Os preços do ouro atingiram um novo recorde histórico, chegando a cerca de US$ 3.800 por onça, impulsionados pela fraqueza do dólar, enquanto investidores demonstravam apreensão diante da possível paralisação do governo dos EUA.
O ouro à vista avançou 1,4%, alcançando US$ 3.814 por onça e superando o pico registrado na última terça-feira, após seis semanas consecutivas de ganhos. A prata subiu 2,4%, e a platina e o paládio também registraram aumentos significativos, sustentados pelas tensões persistentes no mercado e pelo aumento das entradas em ETFs lastreados nesses metais.
A forte demanda física por ouro por parte dos bancos centrais — especialmente em mercados emergentes — tem sido um fator crucial por trás da alta do metal. A diversificação das reservas internacionais em ouro é vista como uma proteção contra flutuações do dólar e outros riscos cambiais, ajudando a sustentar os preços, mesmo diante da volatilidade mais ampla do mercado.
O dólar caiu à medida que investidores antecipavam possíveis desdobramentos negativos antes da reunião marcada para segunda-feira entre líderes do Congresso dos EUA e o presidente Donald Trump, um dia antes da expiração do financiamento do governo federal. A ausência de acordo em um projeto de lei de gastos de curto prazo poderia resultar em paralisação, ameaçando adiar a divulgação de dados econômicos importantes, incluindo o aguardado relatório de emprego de sexta-feira, que os economistas esperam mostrar crescimento fraco do mercado de trabalho em setembro. Um dólar mais fraco normalmente torna os metais preciosos mais baratos para compradores internacionais.
Dados decepcionantes do mercado de trabalho reforçariam ainda mais a expectativa de um novo corte na taxa de juros pelo Federal Reserve na reunião de outubro — cenário que tornaria o ouro ainda mais atraente. Contudo, a incerteza sobre o ciclo de cortes de juros permanece elevada, já que os formuladores de política monetária expressaram opiniões divergentes sobre os próximos passos do Fed.
Como observou recentemente o Barclays Plc, os metais preciosos não parecem supervalorizados em relação ao dólar e aos títulos do Tesouro dos EUA, que devem refletir algum prêmio de risco associado às decisões do Fed, especialmente diante da possível ameaça à independência do banco central.
O ouro já acumula alta de 45% no ano, atingindo níveis recordes impulsionados pela forte demanda dos bancos centrais e pela expectativa renovada de cortes nas taxas pelo Fed. Os preços estão a caminho de fechar o terceiro trimestre consecutivo em alta. Os fluxos para ETFs lastreados em metais preciosos alcançaram o nível mais alto desde 2022. Grandes bancos, incluindo Goldman Sachs e Deutsche Bank, afirmam esperar que o rali continue.
Perspectiva técnica para o ouro
Para os compradores, a resistência imediata está em US$ 3.802. Uma quebra acima desse nível abriria caminho para US$ 3.849, embora superar esse nível possa ser um desafio. O alvo de alta mais distante é vista em US$ 3.906.
Em caso de recuo, os ursos tentarão recuperar o controle em US$ 3.756. Uma quebra abaixo desse nível poderia causar um sério golpe nas posições de alta e puxar o ouro para baixo em direção a US$ 3.705, com potencial para estender as perdas para US$ 3.658.