Bitcoin volta a ficar sob pressão
Nesta segunda-feira, o preço da maior criptomoeda do mundo caiu abaixo dos US$ 95.000 — e isso vai além de mais uma simples correção. Trata-se de um sintoma de tensões estruturais mais profundas no mercado atual. Nas últimas 24 horas, o Bitcoin foi negociado dentro de uma faixa entre US$ 93.806 e US$ 95.741, mas os sinais de curto prazo nos gráficos alertam que algo mais significativo está se formando por trás dos números.
As tentativas fracassadas de recuperação acima dos US$ 97.000 e a fraca atividade compradora indicam que os touros estão começando a perder força. E, embora os gráficos de longo prazo ainda mantenham uma inclinação positiva, os sinais de curto prazo estão se tornando cada vez mais preocupantes. Não se trata apenas de observar os números — é essencial entender o que está por trás deles.
Avanço dos Ursos: O Cenário Técnico Deixa de Favorecer o Crescimento
Nos gráficos horários e de 4 horas, o cenário técnico é baixista. A formação de topos e fundos descendentes após a máxima local de US$ 96.620 confirma que o mercado está perdendo força. O nível de US$ 93.550 tornou-se um ponto crítico de venda intensa, e um novo teste nessa zona pode resultar em rompimento.
Um rompimento do nível de US$ 92.846 no gráfico de 4 horas seria um divisor de águas. Caso o preço se consolide abaixo desse patamar, o caminho para os US$ 90.000 estará aberto — ou até menos. Psicologicamente e tecnicamente, isso representa uma nova realidade, especialmente porque colocaria o preço abaixo da média móvel de 200 dias — um nível-chave observado de perto por investidores institucionais.
A vela diária não mente: a correção está em pleno andamento
Ao observar o gráfico diário, fica claro que a fase atual do mercado não é por acaso. Após falhar em romper os US$ 97.938, o preço registrou várias velas vermelhos consecutivos — e isso não é apenas volatilidade. Trata-se de uma queda acompanhada por um enfraquecimento no volume comprador.
O pior é que cada velae verde apresenta um volume menor do que o anterior — um sinal clássico de que os holders de longo prazo começaram a se desfazer de suas posições.
Se a zona dos US$ 93.000–94.000 for rompida, não será apenas um evento técnico — poderá marcar a capitulação oficial dos touros.
Médias móveis: como interpretar os sinais corretamente
As médias móveis não mentem. As EMAs e SMAs de curto prazo começaram a apontar para baixo. A EMA de 10 períodos está em US$ 94.352, enquanto a SMA de 10 está em US$ 94.984 — ambas sinalizando pressão vendedora. No entanto, as tendências de longo prazo ainda permanecem altistas. A EMA de 200 está em US$ 86.298, e a SMA de 200 em US$ 90.411. Este é um limite crucial: traders de curto prazo podem sair prejudicados, mas investidores de longo prazo ainda mantêm suas posições.
Para traders experientes, isso significa uma coisa: estratégias de curto prazo pedem proteção e hedge, enquanto estratégias de longo prazo favorecem uma acumulação cautelosa durante recuos mais profundos.
Fatores macro entram em cena: Fed, China e Trump voltam ao radar
O mercado já não opera mais em um vácuo. A expectativa em torno da próxima reunião do Federal Reserve e a incerteza nas negociações entre EUA e China estão aumentando a pressão. Embora o consenso aponte para a manutenção das taxas de juros, o que realmente importa é a retórica. Qualquer sinal de aperto monetário ou aumento nos riscos geopolíticos pode minar rapidamente o apetite por risco — incluindo o Bitcoin.
A QCP Capital já alertou para essa mudança de foco, destacando que o mercado deixou a temporada de balanços para trás e agora está totalmente voltado para a política monetária. Se o tom do Fed for mais hawkish (inclinado ao aperto) do que o esperado nos próximos dias, uma segunda onda de queda pode vir em seguida.
Instituições ainda estão no jogo — mas com cautela
O interesse pelos ETFs à vista continua elevado, com um fluxo líquido positivo de US$ 1,81 bilhão na última semana. Mas mesmo aqui, a mensagem é dupla.
A Glassnode aponta que o lucro não realizado entre os holders de longo prazo já chegou a 350% — um nível que historicamente leva à realização de lucros. Isso cria um cenário perigoso: uma venda em larga escala por parte das instituições pode romper níveis locais de suporte.
Em outras palavras, prepare-se para um despejo de grandes proporções caso o Bitcoin volte a se aproximar dos US$ 99.900.
Perspectiva: O que vem a seguir?
Cenário altista (menos provável): o Bitcoin mantém a zona de US$ 93.000–94.000 e recupera os US$ 95.000 com volume sólido. Isso poderia abrir caminho para um novo teste dos US$ 97.000 e, posteriormente, dos US$ 98.000. O MACD permanece positivo e as médias móveis ainda sugerem espaço para crescimento. No entanto, esse cenário exigiria um catalisador externo significativo — como apoio do Fed, notícias sobre ETFs ou desenvolvimentos geopolíticos.
Cenário baixista (base): uma quebra abaixo de US$ 92.846 desencadeia uma queda em cascata com alvos em US$ 91.000 e US$ 89.000. O volume de vendas se intensifica e o mercado entra em uma fase de correção destrutiva. A realização de lucros por investidores institucionais apenas acelera o movimento. Nesse caso, o Bitcoin poderia testar a média móvel de 200 dias em US$ 90.411 — um campo de batalha crucial para o futuro do ativo.
O Bitcoin está novamente em uma encruzilhada. E embora as manchetes possam prometer uma rápida recuperação, a realidade é mais complexa. O mercado está igualmente propenso a se mover em qualquer direção — mas, no momento, o equilíbrio pende para os ursos.
Os traders devem abandonar o hábito de comprar automaticamente nas quedas — isso é perigoso agora. Este é o momento para pensamento estratégico, operação em prazos mais curtos e monitoramento rigoroso dos volumes de negociação.