Embora a geopolítica continue no centro das atenções do mercado — especialmente a próxima cúpula entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente russo, Vladimir Putin, marcada para sexta-feira, e a visita de ontem de Volodymyr Zelensky à Casa Branca, com o apoio de um grupo de líderes europeus — os investidores começam a voltar seu foco para questões econômicas, em particular para o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no tradicional simpósio de Jackson Hole.
Por que esse discurso de Powell, no encerramento de seu mandato como presidente do Fed, é tão importante para os investidores?
Recentemente, em meio a uma clara deterioração do mercado de trabalho dos EUA, as expectativas de corte de juros pelo Fed dispararam, embora depois tenham se moderado um pouco. Após a divulgação do último relatório de inflação ao consumidor, essas expectativas ultrapassaram 90%, segundo a dinâmica da taxa dos federal funds, mas recuaram para 83,6% após uma alta inesperada nos dados de inflação ao produtor, que os participantes do mercado passaram a considerar — apesar de os terem ignorado por anos.
Nesse contexto, com uma divisão visível dentro do Fed sobre a conveniência de cortes de juros, Powell falará no fórum de Jackson Hole nesta sexta-feira.
O que podemos esperar do presidente? Ele sinalizará que os mercados devem se preparar para o primeiro corte de juros do ano, ou não?
A incerteza cresce, já que alguns membros do Fed agora apoiam cortes de juros, enquanto outros — junto com o próprio Powell — mostram-se relutantes. Os participantes do mercado também não têm certeza se o presidente Trump conseguirá pressionar o Fed a suavizar a política monetária e abandonar a meta de inflação de 2%. Mas se Powell insinuar em Jackson Hole que cortes de juros são possíveis — em vez de mais uma vez "lançar dúvidas" com declarações de que as perspectivas ainda não estão claras e que é cedo para discutir tais medidas — os mercados reagirão com entusiasmo. O primeiro a se beneficiar será o mercado acionário dos EUA, que mesmo em máximas históricas poderá continuar sua trajetória de alta, apoiado por um forte fluxo de capital estrangeiro em busca de porto seguro diante dos riscos geopolíticos e econômicos em outras regiões.
Nesse cenário, o dólar inevitavelmente ficará sob pressão e poderá cair temporariamente abaixo do nível de 97,00 em seu índice. Isso também deve sustentar a demanda por criptomoedas negociadas contra o dólar e pelo ouro. No entanto, não se espera uma queda significativa do dólar no mercado Forex, principalmente porque as moedas da cesta do dólar também enfrentam problemas econômicos e financeiros na Europa e em outras regiões. Assim, qualquer queda do dólar tende a ser local e limitada.
O que podemos esperar dos mercados hoje?
Acredito que haverá uma consolidação antes do discurso de Powell em Jackson Hole, já que muito dependerá de suas palavras e da postura mais ampla do Fed em relação às taxas. No geral, continuo a considerar as perspectivas do mercado moderadamente positivas.
Previsão diária:
Bitcoin
A criptomoeda continua a negociar dentro de uma ampla faixa lateral, em meio a expectativas de um possível corte de juros pelo Fed na reunião de setembro. Qualquer indício de Powell sobre esta medida pode aumentar a demanda por tokens, incluindo o Bitcoin. Isso poderia levar seu preço até 118.530,00, desde que se mantenha acima do nível de 114.810,00 do ponto de vista técnico. Um nível de entrada adequado para compra poderia ser em torno de 115.747,50.
Ouro
Os preços do ouro também estão negociando em uma ampla faixa. Um desfecho moderado no discurso de Powell poderia empurrar o "metal amarelo" para cima, em direção a 3.373,00, desde que se mantenha acima de 3.328,15. Um nível de entrada adequado para compra poderia ser próximo a 3.344,70.
