Os mercados globais estão mais uma vez em turbulência: a escalada da guerra comercial entre os EUA e a China abalou os mercados de ações, o ouro está batendo recordes, a Meta está imersa em um escândalo de IA e a Apple corre o risco de perder até US$ 40 bilhões devido ao impacto das tarifas na cadeia de suprimentos. Este artigo analisa os principais eventos e ideias sobre como transformar a turbulência em lucro.
Novo golpe tarifário: os mercados de ações caem, a volatilidade aumenta, as previsões ficam negativas
Os mercados de ações voltaram a mergulhar em uma zona de turbulência — e tudo indica que este é apenas o começo. O presidente dos EUA, Donald Trump, mantendo sua postura agressiva na política comercial, aprovou uma tarifa combinada de 104% sobre as importações chinesas. O novo pacote entrou em vigor na noite passada e já é considerado uma das decisões mais radicais da história do comércio norte-americano. Como era de se esperar, os mercados reagiram com forte nervosismo. Wall Street foi tomada pela apreensão, e investidores ao redor do mundo estão reavaliando suas posições com urgência.
Ontem, o S&P 500 encerrou o pregão abaixo da marca psicologicamente importante dos 5.000 pontos — a primeira vez em quase um ano — com uma queda de 1,6%, fechando em 4.982,77. Analistas alertam que o movimento já não se parece mais com uma simples correção de curto prazo, mas sim com uma transição gradual e cada vez mais evidente para um mercado em baixa. Nos últimos quatro dias de negociação, o S&P 500 despencou mais de 12%, e a capitalização total das empresas do índice encolheu quase US$ 6 trilhões — a maior perda em quatro dias da história do benchmark desde a década de 1950.
O Nasdaq Composite — tradicionalmente mais sensível a perturbações políticas e à retórica em torno do setor de tecnologia — caiu 2,15% no dia, com as ações de tecnologia liderando as vendas em meio ao pânico. O Dow Jones Industrial Average recuou 0,84% — uma queda aparentemente modesta em comparação com os outros índices, mas que reforça a tendência de baixa generalizada. Na manhã de quarta-feira, os futuros dos principais índices dos EUA apontavam novas perdas, refletindo o clima predominante de medo e incerteza.
Os mercados asiáticos também foram atingidos pela onda de pânico: o Nikkei, do Japão, despencou 3,8%, enquanto os futuros europeus abriram no vermelho, com o EUROSTOXX 50 indicando uma queda de 3,7%.
A volatilidade não apenas voltou — ela retornou com força total, digna de um tapete vermelho. O índice de volatilidade VIX, conhecido como "índice do medo", disparou para os níveis mais altos desde a primavera de 2020. Ao mesmo tempo, os volumes de negociação nas bolsas se aproximaram dos picos registrados durante a histeria da COVID-19: mais de 23 bilhões de ações trocaram de mãos em um único dia. O pânico foi sentido não só nas manchetes, mas também nos números — com os mercados fugindo em múltiplas direções ao mesmo tempo.
O que mudou?
Nem os números, nem os modelos, nem mesmo a macroeconomia. O tom mudou. A Casa Branca deixou claro: as novas tarifas não são uma alavanca de negociação, mas uma declaração política. Não há mais "se você, então nós". Agora, há apenas "nós". O representante comercial dos EUA, Jameson Greer, foi direto: sem exceções, sem concessões, sem "vamos conversar". A China, por sua vez, prometeu mais uma vez "lutar até o fim" — desta vez com detalhes específicos, incluindo medidas simétricas que podem atingir setores estratégicos dos EUA.
O roteiro é conhecido: primeiro, o mercado suspira, na esperança de bom senso e moderação; depois, a ducha fria. Os comentários iniciais do secretário do Tesouro, Scott Bessent, na terça-feira, sustentaram uma aparência de abertura ao diálogo. Mas, no meio da sessão, ficou evidente: não há portas — apenas um muro de concreto. Isso não é diplomacia, é fachada.
O que torna tudo ainda mais doloroso para o mercado é que ele agora está, literalmente, à deriva nas manchetes. Estratégias baseadas em análise fundamentalista estão cada vez mais sendo superadas por dicas privilegiadas e oportunas. Como observou o analista Khu Nguyen: "A volatilidade de hoje reflete não apenas a incompreensão das regras, mas do próprio jogo". Nenhum algoritmo pode prever o próximo tweet — se será uma reaproximação com Pequim ou mais tarifas. Isso já não é um mercado. É um feed de notícias interativo, com etiqueta de preço.
