No final do dia de negociação anterior, os índices de ações americanos fecharam em baixa. O S&P 500 caiu 0,43%, enquanto o Nasdaq 100 diminuiu 0,22%. O Dow Jones Industrial Average perdeu 0,47%.
O dólar recuperou a maior parte de suas perdas anteriores depois que a governadora da Reserva Federal, Lisa Cook, afirmou que não tinha intenção de renunciar, apesar da tentativa do presidente Donald Trump de demiti-la.
O dólar havia recuado 0,3%, enquanto o ouro subia 0,6%, após a decisão de Trump de demitir Lisa Cook sob acusações de falsificação de documentos hipotecários. Posteriormente, ambas as tendências se inverteram: o dólar reduziu as perdas e o ouro devolveu ganhos depois que Cook afirmou que não renunciaria. Os índices asiáticos recuaram 0,7%, e os futuros de ações nos EUA e na Europa também registraram quedas.
No mercado de renda fixa, os Treasuries recuaram, deixando a curva de rendimentos mais inclinada, já que a medida de Trump reacendeu dúvidas sobre a independência do Federal Reserve (Fed). Os futuros dos títulos franceses caíram para o nível mais baixo desde março nas negociações asiáticas, em meio à crise política no país.
A incerteza política gerou nervosismo entre investidores, refletindo-se em fuga de ativos de risco. A declaração de Cook pode ter sido interpretada como um sinal de manutenção do status quo, minando a confiança nas perspectivas da política econômica. Em busca de segurança, investidores migraram para moedas consideradas refúgio, como o dólar, que conseguiu recuperar parte do terreno perdido. A queda dos índices asiáticos reflete preocupações mais amplas com as perspectivas da economia global e com as tensões comerciais.
O ouro, tradicionalmente visto como porto seguro, recuou — em aparente contradição com o ambiente de aversão ao risco. É possível que investidores tenham liquidado posições para fazer caixa e cobrir perdas em outras classes de ativos, ou ainda interpretado a fala de Cook como sinal de estabilidade futura, reduzindo a demanda por ativos defensivos.
De todo modo, as ações de Trump reforçam o sentimento negativo em relação aos ativos americanos. Sua guerra tarifária e o déficit orçamentário em expansão já haviam reavivado, no início do ano, o slogan "Vender América", que levou Wall Street a questionar o chamado excepcionalismo dos EUA. Nesse contexto, traders continuam buscando alternativas ao dólar, ainda a principal moeda de reserva global, e aos títulos do Tesouro. Qualquer sinal de enfraquecimento da independência do Fed pode acelerar esse movimento.
A demissão de Cook levanta sérias preocupações sobre a independência do Fed, já que não há base legal para a medida. Caso Trump prevaleça nessa questão, ele poderia potencialmente contar com quatro membros do conselho alinhados à sua visão. Ainda não se sabe se esses membros manteriam a independência do Fed e cumpririam seu duplo mandato.
No cenário técnico do S&P 500, a principal tarefa dos compradores hoje será romper a resistência imediata em 6.441 pontos, abrindo caminho para novos avanços e a possibilidade de alcançar 6.457 pontos. Manter o controle acima de 6.473 pontos também será crucial para reforçar a posição dos touros.
Em caso de movimento de baixa, impulsionado pela queda no apetite por risco, os compradores precisarão retomar o controle em torno de 6.428 pontos. A perda desse patamar poderia empurrar rapidamente o índice para 6.414 pontos e abrir espaço para uma nova queda até 6.403 pontos.
