O que é o Bitcoin — um ativo de risco ou um porto seguro?
Enquanto investidores ainda debatem a resposta certa, o BTC/USD alcançou uma nova máxima histórica, beneficiando-se de uma "vitória dupla" em meio à atual paralisação do governo dos EUA. Com o S&P 500 marcando seu 31º recorde do ano e o ouro ultrapassando os US$ 3.900 por onça, o ambiente está se mostrando cada vez mais favorável aos tokens digitais.
No fim de setembro, o Bitcoin vinha perdendo força por conta de problemas nas tesourarias de criptoativos e da queda na atividade de negociação. Mas a natureza abomina o vácuo. Na semana encerrada em 3 de outubro, investidores injetaram US$ 3,2 bilhões em um grupo de 12 ETFs focados em criptomoedas — o segundo maior volume semanal de entradas da história. O interesse em aberto (open interest) no ETF BlackRock Shares Bitcoin Trust atingiu o recorde de US$ 49,8 bilhões.
Fluxo de capital para ETFs de Bitcoin
Muitos investidores agora veem o Bitcoin como "ouro digital". O forte desempenho dos metais preciosos tem iluminado o caminho para os bulls (compradores) de BTC/USD. Desde o início do ano, o ouro acumula alta de 50%, a prata de 65% e a platina de 80%. Embora as criptomoedas tenham ficado para trás por um tempo, agora começam a recuperar o terreno perdido.
O apelo dessa classe de ativos está ligado ao temor crescente de que a emissão maciça de dívida por parte dos Estados Unidos, Japão e Europa possa comprometer a estabilidade financeira e arrastar a economia global para baixo. Ao mesmo tempo, a expectativa é que a paralisação do governo dos EUA reduza o ritmo de crescimento do PIB não apenas na América, mas em todo o mundo.
Desempenho do ouro, da prata e do Bitcoin.
No final de setembro e início de outubro, os investidores começaram a questionar se o Bitcoin ainda pertence à categoria de "ativo de risco". Sua correlação com os índices acionários dos EUA diminuiu em meio à queda na demanda por parte das tesourarias de criptoativos. De fato, à medida que empresas como a Strategy e outras apresentam desempenho inferior ao do BTC/USD, torna-se cada vez mais difícil levantar capital por meio de novas emissões de ações para comprar criptomoedas. Como resultado, o volume de compras de tokens caiu.
No entanto, com a paralisação do governo dos EUA, as antigas correlações entre o Bitcoin e o S&P 500 voltaram a se fortalecer. A correlação está aumentando, e os investidores voltam a decidir como utilizar o Bitcoin em seus portfólios — seja como ativo de risco ou como porto seguro. Em ambos os casos, o BTC/USD vem ganhando força.
Assim, outubro criou o ambiente ideal para o Bitcoin retomar sua tendência de alta. Não surpreende que o segundo mês do outono (no Hemisfério Norte) seja tradicionalmente positivo para as criptomoedas: em 9 dos últimos 10 meses de outubro, o BTC/USD apresentou valorização. Essa tendência deu origem ao termo "Uptober" nos círculos financeiros.
Do ponto de vista técnico, o gráfico diário do Bitcoin mostra uma tendência de alta renovada. As posições compradas formadas após o rompimento dos níveis de 113.400 e 114.700 devem ser mantidas e ampliadas nas correções. Os primeiros alvos de alta para posições longas em BTC/USD estão definidos em 130.000 e 136.000.