Segundo Pan Gongsheng, governador do Banco Popular da China (PBOC), a moeda chinesa influencia diretamente os ganhos do dólar americano.
Pan destaca que um yuan estável é essencial para a estabilidade financeira e econômica global, contrastando com o fortalecimento do dólar americano, que ganhou força após a imposição de tarifas pelos EUA durante o governo de Donald Trump.
Embora muitas moedas tenham se desvalorizado em relação ao dólar, o yuan manteve-se relativamente estável. “Um yuan estável tem desempenhado um papel fundamental na manutenção da estabilidade financeira e econômica global”, afirmou Pan. Ele também destacou que as autoridades chinesas pretendem manter a taxa de câmbio da moeda em um 'nível adaptativo e de equilíbrio'. Nos últimos meses, o yuan oscilou em uma faixa estreita, entre 7 e 7,3 yuans por dólar americano.
Em contraste, Washington continua defendendo uma “política de dólar forte”, reforçando sua estratégia de valorização cambial. De acordo com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, o dólar permanecerá valorizado sob o comando de Trump. No entanto, um dólar mais forte tem pressionado os mercados emergentes, dificultando a redução dos custos de empréstimos e aumentando o risco de novas pressões inflacionárias no cenário global.
Já Pequim vê o yuan como um potencial rival do dólar, alinhado aos planos do presidente Xi Jinping de transformar a China em uma potência financeira, consolidando sua moeda como referência no comércio global. Nos últimos meses, o PBOC priorizou medidas para conter a desvalorização do yuan, optando por adiar o afrouxamento da política monetária, mesmo após os EUA imporem uma tarifa adicional de 10% sobre produtos chineses.
A resposta da China inclui o fortalecimento do yuan, com o governo ajustando os fluxos de capital estrangeiro e aplicando ferramentas macroprudenciais para impulsionar os empréstimos internacionais.
No entanto, especialistas alertam para os riscos dessa estratégia. Um yuan mais forte pode encarecer as importações, agravando os desafios da economia chinesa, que já enfrenta queda na demanda do consumidor e um cenário de deflação, agora em seu segundo ano consecutivo. Segundo analistas, a China caminha para a mais longa sequência de queda de preços desde a década de 1960.