Não é de se surpreender que os estrategistas tenham se apressado em reescrever suas previsões.
A BlackRock rebaixou drasticamente sua classificação para as ações dos EUA, passando de "overweight" para "neutra", citando o aumento da pressão comercial e os crescentes riscos sistêmicos. O Goldman Sachs afirmou que a atual onda de vendas já apresenta todos os sinais de transição para um mercado de baixa cíclico completo. A retórica mudou da noite para o dia: de "volatilidade localizada" para "possível mudança de paradigma econômico".
Para os investidores, é evidente que isso não é um presente. Mas, paradoxalmente, é justamente em momentos como este que surgem as melhores ideias — não em meio à calmaria, mas sob o som dos trovões do mercado. As estratégias agora não exigem otimismo cego, mas precisão cirúrgica.
Para quem está habituado a operar com base em impulsos noticiosos — bem-vindo ao território das manchetes. Aqui, não vence quem sabe mais, mas quem reage mais rápido. A prioridade recai sobre instrumentos ultralíquidos, estratégias de saída ágeis e gestão de risco implacável.
Investidores que operam com horizontes semanais ou mensais devem abandonar a ideia de "comprar na baixa". Em vez disso, vale a pena entrar de forma gradual durante as correções — e preferencialmente em setores menos expostos à turbulência tarifária. Semicondutores? Ainda não. Varejo doméstico ou infraestrutura? Por que não.
Já para quem pensa no longo prazo, é hora de repensar o modelo de diversificação. O antigo paradigma de "produzir na Ásia, vender nos EUA" está se deteriorando. Os vencedores serão aqueles com cadeias de valor locais, margens resilientes e demanda menos sensível a interferências externas.
O que podemos afirmar com certeza: o mercado entrou na era do "preço geopolítico". Se antes o valor de um ativo era determinado por balanços e lucros, agora ele é moldado por diretrizes, cronogramas tarifários e vazamentos da Casa Branca. Trump, na prática, transformou a política econômica em um experimento reflexivo. E os mercados são os sujeitos desse teste.
Apostar nas tarifas não é apenas um movimento rumo à revisão das regras do comércio global — é uma rejeição da previsibilidade como conceito. Isso implica que os modelos tradicionais de análise de risco estão obsoletos, cedendo espaço a cenários híbridos, onde economia, política e psicologia se misturam em um coquetel instável. E aqueles que não se adaptarem... terão que reprecificar seus portfólios — a duras penas.
Corrida do ouro: o metal amarelo volta a subir
Após uma breve pausa, o ouro voltou a lembrar ao mercado quem realmente está no comando. Na manhã de quarta-feira, o preço à vista rompeu com firmeza a marca de US$ 3.000 por onça, como se dissesse: "Correção? Nunca ouvi falar disso." O que motivou essa nova disparada do "porto seguro dourado"? Quais são as semelhanças (ou diferenças) entre esta alta e a corrida do ouro dos anos 1980? E, mais importante: o que podemos esperar daqui para frente? Vamos analisar tudo isso — antes que seja tarde demais para entrar no mercado.
Uma nova escalada na guerra comercial entre os EUA e a China voltou a lembrar aos investidores que a palavra "estabilidade" merece sempre aspas. Ontem, a Casa Branca aprovou uma tarifa combinada de 104% sobre produtos chineses. Não se trata apenas de um recorde histórico, mas de um sinal claro: o sistema de comércio global está à beira de um colapso. Em Pequim, não houve espaço para sutilezas diplomáticas — as autoridades acusaram Washington de "chantagem econômica" e prometeram "lutar até o fim". O roteiro já é conhecido: tarifas sobem, a retórica se acirra e os mercados entram em modo de alerta.
Como manda o manual, o dólar enfraquece, os rendimentos oscilam e o ouro dispara. Nesta manhã, o preço à vista já superava novamente os US$ 3.010,39 por onça. Desde o início do ano, o metal acumula alta de 16%, dando continuidade à impressionante valorização de 2024, quando subiu 27%. Como observa o analista Tim Waterer, apesar das flutuações de curto prazo, o ouro segue firme em sua trajetória rumo a novas máximas históricas — e não demonstra pressa em desacelerar.
Os paralelos com 1980 são quase inevitáveis. Naquele período, o ouro atingia recordes impulsionado pela Revolução Iraniana e pela crise do petróleo, alcançando US$ 850 por onça — o equivalente a aproximadamente US$ 3.486 em valores atualizados. No entanto, como observa James Steel, do HSBC, a atual recuperação tem um significado mais profundo e, potencialmente, uma base muito mais sólida. Enquanto nos anos 1980 a estabilidade foi gradualmente restaurada por meio da coordenação internacional, o cenário atual caminha na direção oposta: o mundo se fragmenta em blocos econômicos e políticos, alianças tradicionais se desfazem e os conflitos geopolíticos se multiplicam mais rápido do que as previsões sobre as taxas do Fed.
