O silêncio é frequentemente interpretado como um sinal de consentimento. Mas a que exatamente Andrew Bailey está consentindo, ao permanecer em silêncio sobre a taxa de recompra por 10 semanas? Este é o período mais longo de silêncio durante seus quatro anos à frente do Banco da Inglaterra. Será que ele está sinalizando que a política monetária do BoE deve ser flexibilizada em agosto, visto que os preços ao consumidor têm se mantido na meta de 2% por dois meses? Ou está indicando que não é o momento apropriado para uma expansão monetária, dada a aceleração dos salários e da inflação subjacente?
Os mercados estão antecipando uma probabilidade de cerca de 40% de um corte na taxa de juros na reunião de agosto do Banco da Inglaterra. Comentários de Andrew Bailey poderiam ajudar os investidores a entender melhor a situação. No entanto, há outra perspectiva: discursos anteriores do governador do BoE muitas vezes confundiram mais do que esclareceram. Por isso, alguns acreditam que seu silêncio é preferível. Enquanto isso, o GBP/USD se valorizou até ser impactado por uma falha cibernética e o caos subsequente em aeroportos, no sistema bancário e nos mercados financeiros, o que forçou a libra esterlina a recuar.
Dinâmica da expectativa de corte de taxa em agosto
A passividade do Banco da Inglaterra é um dos principais fatores para o sucesso da libra esterlina em 2024. Outros fatores favoráveis para os otimistas do GBP/USD incluem a aceleração do crescimento econômico do Reino Unido e a vitória do Partido Trabalhista nas eleições parlamentares. Como resultado, o país pode ter o governo mais estável em pelo menos cinco anos. Além disso, a redução na divergência de crescimento do PIB em relação aos EUA permite que bancos e empresas de investimento prevejam uma valorização adicional da libra esterlina. O JP Morgan, por exemplo, acredita que ela pode subir para US$ 1,35 até março de 2025, enquanto o Goldman Sachs projeta esse nível para o longo prazo.
Os especuladores também estão ativos. Na semana que terminou em 16 de julho, fundos de hedge e gestores de ativos aumentaram as posições compradas líquidas em libras esterlinas para o nível mais alto desde 2007. Não é surpreendente que as interrupções cibernéticas globais, as correções nos índices de ações americanos e o enfraquecimento do apetite global pelo risco tenham levado os traders a fechar posições de compra no GBP/USD, resultando em uma retração da moeda.
Dinâmica das posições especulativas no GBP/USD
Não se pode afirmar que a perspectiva para a libra esterlina esteja totalmente favorável. A queda de 1,2% nas vendas no varejo em junho, três vezes maior do que o previsto pelos especialistas da Bloomberg, sugere um otimismo excessivo em relação à economia do Reino Unido. De acordo com o FMI, o Partido Trabalhista precisa aumentar o PIB para 2,6% em 2025-2026 para estabilizar a dívida pública até 2028-2029, sem recorrer a aumentos adicionais de impostos ou cortes orçamentários. Essa é uma tarefa extremamente desafiadora.
Tecnicamente, no gráfico diário do GBP/USD, observou-se uma retração lógica após o preço atingir o nível-alvo de 161,8% no padrão ABCD menor. Um retorno do preço acima do nível de pivô de 1,2955, ou uma recuperação dos níveis de suporte em 1,288 e 1,2815, poderá formar uma base para posições de compra da libra esterlina em relação ao dólar americano.
