O ouro recuou para cerca de US$ 3.719 por onça, uma queda de US$ 70 em relação ao recorde registrado na terça-feira. Os preços perderam força na quarta-feira após dados mostrarem que as vendas de novas residências nos EUA em agosto avançaram inesperadamente para o ritmo mais rápido desde o início de 2022, reduzindo parte das preocupações sobre uma desaceleração na maior economia do mundo. O dólar subiu para o nível mais alto em quase duas semanas, tornando o metal mais caro para grande parte dos compradores globais.
Os traders também reagiram aos comentários de autoridades dos EUA. Na quarta-feira, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, expressou decepção com o fato de o presidente do Fed, Jerome Powell, não ter apresentado um plano claro para cortes de juros. No início da semana, Powell havia reiterado a necessidade de cautela diante de sinais de fraqueza no mercado de trabalho e do risco de alta inflacionária. Vale lembrar que cortes de juros costumam favorecer os metais preciosos, já que estes não oferecem rendimento.
A dinâmica de oferta e demanda também segue como fator central. A redução da produção em algumas regiões, somada ao aumento da demanda por parte de bancos centrais, especialmente em mercados emergentes, continua sustentando a pressão de alta sobre o ouro. Diversos bancos centrais vêm comprando o metal para diversificar suas reservas e reduzir a dependência do dólar americano. Essa tendência deve se manter no longo prazo, reforçando o suporte estrutural para o ouro.
Não surpreende, portanto, que ouro e prata estejam entre as commodities mais populares do ano, impulsionados por fatores como o corte de juros do Fed na semana passada e a forte demanda dos bancos centrais. Na terça-feira, os preços saltaram 1,2%, atingindo o pico de US$ 3.791,10 por onça, após rumores de que a China planeja se tornar custodiante de reservas soberanas estrangeiras em metais preciosos.
A demanda também tem sido sólida entre os fundos negociados em bolsa (ETFs), cujos aportes alcançaram na última sexta-feira a máxima em três anos.
No cenário técnico atual, os compradores precisam romper a resistência imediata em US$ 3.756, o que abriria caminho para US$ 3.802. Acima desse nível, a região de US$ 3.849 aparece como alvo mais distante, mas também como barreira significativa. Caso o ouro recue, os ursos tentarão retomar o controle em US$ 3.705. Uma quebra abaixo dessa faixa representaria um golpe importante nos touros e poderia levar o preço até a mínima de US$ 3.658, com risco de queda estendendo-se para US$ 3.600.