A situação se agrava ainda mais com o questionamento crescente sobre o papel do dólar como âncora do sistema financeiro global. Após as sanções ocidentais congelarem cerca de metade das reservas internacionais da Rússia, diversos bancos centrais fora do eixo ocidental aceleraram a compra de ouro — uma resposta à percepção de que seus ativos em moeda estrangeira podem, de repente, "deixar de funcionar". Essa reavaliação de risco se traduziu em movimento de capital: os ETFs de ouro registraram, no primeiro trimestre de 2025, o maior fluxo de entrada dos últimos três anos — apesar do aumento dos rendimentos dos títulos públicos, que normalmente atuam como força contrária ao metal precioso.
Outro fator que impulsiona o ouro é a postura da Reserva Federal. O banco central norte-americano continua adotando um tom cauteloso, equilibrando-se entre os riscos de inflação persistente e a ameaça de recessão. Com isso, o ouro mantém seu apelo como proteção contra ambos os extremos. E não apenas continua no jogo — ele está, de fato, se tornando protagonista.
Nesse contexto, as projeções estão cada vez mais ambiciosas. Michael Widmer, do Bank of America, elevou sua meta de preço para US$ 3.063 em 2025 e US$ 3.350 em 2026, mas enfatizou que US$ 3.500 "não é mais fantasia — é uma possibilidade muito concreta". Para que o ouro perca força, seria necessário um retorno à estabilidade global, a restauração da confiança no dólar e o arrefecimento das tensões comerciais. Em outras palavras, uma virada de época. Como nada disso parece próximo, o ouro permanece não apenas como refúgio, mas também como termômetro da nova ordem mundial.
Assim, a atual disparada do ouro não deve ser vista como uma bolha especulativa, mas como um diagnóstico de mercado: uma crise sistêmica de confiança, o avanço da desdolarização, a fragmentação global e a busca por proteção diante de um futuro incerto. Para os traders, isso não representa o fim — mas sim um novo arsenal de oportunidades.
Especuladores de curto prazo podem explorar os recuos e aproveitar a alta volatilidade — desde que não se esqueçam dos stop-losses, pois o ouro sobe rápido, mas pode corrigir com a mesma intensidade. Investidores de médio prazo podem construir posições nos momentos de retração: enquanto a tendência for positiva e os riscos persistirem, o ouro se destaca como um ativo defensivo atrativo. Já os investidores de longo prazo podem encará-lo como um seguro — não só contra a fragilidade do dólar, mas contra o colapso progressivo do modelo de globalização tradicional.
Apple à beira do abismo: a empresa pode perder até US$ 40 bilhões devido às tarifas
No início deste mês, a Apple se viu no centro de um novo drama comercial: O ataque tarifário de Donald Trump atingiu a China, o Vietnã e a Índia - países que são fundamentais para a rede de produção da Apple. Neste artigo, discutiremos como o mercado reagiu a esse fato, quais riscos agora pairam sobre a Apple e quais oportunidades isso abre para os traders.
Lembre-se de que, na semana passada, a Casa Branca divulgou um novo pacote de tarifas comerciais que afetou vários países asiáticos, incluindo China, Vietnã e Índia - três elos importantes da cadeia de produção da Apple. Essas medidas foram uma continuação da agenda protecionista de Donald Trump e imediatamente provocaram uma reação nervosa dos mercados. A Apple, como um dos principais beneficiários da globalização, viu-se sob fogo cruzado.
O mercado reagiu a essa nova onda de tarifas da maneira clássica de Wall Street: primeiro, vender, depois pensar. As ações da Apple despencaram 19% em apenas três dias, marcando seu pior declínio desde 2001, com a capitalização da empresa encolhendo em US$ 637 bilhões e o VIX das ações da Apple atingindo o maior valor em quatro anos.
O golpe adicional para a Apple veio com a decisão da Casa Branca anunciada ontem: o governo Trump aprovou uma tarifa combinada de 104% sobre produtos chineses. Para a Apple, cuja cadeia de suprimentos está fortemente ligada à China, isso significa aumento de custos, compressão de margens e uma ameaça direta aos lucros. Não surpreende, portanto, que as ações da empresa tenham caído mais de 5% na terça-feira, acumulando uma queda de 21% nas últimas quatro sessões — o pior desempenho em quatro dias desde a crise financeira global de 2008.
