A NVIDIA salvou o mercado! O relatório positivo dos lucros corporativos da maior empresa do mundo permitiu que o S&P 500 quebrasse uma sequência de quatro dias de perdas, com suas ações subindo 6,5% no pregão após o fechamento da bolsa. Desde os máximos históricos registrados no final de outubro, as ações da gigante da tecnologia haviam caído 12%, arrastando para baixo não apenas todo o setor, mas também os índices de ações americanos. É hora de dar a volta por cima.
Dinâmica do S&P 500 e das ações do setor de tecnologia

Dinâmica do S&P 500 e das ações do setor tecnológico
A NVIDIA registrou uma receita de US$ 57 bilhões no terceiro trimestre, dos quais US$ 51,2 bilhões vieram do segmento de data centers. O lucro por ação avançou para US$ 1,30. Todos esses indicadores superaram as estimativas de Wall Street, incluindo a projeção de vendas para o quarto trimestre, estimada em US$ 65 bilhões. Esses resultados robustos reforçam as expectativas de uma retomada da tendência de alta das ações da gigante de tecnologia.
Historicamente, a ação da NVIDIA passou por 16 recuperações após quedas de 10% ou mais, com um recuo médio de 16,7%. A amplitude dessas correções variou de 10,1% (em fevereiro de 2023) a 24% (no primeiro trimestre de 2025). Em cinco ocasiões, as quedas da ação entraram tecnicamente em "mercado em baixa", ao recuar mais de 20%.
Após o relatório da maior empresa do mundo em valor de mercado, é natural que as discussões sobre inteligência artificial se intensifiquem. Os otimistas defenderão que o tema segue em plena ascensão e continuará impulsionando o S&P 500 rumo a uma retomada estrutural de alta. Já os céticos apontarão para o aumento expressivo dos custos das empresas de tecnologia e para as incertezas relacionadas à lucratividade dos investimentos em IA.
Dinâmica dos gastos com tecnologia de IA das Sete Magníficas

O problema é que as quedas no índice amplo do mercado acionário em outubro e novembro não foram motivadas apenas por avaliações fundamentalmente inflacionadas ou por dúvidas sobre a eficácia das empresas de tecnologia. O mercado deixou de acreditar em um corte da taxa básica em dezembro, e as atas da reunião do FOMC de outubro afastaram de vez as expectativas de continuidade do ciclo de afrouxamento monetário em 2025. Muitas autoridades consideraram essa opção inadequada.
Além disso, o Bureau of Labor Statistics decidiu não divulgar o relatório de emprego de outubro. Os dados serão incorporados às estatísticas de novembro, que só serão publicadas em 16 de dezembro, depois da última reunião do FOMC deste ano. A ausência dessas informações força o Fed a adotar uma postura mais cautelosa. As taxas provavelmente permanecerão entre 3,75% e 4% até a reunião de janeiro — um cenário desfavorável para as ações americanas.

O S&P 500 pode enfrentar dificuldades adicionais devido à desaceleração do crescimento econômico dos EUA. A paralisação mais longa da história deve reduzir cerca de 1 ponto percentual do PIB, e esses números só serão plenamente conhecidos em 2026. Nesse cenário, um eventual corte de juros pode soar como uma tábua de salvação para uma economia enfraquecida — o que, paradoxalmente, pode assustar o mercado acionário, já que cortes motivados por fragilidade econômica costumam sinalizar riscos mais profundos.
Do ponto de vista técnico, no gráfico diário do S&P 500, os compradores conseguiram defender o suporte em 6.620. No entanto, enquanto o preço permanecer abaixo do valor justo em 6.740, os vendedores continuarão no comando. Qualquer movimento de alta dentro dessa faixa deve ser encarado como oportunidade para posições de venda.