Os mercados estavam preparados para um cessar-fogo no Oriente Médio — mas estarão prontos para o retorno das guerras comerciais? Os investidores passaram a acreditar na manutenção de uma tarifa de importação universal, sem o retorno a tarifas específicas por país. Uma taxa de 10% já é significativa, mas a economia global vem se ajustando gradualmente às tarifas impostas pelos EUA. E se Donald Trump surpreender a todos no início de julho, elevando drasticamente as apostas? Essa incerteza tem limitado o avanço do EUR/USD.
Não há dúvidas de que o excêntrico republicano é capaz de causar surpresas. Basta lembrar sua recente declaração de que a China pode estar comprando petróleo do Irã — algo que contraria a doutrina de Washington de reduzir as receitas iranianas por meio de sanções. Ainda assim, os investidores já se acostumaram à imprevisibilidade presidencial. As manobras do presidente dos EUA podem ocorrer a qualquer momento. E parece que os mercados estão excessivamente confiantes na manutenção de uma tarifa universal de apenas 10%.
Dinâmica das receitas tarifárias dos EUA
Até agora, as tarifas de importação não afetaram de forma significativa a economia dos EUA. A inflação permanece moderada, e embora o crescimento do emprego esteja desacelerando, ainda está longe de níveis preocupantes. Mesmo a contração do PIB no primeiro trimestre não gerou alarme — foi amplamente atribuída ao aumento antecipado das importações e à queda nas exportações líquidas.
Segundo o Danske Bank, a resiliência da economia americana diante dos choques provocados pelo protecionismo da Casa Branca é uma das razões que dificultam a trajetória de alta do EUR/USD. O banco projeta que, no longo prazo — ao longo de 12 meses —, o par poderá atingir 1,22. No entanto, no curto prazo, os compradores enfrentam obstáculos consideráveis. Além dos dados macroeconômicos robustos, pesam contra o euro o posicionamento excessivamente pessimista em relação ao dólar americano e os conflitos geopolíticos em andamento. Esses fatores continuam a sustentar o dólar como ativo de refúgio.
Tendências da inflação nos EUA
Acredito que a confiança excessiva do mercado na capacidade de Washington de manter apenas uma tarifa universal pode afetar negativamente os índices de ações e o dólar americano. De acordo com o economista-chefe da Casa Branca, Stephen Miran, os EUA poderiam arrecadar US$ 3 a 5 trilhões com tarifas de importação nos próximos 10 anos. Somado à aceleração econômica resultante do projeto de corte de impostos "grande e belo" de Trump, isso poderia reduzir o déficit orçamentário em US$ 8,5 a 11 trilhões.
Esses números são altamente otimistas, mas indicam que o presidente dos EUA não tem intenção de abandonar as tarifas. Pelo contrário, é muito provável que ele as aumente no início de julho. Isso seria um choque para os mercados financeiros e poderia desencadear uma onda de vendas de ativos americanos, incluindo o dólar.
Do ponto de vista técnico, o EUR/USD está lutando pelo controle do nível pivô em 1,1625 no gráfico diário. Se os ursos vencerem, a formação de um padrão de topo duplo poderia ser uma base para vendas de curto prazo. Por outro lado, uma quebra de alta permitiria que as posições de compras fossem ampliadas em direção a uma meta de 1,20.