Como indicado pela ata da reunião de outubro do Federal Reserve, divulgada na quarta-feira, muitos formuladores de políticas expressaram preocupação de que uma redução prematura das taxas de juros poderia aumentar os riscos à estabilidade de preços, elevando a probabilidade de uma inflação mais alta. Ainda assim, alguns oficiais reconheceram que pequenos passos em direção a cortes até o fim do ano poderiam ser justificáveis, dependendo do contexto econômico mais amplo.
Uma parcela significativa dos membros com direito a voto rejeitou a ideia de um novo afrouxamento em dezembro. Eles defenderam a manutenção da política monetária atual até que surjam sinais mais claros sobre o mercado de trabalho e a trajetória da inflação.
Essa divisão interna evidencia a complexidade das decisões neste momento do ciclo econômico. A escolha entre manter as taxas inalteradas ou avançar com novos cortes depende de uma combinação de fatores — métricas de inflação, níveis de desemprego e a saúde geral da economia. Movimentos precipitados ou insuficientes podem influenciar profundamente a trajetória futura da economia dos EUA e dos mercados globais.
De acordo com ferramentas de monitoramento, como a FedWatch do CME Group, a probabilidade de um corte de taxa em dezembro diminuiu significativamente após a divulgação da ata, caindo para 30%. Antes, as chances eram estimadas em 50% e, há apenas uma semana, chegavam a 65%. Essa queda acentuada indica que os investidores interpretam os sinais do Fed como um movimento de cautela e uma disposição para evitar afrouxamentos mais agressivos no curto prazo.
Após a publicação da ata do FOMC na quarta-feira e à espera dos dados do mercado de trabalho dos EUA (programados para as 13h30 GMT), o dólar tem se mantido estável. O índice do dólar americano (USDX), que mede o desempenho da moeda frente a uma cesta de seis divisas principais, mostra uma recuperação consistente após as recentes oscilações.
No último mês, o USDX apresentou um ligeiro crescimento, atingindo hoje 100,29, um aumento de aproximadamente 0,53%. Hoje marca o quinto dia consecutivo de crescimento do USDX.
Fatores de alta para o dólar americano:
- Resultado da reunião do Fed: as últimas decisões políticas confirmaram uma abordagem cautelosa em meio à incerteza nos mercados financeiros.
- Os dados de emprego, incluindo o relatório da Automatic Data Processing (ADP), registraram um aumento de 42.000 empregos no setor privado dos EUA em outubro, superando as previsões modestas dos analistas (25.000).
- O índice PMI do setor de servioços do ISM subiu para 52,4 em outubro, apesar do declínio no setor manufatureiro.
Esses fatores indicam um crescimento econômico sustentado e o apoio do banco central dos EUA, incentivando o avanço da moeda nacional.
Previsões e perspectivas
Apesar de alguns sinais positivos, o mercado agora se volta para o relatório do Escritório de Estatísticas do Trabalho dos EUA, previsto para hoje. Os economistas esperam que a criação de novos empregos no setor não agrícola aumente para cerca de 50.000 em outubro, em comparação com 22.000 no mês anterior. A taxa de desemprego deve permanecer em 4,3%, enquanto os ganhos médios por hora devem avançar 0,3% no mês e 3,7% no acumulado de 12 meses. No entanto, persiste um grau de incerteza quanto ao impacto potencial do setor corporativo sobre o panorama geral do mercado de trabalho.
Outro fator de risco relevante é a inflação. Embora alguns segmentos mostrem desaceleração, o Federal Reserve continua atento a qualquer sinal de renovação das pressões inflacionárias. A maioria dos membros do Comitê considera que eventuais cortes adicionais na taxa de juros devem avaliar cuidadosamente o equilíbrio entre o risco de inflação mais alta e o arrefecimento das condições no mercado de trabalho.
Cenários possíveis:
- Cenário moderadamente positivo: um aumento no número de empregos e níveis estáveis de desemprego podem reduzir a pressão sobre o dólar americano, permitindo que o Fed mantenha as taxas de juros inalteradas.
- Cenário negativo: uma queda acentuada nos números do emprego ou um aumento significativo da inflação podem forçar o Fed a reduzir as taxas de juros, exercendo pressão sobre o dólar americano.
Panorama técnico No momento da publicação deste artigo, o USDX estava próximo de sua alta semanal e de cinco dias, em 100,27, próximo a um nível de resistência importante em 100,36 (a média móvel de 50 períodos no gráfico semanal).
O impulso de alta persiste, apoiado pela diminuição das expectativas de outro corte nas taxas pelo Federal Reserve em dezembro.
Para que se confirme uma ruptura decisiva rumo a um mercado de alta de médio prazo, o índice do dólar precisa se manter acima dos níveis-chave de 99,96 (média móvel de 200 períodos no gráfico diário) e da barreira psicológica de 100,00. Um avanço sustentável acima de 100,36 — média móvel de 50 períodos no gráfico semanal — consolidaria a reversão para um cenário de alta de médio prazo e abriria espaço para um movimento em direção aos níveis de resistência de longo prazo em 101,45 (média móvel de 200 períodos no gráfico semanal) e 101,75 (média móvel de 144 períodos no gráfico semanal).
No cenário alternativo, um rompimento abaixo do suporte crítico em 99,96 pode sinalizar a retomada do movimento de baixa. A perda do nível de 98,95 — que coincide com a média móvel de 50 períodos e a linha inferior do canal ascendente no gráfico diário — poderia recolocar o instrumento em mercados de baixa de médio e longo prazo.
Conclusão: A dinâmica do dólar americano dependerá de uma leitura abrangente do ambiente macroeconômico e das decisões do Federal Reserve. O acompanhamento rigoroso de indicadores-chave, como emprego e inflação, será determinante para os movimentos futuros da moeda.
Em resumo, o sentimento em relação ao dólar permanece relativamente estável; no entanto, possíveis mudanças no cenário econômico e na orientação do Fed podem provocar ajustes significativos nessa tendência. Permanecer atento aos dados e aos sinais emitidos pelo Comitê Federal de Mercado Aberto é essencial para reagir rapidamente a eventuais mudanças na dinâmica do mercado.