A Apple está encurralada: se repassar os aumentos de custo aos consumidores, a demanda cairá; se decidir absorver os custos, a lucratividade será prejudicada. "Quase não há espaço para manobras", resume o analista Anthony Saglimbene.
Apesar do golpe evidente, muitos analistas ainda não estão prontos para declarar o fim da linha para a Apple. E há bons motivos para isso:
- Fundamentos sólidos: o fluxo de caixa livre e um robusto programa de recompra de ações oferecem à Apple mais fôlego que a maioria de seus concorrentes.
- Condição de sobrevenda crítica: o RSI de 14 dias caiu abaixo de 23, um nível que não era registrado há quase uma década.
- Valuation atrativo: as ações estão mais baratas em relação aos lucros projetados, no menor múltiplo em dois anos.
Em meio ao pânico, surgem otimistas e caçadores de oportunidades. "Agora que o excesso de espuma foi retirado das ações, tudo parece muito mais interessante", afirma o analista Andrew Zamfotis.
Ainda assim, o principal obstáculo permanece: o destino das tarifas. Se o governo Trump decidir flexibilizá-las — como fez em seu primeiro mandato —, é possível uma recuperação que reverta boa parte da queda recente. Caso contrário, a continuidade da guerra comercial poderá, segundo o estrategista Daniel Ives, configurar um "Armagedom econômico para os gigantes da tecnologia".
Em teoria, a Apple vinha se preparando para esse cenário: nos últimos anos, tem buscado reduzir a dependência da China, transferindo parte da produção para países como Vietnã e Índia. Na prática, essa diversificação se revelou uma vulnerabilidade inesperada — esses países também foram alvo de tarifas. Assim, o "plano B" acabou atingido da mesma forma que o "plano A".
De acordo com a Rosenblatt, os custos adicionais da Apple com as novas tarifas podem chegar a US$ 40 bilhões. Caso a empresa não repasse esses custos aos consumidores, poderá perder quase um terço de seu lucro. O economista Howard Chen alerta que as ações ainda podem cair mais 10% e, no pior cenário, "tudo o que pode ser perdido, será".
Agora, os olhos do mercado se voltam para o próximo grande evento da Apple: o relatório trimestral previsto para 1º de maio. Segundo o analista Pat Burton, essa divulgação pode se tornar um ponto de inflexão para o mercado — seja sinalizando uma reversão, seja confirmando a continuidade do declínio.
Até o momento, as revisões de analistas permanecem relativamente cautelosas: o consenso sobre os lucros de 2025 caiu apenas 0,7%, e as estimativas de receita diminuíram ainda menos. Mas tudo isso pode mudar rapidamente, caso o relatório traga sinais preocupantes.
Então, o que sabemos hoje:
- As ações da Apple caíram, mas continuam tecnicamente sobrevendidas.
- A perspectiva fundamental está intacta, mas os riscos são significativos.
- O fator tarifário é o principal fator determinante da dinâmica de curto e médio prazo.
- O mercado está aguardando o relatório de 1º de maio, que pode sinalizar uma reversão ou acelerar o declínio.
Para os traders, o momento atual representa uma janela de oportunidade interessante. Aqueles que operam no curto prazo devem ficar atentos aos sinais técnicos: o Índice de Força Relativa (RSI) caiu abaixo de 30 — um patamar que, historicamente, costuma preceder movimentos de reversão para cima. Ainda assim, sem níveis claros de stop-loss, a entrada no mercado continua arriscada, dado o elevado grau de volatilidade.
Investidores de médio prazo podem considerar a construção gradual de uma posição, de forma cautelosa e passo a passo, levando em conta os riscos atuais. Já os investidores com viés de baixa — aqueles que não acreditam em uma reversão imediata — ainda podem identificar pontos estratégicos de entrada, especialmente se a guerra comercial se prolongar.
Atualmente, a Apple vai além de uma gigante da tecnologia: tornou-se um verdadeiro barômetro das expectativas globais. Se conseguir se adaptar à nova realidade, poderá definir um tom positivo para todo o setor. Caso contrário, o que nos espera são correções técnicas contínuas — e possivelmente nada suaves.
Em meio à violenta guerra tarifária entre Estados Unidos e China — que já custou trilhões de dólares em capitalização aos mercados globais — os investidores em Big Tech agora enfrentam uma nova dor de cabeça. Para quem esperava que a Meta escapasse do fogo cruzado ao menos por um tempo, a realidade se mostrou bem diferente: a empresa acaba de se ver no centro de uma nova tempestade informacional.
