De acordo com analistas, o conflito militar em andamento entre Israel e o Irã pode ter um impacto significativo no mercado de ativos digitais. Em caso de um desdobramento negativo, o mercado de criptomoedas pode enfrentar uma liquidação intensa, pressionando os principais ativos e até mesmo afetando moedas fiduciárias.
Bitcoin enfrenta dificuldades abaixo da resistência
O Bitcoin iniciou uma nova queda após não conseguir romper a resistência dos US$ 108.800. A principal criptomoeda recuou abaixo de US$ 107.000 e testou a região de US$ 103.500. Um fundo se formou próximo a US$ 103.400, e o BTC agora consolida as perdas. Na manhã desta quarta-feira, 18 de junho, o Bitcoin era negociado a US$ 104.915, tentando recuperar parte do terreno perdido.
Analistas destacam que, no momento, o BTC está longe de um cenário de superaquecimento do mercado. De acordo com o Índice de Indicadores do Ciclo do Bitcoin (IBCI), da CryptoQuant — plataforma que monitora os ciclos do ativo há mais de uma década —, o Bitcoin permanece em uma zona neutra, que pode rapidamente evoluir tanto para uma fase de recessão quanto para uma nova perna de alta.
O mercado está escolhendo uma direção
O IBCI atualmente registra uma leitura estável em torno de 50%, indicando que o Bitcoin permanece na fase neutra de seu ciclo de alta. Isso sugere que o mercado ainda não entrou na zona de superaquecimento, típica dos picos de valorização. Além disso, não há sinais de realização agressiva de lucros, que costumam marcar o encerramento de grandes movimentos de alta.
"Historicamente, essas fases de equilíbrio surgem entre o fim de uma onda de crescimento e o início da próxima", observa a CryptoQuant. A atual zona neutra do IBCI abre espaço para uma alta adicional no preço do Bitcoin e permite que os mineradores mantenham a lucratividade. A ausência de euforia generalizada sugere que o mercado de criptomoedas ainda não esgotou seu potencial de valorização.
Panorama técnico de curto prazo
No gráfico de 1 hora do BTC/USD, formou-se um triângulo de curto prazo, com suporte em US$ 104.200. A resistência imediata está em torno de US$ 105.200, seguida por um nível mais relevante em US$ 106.200 — correspondente à retração de 50% de Fibonacci da queda entre a máxima de US$ 108.924 e a mínima de US$ 103.400.
Um fechamento acima de US$ 106.200 poderia desencadear uma nova pernada de alta. Nesse cenário, o BTC pode testar novamente a resistência de US$ 108.000 e, se romper, avançar em direção à marca psicologicamente relevante de US$ 110.000.
Será que o Bitcoin ampliará suas perdas?
Se o Bitcoin não conseguir romper a zona de resistência de US$ 106.200, poderá iniciar outro movimento de queda. O primeiro suporte importante agora está em US$ 103.500, seguido por US$ 102.500. Uma retração mais profunda poderia levar o BTC para US$ 101.200. O suporte principal permanece em US$ 100.000 — uma quebra desse nível poderia levar a um forte impulso de baixa.
Como o BTC reagirá se os EUA intervirem na guerra entre Israel e Irã
Caso os Estados Unidos entrem oficialmente no conflito entre Israel e Irã, o Bitcoin e o mercado de criptomoedas em geral provavelmente sofrerão uma queda acentuada. Analistas preveem uma fuga para ativos seguros nos mercados globais, com a liquidez saindo de ativos voláteis. Uma guerra em grande escala provavelmente faria os preços do petróleo dispararem — cenário desfavorável para o Fed, que poderia ser forçado a adiar cortes nas taxas ou até mesmo adotar uma política monetária mais restritiva.
Uma escalada no Oriente Médio interromperia as cadeias de abastecimento e elevaria os custos logísticos globalmente, afetando empresas em todo o mundo. O Fed poderia se ver diante do dilema entre apoiar a economia e combater a inflação. Caso opte pela segunda alternativa, os rendimentos reais aumentariam, pressionando ainda mais o mercado de criptomoedas.
O BTC poderia cair drasticamente se os EUA se envolvessem
Atualmente, o Bitcoin mantém um equilíbrio relativo, mas uma escalada rápida no conflito poderia eliminar de 10% a 20% do seu valor — um padrão observado em crises geopolíticas anteriores.
Os mercados financeiros tradicionais também não estariam imunes. Em tempos de guerra, os investidores normalmente migram para refúgios seguros, como o dólar americano, o ouro e os títulos do Tesouro. Em contrapartida, as criptomoedas são vistas como ativos de alto risco nesses cenários, levando os investidores a evitarem tokens digitais durante períodos de maior tensão.
Se o envolvimento dos EUA for de curta duração e resultar em um rápido cessar-fogo, os mercados poderão se recuperar. Historicamente, o Bitcoin voltou a subir entre 4 e 6 semanas após conflitos semelhantes, embora surpresas não possam ser descartadas desta vez.
Guerra prolongada = turbulência duradoura nas criptomoedas
Caso a guerra se estenda ou se espalhe pela região, o mercado de criptomoedas poderá enfrentar um longo período de turbulência. A liquidez secaria, e os preços permaneceriam pressionados.
Atualmente, o Bitcoin não conseguiu se beneficiar do sentimento de risco nos mercados financeiros. A correlação entre as ações dos EUA e os rendimentos do Tesouro atingiu novos máximos. Enquanto isso, o S&P 500 se recuperou com relatos de que o Irã pode estar aberto a retomar negociações com os EUA — alimentando o otimismo de que o pior da crise no Oriente Médio pode ter passado.
Ainda assim, os participantes do mercado podem estar sendo excessivamente otimistas, confundindo esperanças com realidade. O conflito não mostra sinais de abrandamento e, quanto mais persistir, mais se deteriorará o apetite global pelo risco. Como consequência, os índices de ações dos EUA e o mercado de criptomoedas — especialmente o Bitcoin — podem sofrer. No entanto, quanto mais cedo as hostilidades entre Teerã e Jerusalém terminarem, maiores serão as chances de o BTC/USD retomar sua tendência de alta.