Na quinta-feira, o iene japonês assumiu uma postura defensiva em relação ao dólar americano. O par USD/JPY está subindo pelo segundo dia consecutivo, recuperando-se após cair brevemente para seu nível mais baixo desde 7 de julho, imediatamente após a decisão da Reserva Federal sobre as taxas de juros. No momento da escrita, o par está sendo negociado perto do nível psicológico de 148,00, com alta de quase 0,75% no dia. Essa força é impulsionada pelos ganhos do dólar, enquanto os traders aguardam dois eventos importantes na sexta-feira: o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) nacional do Japão e a decisão final do Banco do Japão sobre as taxas de juros. 
O Banco do Japão (BoJ) deverá manter sua taxa básica em 0,50%, com o foco dos investidores voltado para as perspectivas do governador Kazuo Ueda. A economia japonesa mostrou resiliência: o PIB do 2º trimestre foi revisado para um crescimento anualizado de 2,2%, e o hiato do produto voltou a ficar positivo pela primeira vez desde 2023 (+0,3%), sinalizando recuperação da demanda doméstica. A inflação segue acima da meta, com os principais indicadores em torno de 3%, apesar das projeções de desaceleração gradual para 2% ao longo do próximo ano.
Apesar do crescimento mais forte e da inflação acima da meta, o BoJ dificilmente se apressará em adotar um aperto monetário. Os salários reais continuam pressionados, limitando o consumo das famílias, enquanto a incerteza política após a renúncia do primeiro-ministro Shigeru Ishiba reforça as expectativas de cautela. Outubro e dezembro permanecem como possíveis datas para um eventual aumento de juros.
O relatório do CPI de agosto, que será divulgado na sexta-feira, será decisivo para avaliar as pressões inflacionárias. Em julho, a inflação anual desacelerou para 3,1%, ante 3,3% em junho. O índice central, que exclui alimentos frescos, também caiu de 3,3% para 3,1%, e deve recuar ainda mais para 2,7% em agosto, sugerindo alívio na inflação subjacente. Já o índice que exclui alimentos e energia permaneceu estável em 3,4% em junho e julho, evidenciando pressões domésticas persistentes nos preços.
Nesse cenário, a divergência de políticas monetárias permanece no centro das atenções. O Fed cortou juros em 25 pontos-base pela primeira vez desde dezembro de 2024, enquanto o BoJ mantém uma postura cautelosa, preservando a política inalterada, mas deixando aberta a possibilidade de aperto futuro enquanto a inflação se mantiver acima da meta.
Perspectiva técnica: O rompimento da resistência horizontal em 147,50 e do nível psicológico de 148,00 favoreceu os compradores, mas o par não conseguiu sustentar ganhos acima desse patamar. Ainda assim, os osciladores voltaram ao campo positivo, confirmando uma visão otimista. Se o par continuar acima de 148,00 abriria caminho para a Média Móvel Simples (SMA) de 200 dias, atualmente próxima de 148,70, antes de testar o nível redondo de 149,00.
Por outro lado, o suporte imediato está próximo de 147,50, seguido do nível psicológico de 147,00. Uma quebra decisiva abaixo dessa região poderia abrir espaço para perdas mais profundas.
