A paridade entre o euro e o dólar americano tornou-se uma possibilidade cada vez mais concreta, impulsionada por uma série de fatores. Mas quais são os elementos que estão levando o EUR/USD em direção ao nível de 1:1? Analistas apontam para as tensões comerciais entre os Estados Unidos e a Europa, assim como para a política monetária expansionista do Banco Central Europeu. Segundo a Bloomberg, esse cenário ganhou ainda mais força com os desdobramentos econômicos recentes.
Donald Trump destacou que suas tarifas podem impactar qualquer país, da Europa à China. Simultaneamente, Christine Lagarde, presidente do BCE, observou que as barreiras comerciais agravam uma situação já complexa. Em resposta, o BCE anunciou um segundo corte nas taxas de juros, alimentando expectativas de que a flexibilização monetária possa se intensificar. Com isso, o euro manteve sua trajetória de queda, registrando três semanas consecutivas de perdas frente ao dólar e uma desvalorização recorde de uma semana frente à libra esterlina.
A paridade do EUR/USD é uma possibilidade cada vez mais realista, especialmente se Trump vencer e cumprir suas promessas tarifárias, segundo Michael Hart, estrategista sênior de moedas da Pictet Wealth Management. O Deutsche Bank e a própria Pictet não consideram mais a paridade improvável. Além disso, JPMorgan e ING Groep projetam que o euro pode atingir esse nível até o final do ano.
Nos mercados de opções, o clima é de cautela: traders aumentam suas apostas contra o euro. O indicador de reversão de risco para o par EUR/USD reflete agora o sentimento mais pessimista dos últimos três meses, indicando que os mercados já se preparam para uma possível fraqueza prolongada da moeda europeia.
Aroup Chatterjee, estrategista do Wells Fargo, destaca a força do dólar, evidenciando a sensibilidade da Europa a mudanças na política externa e como as ameaças tarifárias de Trump impulsionam os investidores a comprar dólares. O yuan chinês e o peso mexicano também enfrentam riscos tradicionais, enquanto a fragilidade da economia europeia a torna um “alvo vulnerável” para as tarifas americanas, o que pode impactar seriamente o comércio global.
Com o BCE pronto para continuar sua flexibilização monetária, analistas acreditam que o euro pode alcançar a paridade com o dólar até 2025, embora o mercado ainda encare essa previsão com ceticismo, talvez na esperança de uma recuperação nas perspectivas.
E quem é o culpado? Trump, naturalmente, não fica em silêncio. Em uma entrevista recente à Bloomberg, ele afirmou que “tarifas são a palavra mais bonita do dicionário” e criticou a União Europeia por seu tratamento desigual com os EUA. Para ele, o déficit comercial com a Europa é insustentável e precisa ser resolvido urgentemente.
Enquanto o resultado das eleições permanece incerto, George Saravelos, chefe de pesquisa de moedas globais do Deutsche Bank, alerta que, se Trump vencer, as disputas comerciais podem continuar a impactar diretamente o euro.