Em julho, a postura firme do Banco do Japão, ao sinalizar a possibilidade de um novo aumento da taxa de juros caso se confirmem as projeções de crescimento econômico e inflação, vem sustentando a valorização do iene, que acumula três dias consecutivos de alta até esta quinta-feira.
Enquanto isso, o dólar norte-americano é negociado próximo ao nível mais baixo em mais de duas semanas, diante do aumento das expectativas de que o Federal Reserve reduzirá a taxa de juros em sua reunião de setembro. Esse cenário é reforçado pelos recentes dados macroeconômicos decepcionantes dos EUA, incluindo o relatório de folhas de pagamento não agrícolas (NonFarm Payrolls) de julho, que apontou sinais de deterioração no mercado de trabalho. 
Além disso, os dados de inflação ao consumidor dos EUA divulgados na terça-feira vieram em linha com as previsões, reforçando a percepção de que as recentes pressões sobre os preços, associadas ao aumento das tarifas, são temporárias. Esse cenário aumentou a probabilidade de um corte de juros pelo Federal Reserve mais agressivo do que o inicialmente esperado.
No Japão, os últimos indicadores mostraram queda nos salários reais pelo sexto mês consecutivo, enquanto a desaceleração do Índice de Preços de Bens Corporativos (CGPI) intensificou as preocupações quanto à recuperação econômica baseada no consumo.
Outros fatores, como a instabilidade política interna e os temores sobre o impacto econômico das tarifas impostas pelos EUA, podem atrasar os planos do Banco do Japão para normalizar a política monetária. Ainda assim, esses riscos não parecem preocupar de forma significativa os investidores posicionados no iene.
De modo geral, o sentimento de mercado em relação ao risco permanece favorável, sustentado pelas expectativas de novos cortes de juros pelo Fed, pela extensão de três meses da trégua comercial entre EUA e China e pelo otimismo em torno da cúpula EUA–Rússia voltada ao fim do conflito na Ucrânia.
Hoje, as atenções do mercado se voltam para a divulgação do Índice de Preços ao Produtor (PPI) dos EUA e para os comentários de membros do Federal Open Market Committee (FOMC), eventos que podem estimular a demanda pelo dólar e dar impulso ao par USD/JPY durante a sessão norte-americana.
No aspecto técnico, um rompimento consistente abaixo da média móvel simples (SMA) de 200 períodos no gráfico de 4 horas, na região-chave de 147,00, pode servir como gatilho para novas vendas. Contudo, como o Índice de Força Relativa (RSI) nesse período se aproxima da zona de sobrevenda, é prudente aguardar uma consolidação intradiária ou um leve repique antes de abrir novas posições. Qualquer tentativa de recuperação tende a atrair novos vendedores e deve permanecer limitada pela resistência em torno de 147,00 — nível que atua como ponto pivô crucial. Um movimento decisivo acima dele poderia acionar cobertura de posições vendidas em direção à faixa de 147,30–147,50.
Por outro lado, o par USD/JPY pode recuar para testar o suporte em 146,00, com possibilidade de extensão da queda em direção à zona de 145,30 e, posteriormente, ao nível psicológico de 145,00.
