A libra esterlina retomou sua queda após a notícia de que os empréstimos do governo britânico em agosto superaram as previsões, causando um duro golpe à ministra das Finanças, Rachel Reeves, antes de um orçamento desafiador para o outono. Mesmo os dados positivos das vendas no varejo, que superaram as expectativas dos economistas, não conseguiram oferecer suporte.
De acordo com dados divulgados pelo Escritório Nacional de Estatísticas na sexta-feira, o déficit do Reino Unido atingiu 18 bilhões de libras, bem acima da previsão do Escritório de Responsabilidade Orçamentária (OBR) de 12,5 bilhões, marcando o maior endividamento mensal dos últimos cinco anos.
Esse aumento inesperado no déficit intensifica os desafios de uma economia já pressionada pela alta inflação e desaceleração do crescimento. Os mercados reagiram imediatamente, sinalizando preocupações quanto à sustentabilidade das finanças públicas britânicas. A libra perdeu parte dos ganhos anteriores, refletindo uma queda na confiança dos investidores na perspectiva econômica do país. Novos aumentos do déficit podem levar a um rebaixamento da nota de crédito do Reino Unido, dificultando a atração de investimentos e elevando o custo do serviço da dívida pública.
Agora, Rachel Reeves enfrenta a difícil tarefa de elaborar um orçamento que estimule o crescimento econômico sem agravar o endividamento. Será necessário equilibrar investimentos em infraestrutura e programas sociais com medidas de austeridade para estabilizar as finanças públicas. O orçamento, previsto para este outono, será um teste crucial para o governo britânico, definindo não apenas a política econômica dos próximos anos, mas também o futuro da libra, altamente sensível a cada anúncio ou mudança nos planos governamentais.
Ao final dos primeiros cinco meses do ano fiscal, o déficit orçamentário acumulado chegou a 83,8 bilhões de libras, 11,4 bilhões acima da previsão do OBR e 67,6 bilhões superior ao registrado no mesmo período do ano anterior. Essa piora foi impulsionada pelo aumento dos gastos com serviços públicos, benefícios sociais e juros da dívida, além de revisões fiscais desfavoráveis.
O aumento dos custos do serviço da dívida, mudanças abruptas na política e a esperada revisão negativa das avaliações de produtividade pelo OBR podem levar ao descumprimento das regras fiscais da Chanceler, que preveem que as receitas cubram os gastos correntes até o ano fiscal de 2029–30.
No varejo, as vendas no Reino Unido em agosto cresceram mais do que o esperado. O volume de bens vendidos online e em lojas subiu 0,5%, igualando o índice revisado de julho. O clima quente impulsionou a venda de roupas e produtos de padaria, compensando quedas em equipamentos de informática e telecomunicações. Economistas projetavam um crescimento de 0,4%. O relatório confirma que os consumidores ignoraram alertas sobre cortes de empregos, desaceleração nos salários e aumento de preços, grande parte decorrente do aumento de 26 bilhões de libras nos gastos com salários promovido pelo Partido Trabalhista. Vendas no varejo mais fortes agora oferecem algum alívio para a Chanceler, Rachel Reeves.
No cenário técnico do GBP/USD, os compradores precisam recuperar a resistência próxima de 1,3570 para mirar o nível de 1,3620, que será difícil de ultrapassar. O alvo mais distante está em 1,3655. Por outro lado, se os preços caírem, os vendedores tentarão retomar o controle em 1,3495. Uma quebra dessa faixa representaria um golpe significativo para as posições compradas, projetando o par para a mínima de 1,3455, com perspectiva de extensão até 1,3420.