O mercado ignorou os dados extremamente fracos sobre o emprego divulgados pela ADP, concentrando-se em outros fatores.
O relatório da ADP, publicado na quarta-feira, revelou uma desaceleração significativa no setor privado dos EUA. Em vez de um modesto aumento na criação de empregos, foi registrada uma queda de 33 mil postos em junho, em contraste com a expectativa de crescimento de 99 mil. Igualmente relevante foi a revisão para baixo dos dados de maio, que passaram a indicar apenas 29 mil novos empregos.
Por que o mercado — especialmente o norte-americano — ignorou o relatório negativo da ADP? Na minha opinião, há três razões principais:
Primeiro, quando a economia dos EUA desacelera e isso impacta o mercado de trabalho, o Federal Reserve quase sempre inicia cortes na taxa de juros. A lógica é que as empresas precisam de estímulos para voltar a gerar empregos. Dessa premissa surge uma regra clássica do mercado, frequentemente resumida como "quanto pior, melhor". Isso significa que, quanto pior a situação — neste caso, no mercado de trabalho —, combinada com uma inflação relativamente baixa, maior é a probabilidade de o Fed retomar os cortes de juros, possivelmente já em setembro deste ano. Os participantes do mercado veem isso como algo positivo no longo prazo e, por isso, compram ações, levando os três principais índices a renovarem suas máximas.
Em segundo lugar, a iniciativa de Donald Trump de ampliar o déficit orçamentário e reduzir os impostos para as empresas no Congresso deve estimular a atividade econômica e sustentar a demanda por ações corporativas.
Por fim, a pressão exercida por Trump sobre os parceiros comerciais resultou em acordos preferenciais para os EUA, aliviando as tensões tarifárias globais. Isso elimina uma das principais incertezas que pairavam sobre os investidores nos últimos seis meses, impedindo-os de avaliar como terminaria a saga tarifária.
O que esperar dos mercados hoje?
Hoje é um dia de negociação mais curto nos Estados Unidos, devido à véspera do Dia da Independência, e a atividade do mercado tende a ser menor pela ausência de investidores americanos.
De modo geral, acredito que o atual momento positivo nos mercados acionários deve continuar. O ouro pode encontrar suporte em razão das tensões persistentes no Oriente Médio, embora grandes altas nos preços sejam improváveis. O mercado de criptomoedas, após um aumento pontual na demanda, pode voltar a entrar em uma fase de consolidação. O índice do dólar americano provavelmente seguirá em movimento lateral abaixo do nível de 97,00. Já os preços do petróleo bruto podem retomar um crescimento gradual, impulsionados pelo otimismo em relação à recuperação econômica global após o fim do período de guerra comercial.
Previsão do dia:
Bitcoin
A criptomoeda está se consolidando efetivamente dentro de uma ampla faixa de 99.000,00–110.000,00. No gráfico de preços, formou-se um padrão de continuação de tendência — uma "bandeira descendente" — que, se concretizado, poderia levar a um aumento de preço para 111.986,00 após romper acima de 109.713,00. O nível de compra pode estar próximo de 109.955,00.
#NDX
A CFD sobre os futuros do NASDAQ 100 está sendo negociada um pouco abaixo da alta local de 22.698,00. Uma quebra acima desse nível, em meio ao sentimento positivo do mercado, poderia levar a uma alta em direção a 23.130,00. O nível de compra poderia ficar próximo de 22.725,00.