O PIB da Austrália cresceu 0,6% no segundo trimestre (+1,8% em relação ao ano anterior), em grande parte devido a um aumento surpreendente na demanda — o consumo das famílias subiu 0,9% em relação ao trimestre anterior. Parece que os rendimentos reais estão aumentando, embora o quadro seja matizado: a taxa de poupança caiu de 5,2% para 4,2%, o que sugere que o aumento pode não ser apenas devido ao crescimento da renda disponível, mas também à redução da poupança.
No geral, a Austrália mostra sinais de recuperação um pouco mais rápidos do que o esperado. Segundo o NAB, o crescimento econômico pode se aproximar da taxa de tendência de 2,5% ao ano já no próximo ano. Caso não surjam sinais de nova alta da inflação, espera-se que o RBA promova mais dois cortes de juros — um em novembro e outro em fevereiro — levando a taxa básica a um nível neutro de 3,1%, encerrando assim o ciclo de afrouxamento.
As exportações contribuíram apenas modestamente para o PIB no segundo trimestre, mas permanecem com grande potencial de apoiar a recuperação, especialmente se a demanda externa por produtos australianos seguir firme. Nesse cenário, a Austrália tende a se beneficiar do fortalecimento da Organização de Cooperação de Xangai e, em particular, da China, seu principal mercado de commodities.
O mercado segue em equilíbrio instável, à espera da decisão da Suprema Corte dos EUA sobre tarifas. As duas semanas que antecedem a reunião do Federal Reserve serão decisivas, tanto do ponto de vista macroeconômico quanto em função dos riscos geopolíticos, aumentando a probabilidade de movimentos bruscos nos preços dos ativos.
Na semana de referência, a posição líquida vendida no dólar australiano aumentou em US$ 409 milhões, chegando a -US$ 6,53 bilhões, o que reflete um sentimento especulativo fortemente baixista. Ao mesmo tempo, o valor justo estimado mostra sinais de recuperação, apoiado principalmente na divergência entre os rendimentos dos títulos dos EUA e da Austrália.
Na análise anterior, destacamos o risco de um novo teste da área de suporte em 0,6410/20. Esse cenário agora parece menos provável. Ainda assim, vemos o potencial de alta do AUD/USD como amplamente limitado, com o posicionamento pessimista no mercado de títulos reforçando essa avaliação.
Os investidores permanecem cautelosos em relação às perspectivas da Austrália, considerando que a China tem poucas chances de obter vantagens no impasse comercial com os EUA e que eventuais restrições às exportações chinesas impactariam diretamente os volumes de exportação australianos, restringindo o crescimento futuro do PIB.
Por enquanto, o cenário mais provável é a manutenção do par dentro de uma faixa de negociação, à espera de novos dados. O suporte segue em 0,6410/20, com menor probabilidade de rompimento, enquanto há pouca justificativa para uma alta até a máxima local em 0,6628.