos ganhos, com um possível movimento em direção à linha superior das Bandas de Bollinger no período diário, situada em 1,0930. Uma quebra acima desse nível pode abrir caminho para o próximo nível de resistência em 1,0970 (correspondente à linha superior das Bandas de Bollinger no período semanal) e para a barreira psicologicamente importante de 1,1000.
