Ontem, o dólar americano caiu bruscamente em relação à maioria dos ativos de risco, e houve motivos objetivos para isso.
Durante seu discurso, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, indicou que o banco central dos EUA pretende reduzir as taxas de juros, mesmo com o fechamento do governo limitando significativamente sua capacidade de prever o estado da economia.
Ao falar na terça-feira durante a reunião anual da National Association for Business Economics, Jerome Powell afirmou que as perspectivas econômicas permaneceram praticamente inalteradas desde o encontro de setembro do Federal Reserve, quando o banco central reduziu as taxas de juros e projetou mais dois cortes ainda este ano.
Powell destacou repetidamente o fraco ritmo de criação de empregos e alertou que a situação pode piorar. Segundo ele, "estamos em um estágio em que uma nova queda nas vagas de emprego pode, de fato, começar a afetar a taxa de desemprego". Durante a sessão de perguntas e respostas, acrescentou que "passamos por um período extraordinário em que tudo desacelerou ao mesmo tempo, e agora é hora de cuidar do mercado de trabalho".
Esses comentários foram feitos em meio à crescente incerteza global e às preocupações com uma possível desaceleração do crescimento dos EUA. Os investidores interpretaram a disposição do Fed em flexibilizar a política monetária como um sinal positivo, que pode ajudar a sustentar a atividade econômica. No entanto, muitos economistas demonstraram preocupação com a falta de dados disponíveis devido ao fechamento do governo — o que torna difícil avaliar com precisão o estado real da economia e embasa decisões políticas sob maior risco.
Diante da limitação de informações, o Fed deverá se apoiar em indicadores indiretos e em seu próprio julgamento técnico ao decidir os próximos passos em relação às taxas de juros — um cenário que aumenta o risco de erros de previsão ou respostas inadequadas às mudanças econômicas. Ainda assim, o discurso de Powell indica que o Fed segue comprometido com a estabilidade e o crescimento econômico dos EUA, mesmo diante de um ambiente de incerteza elevada.
As expectativas de um novo corte de juros em outubro permaneceram praticamente inalteradas após as declarações de Powell. Os investidores seguem precificando uma probabilidade de quase 100% de nova redução, segundo os contratos futuros dos fundos federais.
Vale lembrar que o corte realizado em setembro — para a faixa-alvo de 4,00% a 4,25% — foi o primeiro desde dezembro e ocorreu após uma acentuada desaceleração na criação de empregos durante o verão. Ainda assim, a taxa de desemprego permanece relativamente baixa, em 4,3%.
A próxima reunião do Fed está marcada para os dias 28 e 29 de outubro. Na projeção mediana divulgada no mês passado, os 19 membros do Federal Reserve previam mais dois cortes de juros ainda em 2025. No entanto, nove autoridades consideraram que apenas um corte — ou nenhum — seria mais apropriado.
No cenário técnico atual, o EUR/USD precisa romper a resistência em 1,1630 para abrir espaço a um teste da região de 1,1660. Se esse movimento se confirmar, o par pode avançar até 1,1690, embora isso dependa fortemente do apoio dos grandes players do mercado. O alvo mais distante está na máxima de 1,1715. Caso o preço recue para a área de 1,1600, espera-se uma atuação mais firme dos compradores. Se não houver reação, o ideal pode ser aguardar uma nova mínima em 1,1570 ou buscar posições longas a partir de 1,1545.
Já para o GBP/USD, os compradores da libra precisam romper a resistência imediata em 1,3360 para mirar o nível de 1,3390, acima do qual o avanço tende a ser mais difícil. O alvo mais distante está em 1,3425. Se o par recuar, os vendedores (bears) tentarão retomar o controle em torno de 1,3330. Um rompimento dessa faixa representaria um golpe sério nas posições dos compradores (bulls), podendo empurrar o par para a mínima de 1,3290, com potencial de queda até 1,3250.