Em 17 de janeiro, a Reserva Federal dos EUA surpreendeu ao anunciar sua decisão de deixar a coalizão global de bancos centrais Network for Greening the Financial System (NGFS). A saída retira um dos membros mais influentes do grupo, que é dedicado à gestão de riscos climáticos no sistema financeiro global. Mas o que isso significa para o banco central americano e a coordenação internacional em torno de questões climáticas?
O Fed justificou sua decisão citando a ampliação do escopo da NGFS, que, segundo a instituição, excede os limites de seu estatuto. Apesar de esforços iniciais para integrar considerações climáticas em análises e relatórios, o presidente do Fed, Jerome Powell, tem reiterado que a responsabilidade de formular políticas sobre mudanças climáticas pertence ao Congresso dos EUA, e não ao banco central.
Fundada em 2017, a NGFS desempenha um papel importante ao auxiliar bancos centrais e reguladores na integração de riscos climáticos em suas políticas e ao analisar como as atividades relacionadas ao clima afetam o sistema financeiro global. Desde que aderiu à NGFS em 2020, o Fed era visto como um membro estratégico, dado o peso da economia americana no cenário global.
A decisão de deixar a coalizão ocorreu apenas três dias antes da posse do presidente eleito Donald Trump, que já expressou críticas a iniciativas climáticas no passado. Essa proximidade levanta questões sobre uma possível mudança de postura mais ampla em relação à agenda climática por parte do governo dos EUA. Resta saber como essa decisão afetará a abordagem da instituição no longo prazo e se influenciará outros bancos centrais a reavaliarem sua participação na NGFS.
