A estrutura de ondas continua baixista, reforçada pela queda de ontem. A última onda de alta rompeu o topo anterior apenas marginalmente, enquanto a última onda de baixa superou duas mínimas consecutivas de uma só vez. O pano de fundo noticioso teve papel decisivo na formação dos movimentos das últimas semanas. Na minha visão, o cenário segue desfavorável à libra, ainda que eventos pontuais possam oferecer algum suporte aos ursos.
Na terça-feira, a atenção dos traders esteve voltada para tudo, menos para os títulos do Reino Unido. Nesse mesmo dia, os rendimentos dos gilts atingiram 5,7%, o nível mais alto desde 1998, o que desencadeou uma queda acentuada da moeda britânica. Importa notar que essa trajetória já estava em andamento, pois dificilmente tal nível seria alcançado de forma abrupta em apenas uma sessão. Assim, o colapso da libra poderia ter ocorrido em qualquer momento — mas acabou acontecendo ontem.
O aumento dos rendimentos implica custos mais elevados para o serviço da dívida, em um contexto de crescente necessidade de financiamento pelo governo. O orçamento britânico está em déficit, exigindo maior endividamento, que se torna cada vez mais caro. Ao mesmo tempo, a inflação permanece elevada, enquanto a libra se desvaloriza cerca de 4% ao ano. O pano de fundo noticioso virou, de forma brusca, 180 graus contra a moeda britânica.
No gráfico de 4 horas, o par inverteu a favor do dólar e se consolidou abaixo da zona de suporte em 1,3378–1,3435, da qual já havia recuado duas vezes anteriormente. Assim, a queda pode continuar em direção ao nível de 76,4% de retração de Fibonacci em 1,3118.
O quadro gráfico está misto, com os traders movimentando o par para cima e para baixo. Nesta fase, recomendo prestar mais atenção ao gráfico horário. Nenhuma divergência está se formando em nenhum dos indicadores.
Relatório Compromisso dos Traders (COT):
O sentimento da categoria "Não comercial" de traders tornou-se mais baixista na última semana de referência. O número de posições longas detidas por especuladores diminuiu em 5.302, enquanto o de posições curtas aumentou em 866. Atualmente, a diferença entre compras e vendas é de cerca de 76.000 contra 107.000. Ainda assim, observa-se que a libra mantém tendência de alta, com os traders mais inclinados para a compra.
Na minha avaliação, porém, a libra ainda tem espaço para cair. O pano de fundo noticioso do dólar norte-americano foi muito desfavorável nos primeiros seis meses do ano, mas vem mostrando sinais de melhora. As tensões comerciais estão diminuindo, novos acordos importantes vêm sendo firmados e a economia dos EUA deve se recuperar no segundo trimestre, apoiada pelas tarifas e pelo aumento dos investimentos internos. Ao mesmo tempo, as expectativas de afrouxamento monetário pelo Fed no segundo semestre já exercem forte pressão sobre o dólar. Assim, por enquanto, não vejo fundamentos sólidos para uma "tendência do dólar".
Calendário de notícias para os EUA e o Reino Unido:
EUA – Vagas de Emprego JOLTS (publicado).
No dia 3 de setembro, o calendário econômico traz um único dado relevante. A influência do noticiário sobre o sentimento do mercado na quarta-feira será sentida na segunda metade do dia.
Previsão e dicas para traders sobre o GBP/USD
No gráfico horário, foi possível vender o par após o fechamento abaixo de 1,3482, com todas as metas próximas já alcançadas. Para hoje, novas vendas poderão ser consideradas caso haja um fechamento abaixo da faixa de 1,3357–1,3364, com objetivos em 1,3311 e 1,3246. Por outro lado, compras podem ser avaliadas em caso de recuperação a partir de 1,3357–1,3364, mirando as zonas de 1,3416–1,3425 e 1,3482.
As grades de Fibonacci estão traçadas a partir de 1,3586–1,3139 no gráfico horário e de 1,3431–1,2104 no gráfico de 4 horas.