A possível vitória de Donald Trump nas próximas eleições dos EUA despertou sérias preocupações sobre o futuro da economia global. Especialistas estão convencidos de que a economia mundial enfrentará desafios significativos se esse cenário se concretizar.
De acordo com a Reuters, estudos de analistas sugerem que as políticas tarifárias adotadas por Trump poderiam desestabilizar o sistema financeiro internacional. Nesse contexto, os especialistas entrevistados indicam que uma segunda presidência de Trump poderia “derrubar o sistema financeiro global com aumentos maciços de tarifas, trilhões de dólares adicionais em emissão de dívidas e uma reversão dos esforços para combater as mudanças climáticas em favor de uma maior produção de energia a partir de combustíveis fósseis”.
Kazuo Ueda, diretor do Banco do Japão (BoJ), comentou que a crescente incerteza sobre quem será o próximo presidente dos EUA e quais políticas serão adotadas preocupa líderes de vários países. Esta preocupação é especialmente válida, considerando o impacto das tarifas impostas por Trump durante seu primeiro mandato, que resultaram em uma guerra comercial com a China. Os aumentos tarifários sobre bens chineses, por exemplo, levaram a um aumento nos preços dos produtos e afetaram a cadeia de suprimentos global, contribuindo para um aumento da inflação nos EUA e em outros mercados.
Anteriormente, Mehmet Simsek, ministro das Finanças da Turquia, observou que novos aumentos no déficit orçamentário dos EUA significariam uma dívida maior, resultando em altas taxas de juros de longo prazo. Nesse contexto, o dólar provavelmente se fortaleceria ainda mais. Simsek enfatizou que as altas taxas de juros de longo prazo nos EUA e um dólar forte não são benéficos para os mercados emergentes.
Além disso, muitos analistas e participantes do mercado estão preocupados com a possibilidade de uma guerra comercial entre os EUA e a União Europeia. O ministro das Finanças da Alemanha, Christian Lindner, adverte que tal cenário levaria a uma situação em que “só haveria perdedores”. Um exemplo histórico que ecoa essa preocupação é a Grande Depressão, quando políticas protecionistas, como a Tarifa Smoot-Hawley, exacerbaram a recessão global e reduziram o comércio internacional.
Lesetja Kganyago, chefe do banco central da África do Sul, compartilha essa preocupação, prevendo que um impasse tarifário elevaria os preços e dificultaria a luta contra a inflação.
A Reuters também destacou que Trump prometeu impor uma tarifa de 10% sobre as importações de todos os países e uma tarifa de 60% sobre as importações da China, reiterando suas estratégias protecionistas.
Analistas do The Wall Street Journal, por sua vez, preveem um aumento acentuado da inflação nos Estados Unidos após as eleições. O que mais preocupa os especialistas são os planos de Trump, que incluem novas tarifas sobre produtos importados, deportações de trabalhadores e pressão sobre a Reserva Federal para reduzir as taxas de juros.
Com o cenário econômico global cada vez mais interconectado, a direção das políticas dos EUA será acompanhada de perto por líderes e economistas ao redor do mundo, cientes de que os efeitos podem reverberar muito além das fronteiras americanas.