Os contratos futuros de ouro caíram, já que os traders continuam aguardando esclarecimentos da Casa Branca sobre sua política tarifária, depois que uma agência do governo dos EUA chocou o mercado na semana passada ao decidir oficialmente que as barras de ouro de 100 onças e de um quilo estariam sujeitas a tarifas adicionais.
Os investidores, acostumados a ver o ouro como um porto seguro em períodos de instabilidade econômica, agora são forçados a reavaliar suas estratégias e considerar um novo risco: a imprevisibilidade da política governamental. A dúvida é se este será um caso isolado ou o início de uma nova onda de medidas protecionistas, e essa incerteza está pesando sobre os preços. Além disso, o receio em relação às tarifas sobre o ouro afeta indiretamente outros setores da economia. Empresas produtoras de joias e componentes eletrônicos estão revendo suas estruturas de custos e projetando possíveis impactos sobre suas operações.
O governo Trump afirmou que, em breve, divulgará um esclarecimento sobre o que inicialmente chamou de desinformação a respeito da introdução de tarifas sobre o ouro. Está claro que algum tipo de restrição será implementado, mas permanece a questão sobre qual será o formato e o alcance dessa medida. A diferença de preço entre as cotações nos EUA e em Londres diminuiu, depois de atingir um spread de 60 dólares por onça e ultrapassar 100 dólares no auge, em reação ao choque inicial com a notícia.
A política de Washington tem implicações amplas para o fluxo global de ouro e, potencialmente, para o funcionamento regular dos contratos futuros do metal nos EUA. A administração havia isentado o ouro das tarifas em abril e, segundo traders, até que a perspectiva de longo prazo fique clara, os mercados de metais preciosos permanecerão em estado de alerta.
Desde o início do ano, o preço do ouro acumula alta de cerca de 30%, embora a maior parte desse avanço tenha ocorrido nos quatro primeiros meses, impulsionada por tensões geopolíticas e comerciais. Na sexta-feira, os preços registraram o segundo ganho semanal consecutivo.
Nesta semana, os traders estarão atentos aos dados de inflação dos EUA para avaliar a postura da Reserva Federal em relação às taxas de juros nos próximos meses. Os economistas esperam que os preços ao consumidor, excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, tenham subido 0,3% em julho, acelerando em relação ao ganho de 0,2% no mês anterior.
A reunião entre Putin e Trump também será de grande importância. Os acordos firmados por eles influenciarão o grau de apetite ou aversão ao risco entre os investidores, o que certamente será refletido nos preços do ouro. Avanços significativos nas negociações podem exercer pressão para baixo sobre o metal.
Quanto ao cenário técnico atual do ouro, os compradores precisam romper a resistência mais próxima em 3.400 dólares. Isso permitiria mirar 3.444 dólares, acima do qual um rompimento será bastante desafiador. O alvo final seria a região dos 3.490 dólares. Em caso de queda, os vendedores tentarão assumir o controle no nível de 3.369 dólares. Se conseguirem, a quebra dessa faixa causaria um sério golpe nas posições dos compradores e empurraria o ouro para a mínima de 3.341 dólares, com perspectiva de alcançar 3.313 dólares.