A maior surpresa de junho foi a divergência entre os índices de ações dos EUA e as criptomoedas. O S&P 500 e o Bitcoin são normalmente considerados ativos de risco e, historicamente, costumam se movimentar em sintonia. Entretanto, a correlação entre eles tornou-se negativa no verão e vem se intensificando. Isso seria um paradoxo? Na realidade, há uma lógica por trás do comportamento do par BTC/USD.
Durante seu primeiro mandato presidencial, Donald Trump passou a encarar os índices acionários dos EUA como uma medida do seu desempenho. Foi daí que surgiu o termo "Trump put". Os investidores acreditavam firmemente que, se o S&P 500 começasse a cair, o presidente interviria para salvar o mercado. E foi exatamente isso que aconteceu. O mercado acionário americano despencou no início de abril devido às tarifas massivas, e o presidente republicano foi obrigado a anunciar um adiamento de 90 dias.
Posteriormente, representantes da Casa Branca repetidamente animaram o S&P 500 com notícias positivas sobre o andamento das negociações comerciais. Esses anúncios ajudaram o índice a ultrapassar a marca de 6.000 pontos, aproximando-se de recordes históricos. O Bitcoin, porém, não conseguiu acompanhar essa recuperação em maio e junho.
As razões estão na busca por alternativas e na dependência do Bitcoin das políticas de Donald Trump. Por muito tempo, o Ether, que estava atrás do líder do mercado cripto, finalmente começou a ganhar força. Nas últimas duas semanas, nove ETFs focados em Ether atraíram US$ 812 milhões.
Fluxos de capital para ETFs voltados para o éter
As prioridades estão mudando. O Bitcoin, mais do que o S&P 500, tornou-se a nova medida da eficácia de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. Durante a campanha eleitoral, o republicano prometeu transformar os EUA na capital mundial das criptomoedas. Em 2025, os ativos digitais passaram a ser vistos como negócio pessoal da família do presidente. Os democratas resistiram por muito tempo ao avanço da legislação sobre stablecoins devido a conflitos de interesse.
De fato, o Trump Media Technology Group anunciou que está levantando US$ 2,5 bilhões para comprar Bitcoin e planeja lançar seu próprio fundo negociado em bolsa especializado. A Strategy foi a primeira empresa a começar a adquirir ativos digitais por meio da emissão de ações e títulos, e cerca de trinta outras companhias seguiram seu exemplo. Até 2030, prevê-se que o líder do setor de criptomoedas poderá atrair entradas de até US$ 330 bilhões por esse canal.
O Trump Media Technology Group também planeja se juntar aos 60 ETFs focados em Bitcoin. A família de Donald Trump não tem perdido nenhuma oportunidade de lucrar com ativos digitais. Não surpreende, portanto, que o conflito entre o presidente e Elon Musk tenha provocado uma queda no BTC/USD.
Do ponto de vista técnico, um padrão 1-2-3 se formou no gráfico diário do Bitcoin. A retração até a marca psicologicamente significativa de US$ 100.000 atraiu novos compradores. O retorno acima das médias móveis e do valor justo sinaliza a força dos touros. Um rompimento da resistência em US$ 106.800 poderá servir como sinal de compra para o BTC/USD.
