Uma nova onda de vendas no setor de tecnologia levou o S&P 500 a cair no ritmo mais acelerado em quase um mês. Nem mesmo a retórica dovish de Christopher Waller, governador do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), foi suficiente para aliviar a pressão. Waller afirmou que a taxa dos fundos federais poderia cair até 100 pontos-base. Embora esteja entre os nomes cogitados para a presidência do Federal Reserve, ele não é visto como favorito.
Apesar das declarações, o mercado de futuros não ajustou suas expectativas quanto ao cronograma para a retomada do afrouxamento monetário, com março permanecendo como o mês mais provável para essa possível mudança.
Dinâmica dos índices bolsistas dos EUA
Os últimos serão os primeiros. Os investidores estão realocando ativamente recursos de ações de tecnologia de grande capitalização para empresas de menor porte. O foco agora recai sobre lucros tangíveis, e não sobre ganhos potencialmente efêmeros. Afinal, qual é o sentido de a Oracle construir inúmeros data centers para cumprir um compromisso de US$ 300 bilhões com a OpenAI se esses investimentos não se traduzirem em retornos concretos?
Responder a essa pergunta exige um horizonte de 12 a 18 meses. Contudo, os traders não estão dispostos a esperar. Segundo a Wellington-Altus, investidores de longo prazo tendem a se manter à margem nesta época do ano. Assim, o mercado passa a ser dominado por um comportamento mais emocional, que oscila entre extremos e provoca movimentos bruscos no S&P 500, tanto para cima quanto para baixo.
Ainda assim, os profissionais não esperam uma reação dramática do índice de mercado amplo após a divulgação dos dados de inflação de novembro. A projeção é de uma oscilação de até 0,7% em qualquer direção. Historicamente, a resposta média do índice a dados relevantes gira em torno de ±1%. Essa menor sensibilidade é atribuída aos sinais do Federal Reserve, que indicam que, no momento, o mercado de trabalho tem mais peso nas decisões do que os preços ao consumidor.
Reação do S&P 500 aos dados sobre a inflação nos EUA
Assim, em uma pausa prolongada no ciclo de expansão monetária do Fed, o mercado de ações dos EUA perdeu seu efeito amortecedor, e os temores em relação à incapacidade das gigantes da tecnologia de gerar retornos adequados sobre os investimentos estão arrastando o S&P 500 para baixo. Os investidores estão céticos quanto ao fato de que as empresas de grande capitalização exercerão a mesma influência sobre o índice do mercado mais amplo como fizeram no passado.
As ações da Oracle recuaram 12% em dezembro, enquanto os papéis da Broadcom despencaram 19%. O capital está deixando o setor de tecnologia e migrando para outros segmentos. Em 17 de dezembro, as empresas de energia registraram ganhos ao longo do pregão, impulsionadas por um rali nos preços do petróleo após o bloqueio dos EUA a petroleiros sancionados da Venezuela e por rumores de um novo pacote de sanções contra a Rússia, caso o país se recuse a assinar um acordo de paz com a Ucrânia.
Do ponto de vista técnico, o gráfico diário do S&P 500 mostra a perda dos três suportes dinâmicos representados pelas médias móveis, o que evidencia a determinação dos vendedores. Enquanto o índice de mercado amplo permanecer abaixo do nível de pivô em 6.750, o sentimento segue baixista, favorecendo posições vendidas. Ainda assim, uma reação a partir da zona de convergência entre 6.690 e 6.700 pode alterar o quadro de forma significativa.
