O mercado de ações dos EUA segue com seu impulso altista, mas a expectativa está cada vez mais elevada. O relatório de inflação desta quarta-feira, aliado aos resultados financeiros das grandes empresas, tende a aumentar a volatilidade.
O otimismo persiste, mas não é mais incondicional: os investidores estão prontos para virar a chave caso os dados não correspondam ao cenário atual. Nas próximas sessões, o mercado pode acelerar sua recuperação, caso a inflação venha "suave", ou recuar com força até os níveis do início do mês, dependendo dos números divulgados e das manchetes.
No meio da semana, o S&P 500 consolida-se em torno de 6.030, e o Nasdaq 100 se aproxima de 21.920. Os contratos futuros ensaiam leves correções nesta quarta-feira, refletindo a cautela pré-inflação.
Na terça, a terceira sessão consecutiva de ganhos reforçou o apetite por risco: o S&P 500 avançou 0,55% e o Nasdaq 100 subiu 0,63%. Dez dos 11 setores do S&P fecharam em alta, com energia, consumo discricionário e saúde na liderança. As grandes de tecnologia tiveram desempenho destacado — a Tesla subiu 5,7% após notícias positivas sobre entregas, e Meta e Alphabet também registraram ganhos sólidos.
Os investidores mantêm um olhar atento às negociações comerciais EUA–China. O secretário de Comércio, Howard Lutnick, descreveu as conversas como "realmente boas", acalmando provisoriamente as preocupações geopolíticas. Ainda assim, os detalhes continuam escassos, e o mercado exige não apenas retórica otimista, mas ações concretas — especialmente sobre o fornecimento de terras raras e tecnologias cruciais para empresas de TI.
O foco nos lucros corporativos continua forte. Após o pregão de hoje, saem os resultados da Oracle e da Chewy:
- Oracle: referência em nuvem e software empresarial, com presença crescente em infraestrutura de IA.
- Chewy: barômetro dos gastos dos consumidores em e-commerce e no mercado pet.
Lucros positivos dessas empresas, combinados a dados de inflação moderados, podem reforçar o impulso de alta do mercado.
Perspectiva técnica
O S&P 500 ultrapassou com confiança a marca psicológica de 6.000, sendo negociado agora em novos recordes de alta. A resistência imediata é vista na área de 6.070-6.100, enquanto o suporte foi deslocado para a zona de 5.980-5.950. O RSI está se aproximando do território de sobrecompra, mas ainda não acionou um sinal de recuo. No entanto, qualquer surpresa decepcionante com relação à inflação pode levar a uma queda para 5.900.Nasdaq 100 mantém liderança com impulso tecnológico
O Nasdaq 100 continua a superar o mercado mais amplo, refletindo os fluxos de capital direcionados ao setor de tecnologia. A resistência se encontra na faixa de 22.000–22.100; um rompimento acima desse patamar abriria caminho para 22.500. O suporte está em 21.500 — um nível crítico para a manutenção do impulso de curto prazo. A tendência segue de alta, mas as expectativas elevadas tornam o mercado vulnerável a uma possível correção.
Nike: rara alta impulsionada por expectativas comerciais
As ações da Nike (NKE) saltaram 3,2% na terça-feira, liderando os ganhos do índice industrial — uma posição que a empresa não ocupava há bastante tempo. O movimento é especialmente relevante considerando que, entre novembro de 2021 e abril de 2024, a capitalização de mercado da Nike encolheu quase 70%, colocando-a entre os piores desempenhos do período.
O impulso de alta veio de forma inesperada: comentários positivos sobre as negociações comerciais entre os EUA e a China. Para a Nike, cujas operações estão fortemente vinculadas à China — tanto como centro de produção quanto como mercado consumidor —, essa notícia representa um alívio bem-vindo. As tensões nas relações bilaterais têm sido um dos principais entraves para o desempenho das ações da empresa nos últimos dois anos.
Por enquanto, trata-se apenas de uma recuperação modesta após baixas que se estendem por vários meses, mas a rápida reação do mercado destaca a sensibilidade dos investidores a qualquer sinal positivo nas relações comerciais. Se as negociações seguirem avançando e o cenário construtivo se mantiver, a Nike pode buscar retornar à faixa de US$ 68–70, onde ocorreu a consolidação anterior.
Quadro técnico: No gráfico diário, as ações da Nike tentam formar um fundo local após uma prolongada tendência de baixa. A resistência imediata está em torno de US$ 65,50–66,00, coincidindo com a média móvel simples de 50 dias (SMA50) e uma zona de reversão observada no final de maio.
Um rompimento acima desse patamar, especialmente com volume robusto, pode abrir caminho para uma resistência mais relevante na faixa de US$ 68,00–70,00, onde houve consolidação entre fevereiro e março. O suporte está na faixa de US$ 61,00–62,00; uma queda abaixo desse nível aumentaria a pressão vendedora, potencialmente levando a ação de volta para a zona de US$ 58,00–59,00, que marcou as mínimas de abril. Uma queda abaixo dessa região deixaria a ação vulnerável.
Atualmente, a Nike está em fase de recuperação, mas a tendência técnica ainda é de baixa. Para que haja uma reversão verdadeira, seria necessário um rompimento confirmado acima de US$ 70 com volume expressivo. Por ora, o movimento ainda se configura mais como um interesse especulativo do que como uma recuperação sustentável.