O Bitcoin pode ter tudo: o apoio de Wall Street, ventos políticos favoráveis e um fluxo constante de capital institucional. Mas, se ninguém quiser comprá-lo, ele não tem escolha a não ser cair. A queda do BTC/USD abaixo de US$ 100.000 amplificou os medos de que o token possa estar deslizando em direção a um novo inverno cripto. Quanto mais profundo o mercado em baixa se torna, mais agressivamente os ativos digitais são despejados — não apenas pelas baleias, mas também pela multidão do varejo.
Apesar de ter perdido US$ 600 bilhões em capitalização desde sua máxima histórica em outubro, o Bitcoin ainda acumula alta de 40% desde a vitória de Donald Trump na eleição presidencial e de 5% no ano. O problema é que os investidores não têm uma explicação clara para o colapso do BTC/USD. As saídas dos ETFs e a pressão sobre os tesouros corporativos de criptomoedas certamente pesam sobre o mercado, mas esses são efeitos secundários. Sem uma queda no preço do ativo subjacente, tais problemas provavelmente nem teriam surgido.
Fluxos de capital em ETFs de Bitcoin
Em busca de respostas, os traders estão recorrendo à história. Eles lembram que o halving do Bitcoin, quando as recompensas de mineração são cortadas pela metade, costuma desencadear um forte rali seguido por uma correção severa. Para evitar ficarem presos em uma queda de 50% ou mais, muitos investidores preferem vender cedo, o que, por sua vez, acelera ainda mais o movimento de baixa.
Dados da exchange Deribit mostram que a demanda por opções de venda com preços de exercício de US$ 90.000 e US$ 85.000 é significativamente maior do que o interesse por opções de compra com strikes de US$ 120.000 e US$ 140.000. Ao mesmo tempo, a liquidez geral do mercado de criptomoedas está se deteriorando: a capacidade do mercado de absorver ordens de venda de 1% caiu aproximadamente 30% em comparação ao pico observado em 2025.
Tendências de liquidez do mercado de criptomoedas
Além dos temores de uma retração de 50% e de um inverno prolongado para as criptomoedas, a fadiga do mercado está aumentando a pressão sobre o BTC/USD. Os investidores institucionais compraram Bitcoin como um componente de alto risco de suas carteiras. Mas seu desempenho modesto no acumulado do ano em relação às ações — sem falar nos metais preciosos — alimentou a decepção. Como resultado, a participação dos ativos digitais nas carteiras de investimento está diminuindo, puxando os preços para baixo.
A trajetória de queda do BTC/USD tem espaço para continuar. O pessimismo está se espalhando pelos mercados financeiros: os investidores estão perdendo a confiança de que o Fed cortará as taxas de juros em dezembro, os índices acionários recuam e o apetite global por risco diminui. O Bitcoin tornou-se o canário na mina de carvão — seu colapso repentino sinaliza que a ganância está deixando o mercado e dando lugar ao medo.
Do ponto de vista técnico, o gráfico diário do BTC/USD mostra uma tendência de baixa persistente. Os preços estão se afastando ainda mais dos níveis de resistência dinâmica representados pelas médias móveis exponenciais, evidenciando um forte controle dos vendedores. Nesse cenário, faz sentido utilizar rebotes de alta para estabelecer posições de vendas, com alvos em 88.000 e 79.500.
