O ouro bateu um novo recorde esta semana, com os operadores e investidores antecipando medidas mais dovish por parte da Reserva Federal, incluindo novos cortes nas taxas de juro nos próximos meses.
Na terça-feira, o preço do ouro superou a máxima histórica registrada na segunda-feira, próxima de US$ 3.685 por onça, também impulsionado pela desvalorização do dólar americano, que atingiu o menor nível em mais de sete semanas. Embora o corte de juros desta semana já esteja precificado, o Fed também divulgará suas projeções econômicas e de taxas trimestrais — conhecidas como dot plot, e o presidente do banco central, Jerome Powell, concederá uma coletiva de imprensa após a decisão.
O recente avanço no preço do metal precioso reflete a crescente incerteza quanto à estabilidade econômica global e expectativas de inflação mais altas. Investidores, receosos com a desvalorização das moedas fiduciárias, estão recorrendo ao ouro, tradicionalmente visto como uma reserva de valor em períodos de turbulência.
A próxima decisão de política monetária do Fed é o grande evento da semana, acompanhado de perto pelos participantes do mercado. As expectativas de uma postura mais dovish, incluindo o corte de juros amanhã e possivelmente novas reduções adiante, estão impulsionando a demanda por ouro, já que taxas mais baixas tornam investimentos alternativos, como títulos, menos atrativos.
Além das expectativas em relação ao Fed, outros fatores também sustentam a valorização do ouro. Tensões geopolíticas, a nova escalada militar em Israel, guerras comerciais e instabilidade política em diversas regiões do mundo vêm aumentando a busca por ativos de refúgio. Além disso, as compras ativas de ouro por bancos centrais em vários países reforçam a tendência de alta.
Paralelamente, a crescente pressão exercida pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sobre o Fed, incluindo tentativas de forçar a renúncia da diretora Lisa Cook, também tem contribuído para ampliar a demanda pelo metal.
No acumulado do ano, o ouro já subiu mais de 40%, superando ativos relevantes como o S&P 500, e recentemente ultrapassou o pico ajustado pela inflação alcançado em 1980. O Goldman Sachs Group Inc. projeta que o preço do ouro pode se aproximar de US$ 5.000 por onça caso apenas 1% das reservas privadas em Treasuries migre para o metal precioso.
Do ponto de vista técnico, os compradores agora precisam superar a resistência mais próxima, em US$ 3.705. Isso abriria caminho para US$ 3.756, acima do qual será bastante difícil romper para cima. O alvo mais distante é a área de US$ 3.813. Se o ouro cair, os ursos tentarão assumir o controle em US$ 3.658. Se forem bem-sucedidos, uma quebra abaixo dessa faixa poderia causar um sério golpe aos touros e empurrar o ouro para uma baixa de US$ 3.600, com a perspectiva de atingir US$ 3.562.