O iene japonês retomou sua queda em relação ao dólar americano após Sanai Takaichi, membro do principal grupo consultivo do primeiro-ministro, afirmar que o banco central provavelmente não aumentará a taxa de juros antes de março do próximo ano. De acordo com ela, as autoridades precisam ter certeza de que os grandes gastos adicionais que planejam realizar realmente estimularão a demanda interna.

Goushi Kataoka, membro do grupo de estratégia de crescimento econômico de Takaichi, afirmou que a política fiscal deveria ser o ponto de partida para enfrentar os desafios atuais. Segundo ele, seria necessário um orçamento adicional de cerca de 20 trilhões de ienes (129 bilhões de dólares) neste ano fiscal — uma quantia significativamente maior do que o pacote de 13,9 trilhões de ienes elaborado um ano antes pelo antecessor de Takaichi.
Os traders interpretaram essa avaliação como um sinal de que o Banco do Japão continuará sua política monetária expansionista, enquanto o Federal Reserve dos EUA, por outro lado, tem sinalizado a possibilidade de uma pausa em seu ciclo de cortes de taxa para conter a inflação. Essa divergência nas políticas monetárias dos dois países está exercendo forte pressão sobre o iene.
Os economistas apontam que as preocupações do governo em relação à fraca demanda interna são bem fundamentadas. Apesar das tentativas de estimular a economia, os consumidores japoneses permanecem cautelosos nos gastos, refletindo salários estagnados e o aumento do custo de vida. Nessas condições, novos aumentos de taxa poderiam sufocar a frágil recuperação econômica. No entanto, a prolongada fraqueza do iene também gera consequências negativas: aumenta o custo das importações, adiciona pressão sobre a inflação e reduz o poder de compra das famílias. Além disso, um iene persistentemente fraco pode afastar investidores estrangeiros, que se mantêm cautelosos diante dos riscos cambiais.
Se o pacote de estímulo econômico esperado para esta semana for implementado de forma eficaz, a demanda interna poderá acelerar já no primeiro trimestre do próximo ano. "Se tudo se desenrolar dessa forma, o Banco do Japão pode ter uma oportunidade de aumentar as taxas já em março", afirmou Kataoka, que foi um firme defensor de estímulos fiscais e monetários durante seu mandato anterior no conselho do Banco do Japão.
A avaliação de Kataoka sugere o risco de um adiamento no próximo aumento de taxa do Banco do Japão, embora a maioria dos economistas ainda antecipe uma mudança já em janeiro — especialmente diante do recente enfraquecimento do iene.
Kataoka também observou que a economia japonesa está em uma posição delicada, com o PIB real registrando contração pela primeira vez em seis trimestres. No entanto, o núcleo do índice de preços ao consumidor (IPC) — excluindo alimentos e energia — permanece abaixo de 2%, e, em sua opinião, sob uma perspectiva lógica, novos aumentos de taxa seriam inadequados.
Vale destacar que o Banco do Japão anunciará sua decisão de política monetária em 19 de dezembro, e Kataoka afirmou não esperar que Takaichi, como primeiro-ministro, exerça qualquer pressão explícita sobre o banco central.
Situação técnica do USD/JPY
Quanto à configuração técnica atual do USD/JPY, os compradores precisam retomar a resistência mais próxima em 155,55. Isso lhes permitiria mirar 155,87, e superar esse nível será consideravelmente desafiador. O alvo mais distante está em 156,23.
Em caso de queda, os vendedores tentarão assumir o controle da área de 155,15. Se tiverem sucesso, um rompimento abaixo dessa zona representará um golpe sério para as posições compradoras e poderá empurrar o USD/JPY para o mínimo de 154,77, com possibilidade de extensão até 154,31.