Pelo segundo dia consecutivo, o iene japonês segue perdendo terreno frente ao dólar americano. Dados divulgados nesta sexta-feira pelo Departamento de Estatísticas do Japão mostraram que o crescimento anual dos preços ao consumidor desacelerou para 3,1% em julho, ante 3,3% em junho. O indicador principal, que exclui os preços de alimentos frescos, também recuou de 3,3% para 3,1%, atingindo o nível mais baixo desde novembro de 2024.
Ainda assim, os números vieram ligeiramente acima das expectativas do mercado, que projetavam desaceleração para 3%. Destaque para o Núcleo de Preços ao Consumidor (CPI) que exclui alimentos e energia, métrica acompanhada de perto pelo Banco do Japão, que avançou 3,4% na comparação anual em julho, reforçando as apostas de novos apertos monetários por parte do regulador.
Apesar disso, investidores permanecem cautelosos quanto ao momento de um eventual aumento de juros pelo Banco do Japão, o que limita a demanda pelo iene. Ao mesmo tempo, persiste a marcante divergência de política monetária entre o Banco do Japão e a Reserva Federal.
Diante de sinais de pressões inflacionárias crescentes, participantes do mercado reduziram as expectativas quanto à intensidade do afrouxamento monetário do Fed. Mesmo assim, traders ainda precificam alta probabilidade de corte de juros em setembro, seguido de mais dois cortes até o fim do ano.
Essa reavaliação foi motivada pelos dados de pedidos de auxílio-desemprego nos EUA divulgados na quinta-feira: os pedidos iniciais atingiram o maior nível em três meses, enquanto os contínuos chegaram ao patamar mais alto em quase quatro anos. Esses números sugerem que o resfriamento do mercado de trabalho persistiu em agosto.
Somam-se a isso as preocupações trazidas pela queda do Índice de Atividade Industrial do Fed da Filadélfia, que recuou de 15,9 em julho para -0,3 em agosto, intensificando os temores de desaceleração do crescimento econômico americano e reforçando as expectativas de cortes iminentes de juros pelo Fed.
Esses fatores, aliados à expectativa pelo discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, no simpósio de Jackson Hole, estão limitando a atividade de compra de dólares. Suas declarações podem trazer pistas sobre os próximos passos do Fed em relação aos cortes de juros, potencialmente dando novo fôlego ao dólar e ao par USD/JPY.
Do ponto de vista técnico, o rompimento ontem do nível-chave de 148,00, seguido pelo avanço de hoje acima da resistência de 148,50, é visto como um gatilho altista. Osciladores positivos no gráfico diário confirmam o cenário favorável. Assim, é provável uma tentativa de teste da média móvel simples de 200 dias (SMA), atualmente logo acima da região de 149,00. Uma quebra sustentada desse nível abriria espaço para retestar a barreira psicológica de 150,00.
Em contrapartida, qualquer correção de baixa deve atrair compradores próximos a 148,00. O próximo suporte está em 147,80; abaixo dele, o USD/JPY poderia estender a queda para 147,30 e, depois, para 147,00. Uma quebra consistente abaixo desse patamar anularia a perspectiva positiva e mudaria o viés de curto prazo em favor dos ursos.