Desta vez, o problema não tem ligação direta com Donald Trump, mas com inteligência artificial. Mais especificamente, com a Llama 4 — a mais recente linha de modelos de IA da Meta. Em vez de fortalecer a posição da empresa na corrida pela IA generativa, o lançamento trouxe à tona novas preocupações, tanto em termos de reputação quanto de mercado.
A internet foi à loucura nesta semana após uma postagem anônima surgir em uma rede social chinesa, supostamente publicada por um ex-funcionário da Meta. A denúncia alega que a empresa teria inflado artificialmente as métricas de desempenho dos modelos Llama 4 Maverick e Scout, treinando-os com conjuntos de testes previamente conhecidos e, ao mesmo tempo, mascarando suas fragilidades.
O vice-presidente de IA Generativa da Meta, Ahmad Al-Dahle, foi rápido em negar as acusações. Em uma declaração publicada no X (antigo Twitter), classificou as alegações como "falsas" e rejeitou categoricamente a ideia de que os modelos haviam sido treinados com base em conjuntos de teste. Por um momento, parecia que a crise de reputação estava sob controle. Mas não foi o fim.
Usuários e pesquisadores começaram a relatar discrepâncias significativas no desempenho dos modelos, dependendo do provedor de nuvem utilizado. Enquanto alguns recebiam respostas fluídas e coerentes, outros enfrentavam resultados fragmentados e inconsistentes. A Meta justificou alegando que o lançamento havia sido acelerado, que os modelos ainda estavam em fase de otimização, e prometeu corrigir os bugs nos próximos dias, além de melhorar a integração com parceiros. Mas a crise só se aprofundou.
A situação ganhou novo fôlego com a descoberta de que o modelo demonstrado na plataforma LM Arena — usada para avaliações manuais de IA — não era o mesmo disponibilizado ao público em geral. Isso levantou uma questão inevitável: qual o valor das comparações de desempenho se os usuários estão testando uma versão diferente da exibida nos benchmarks?
Pesquisadores reforçaram as suspeitas ao notar que a versão usada nos testes gerava respostas mais longas, bem formuladas, com mais emojis e um tom mais amigável. Já o modelo acessível ao público se mostrava bem mais "áspero". Na prática, a Meta apresentou um protótipo polido, mas entregou um rascunho. A empresa explicou que pretendia "demonstrar o potencial de otimização do diálogo", mas, para o mercado, a justificativa soou como uma admissão velada de que o modelo foi, sim, ajustado para os testes.
O resultado: a Meta se vê diante de um desafio sério. A transparência nos benchmarks não é apenas uma questão técnica — é um pilar essencial de confiança para desenvolvedores, clientes corporativos e investidores. Em um setor onde cada novo modelo disputa espaço em um mercado de IA altamente competitivo, qualquer indício de falta de integridade pode custar caro — literalmente.
O que isso significa para a Meta? No curto prazo, mais um abalo na já frágil percepção de confiabilidade da marca. Em um momento em que o mercado busca previsibilidade, episódios como esse corroem a confiança que sustenta a indústria de IA. No médio prazo, o caso levanta um alerta sobre toda a abordagem de benchmarking: se os grandes players começarem a mostrar versões "de vitrine" de seus modelos, a credibilidade das comparações — e dos próprios números — estará em xeque.
E tudo isso acontece em meio a políticas tarifárias cada vez mais rígidas, volatilidade nos mercados e a aposta decisiva da Meta na IA como novo motor de crescimento, após a estagnação de seus produtos tradicionais. A margem para erro é mínima — e o custo do silêncio, alto demais.
Paradoxalmente, porém, esse cenário turbulento abre oportunidades para traders. Em primeiro lugar, a avalanche de informações cria espaço para especuladores: o aumento da volatilidade das ações da Meta pode ser explorado em operações táticas. Em segundo, quem opera com base na dinâmica das notícias pode capturar reações do mercado às declarações da diretoria — um pedido de desculpas, a admissão de erros ou um plano claro de ação podem impulsionar uma recuperação no curto prazo. Por outro lado, se a empresa mantiver uma postura defensiva, o mercado pode reagir com novas quedas.
Por fim, para investidores de longo prazo que acreditam no potencial da Meta no campo da IA, a situação atual pode representar uma oportunidade de entrada parcial — com uma condição: isso só deve ser considerado se a empresa agir com rapidez e transparência ao esclarecer suas políticas de teste e comunicação.
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