Ontem, o ouro atingiu uma nova máxima histórica, aproximando-se da marca de US$ 4.000 por onça. O movimento foi impulsionado pelo aumento da incerteza nos mercados, decorrente da paralisação do governo dos EUA e da crise política em andamento na França. Além disso, a instabilidade econômica global e a desaceleração do crescimento na China reforçaram a aversão ao risco, levando os investidores a buscar moedas e ativos considerados mais seguros.
O preço do ouro subiu para US$ 3.977,44 por onça, após um ganho de 1,9% na segunda-feira. A paralisação do governo dos EUA, agora em sua segunda semana, privou os investidores de dados econômicos essenciais para avaliar o estado da economia, dificultando a capacidade do Federal Reserve de analisar as condições em mudança. Nesse cenário, os traders precificam um corte de 25 pontos-base na taxa de juros ainda este mês, o que favorece o ouro, já que o metal não gera rendimento.
A crise política na França também pressiona o sentimento dos investidores. A instabilidade em uma das maiores economias da zona do euro aumenta os riscos para todo o bloco monetário e levanta preocupações sobre novos problemas econômicos. Nessas condições, o ouro, tradicional ativo de proteção, registra forte demanda.
Recentemente, o primeiro-ministro francês, Sébastien Lecornu, renunciou após fracassarem as negociações para um consenso sobre os gastos orçamentários, dificultando o controle do que é atualmente o maior déficit da zona do euro.
A combinação entre a paralisação nos EUA e a instabilidade na França criou um ambiente favorável para o ouro. Os investidores buscam proteção para seus ativos, e os metais preciosos continuam sendo uma das formas mais confiáveis de fazê-lo. No curto prazo, o preço do ouro pode subir ainda mais, embora as perspectivas de longo prazo permaneçam incertas, dependendo de fatores imprevisíveis.
Além disso, o presidente dos EUA, Donald Trump, tem sido um dos principais impulsionadores da alta do ouro neste ano, com suas ações na reformulação do comércio global e na geopolítica estimulando a fuga para ativos de proteção e afastando investidores do dólar americano. Bancos centrais e ETFs lastreados em ouro seguem comprando ativamente o metal, e os cortes de juros do Fed — bem como a expectativa de novos cortes — reforçam essa tendência.
O Goldman Sachs Group Inc. elevou sua previsão de preço para o ouro em dezembro de 2026, de US$ 4.300 para US$ 4.900 por onça, citando os fortes fluxos de entrada em ETFs e o aumento das compras por bancos centrais.
A prata mantém-se estável acima de US$ 48 por onça, assim como a platina, enquanto o paládio segue em tendência de alta.
Perspectiva técnica
Do ponto de vista técnico, os compradores de ouro precisam romper a resistência imediata em US$ 4.008, o que abriria caminho para o próximo nível em US$ 4.062 — embora superar essa faixa possa ser bastante desafiador. O alvo de mais longo prazo permanece na região de US$ 4.124.
Caso os preços do ouro recuem, os vendedores (bears) tentarão retomar o controle em US$ 3.954. Um rompimento dessa faixa comprometeria a tendência de alta e poderia pressionar o metal em direção a US$ 3.906, com potencial de queda até US$ 3.849.