O setor varejista dos Estados Unidos se encontra em uma posição peculiar. À primeira vista, parece estar entre os mais prejudicados pelas tarifas agressivas impostas pelo presidente Donald Trump. No entanto, analistas do Telsey Group recomendam cautela antes de adotar uma visão pessimista. Graças a anos de diversificação de fornecedores, muitas empresas do varejo estão parcialmente protegidas do impacto direto das novas tarifas.
Trump já havia decretado uma série de tarifas retaliatórias contra diversos países, justificando a medida como uma forma de corrigir desequilíbrios históricos no comércio internacional e aumentar a arrecadação do governo. Posteriormente, a Casa Branca adiou por 90 dias a entrada em vigor de algumas dessas tarifas, após fortes oscilações nos mercados financeiros.
Washington também suspendeu temporariamente tarifas sobre produtos eletrônicos, como computadores e smartphones. Além disso, Trump chegou a sinalizar possíveis isenções para tarifas sobre automóveis. Essas decisões ajudaram a conter o nervosismo dos mercados e a acalmar os temores de um colapso no varejo em decorrência da guerra comercial. Ainda assim, as tensões com a China continuam sendo um fator de risco relevante. Recentemente, Trump elevou as tarifas sobre produtos chineses para impressionantes 145%, ao que Pequim respondeu com tarifas de 125% sobre importações americanas.
Segundo o Telsey Group, o impacto das tarifas varia conforme os tipos de produtos e as estratégias de abastecimento adotadas por cada varejista. Segmentos como artigos esportivos, bicicletas e equipamentos para atividades ao ar livre são mais vulneráveis, por dependerem fortemente de fornecedores chineses. Já empresas do setor de calçados, como Adidas, Nike e Under Armour, tendem a ser menos afetadas. Lojas de desconto, como Walmart e Dollar Tree, também apresentam uma exposição significativa à cadeia de suprimentos chinesa.
O setor de utensílios domésticos está sob pressão, mas os esforços de diversificação fora da China, realizados ao longo dos anos, podem ajudar a mitigar os efeitos negativos. Alguns nichos parecem relativamente protegidos das tensões comerciais com a China, como alimentos e bebidas, vestuário especializado, cosméticos e produtos de luxo.
Por fim, o recente adiamento das tarifas sobre diversos produtos tecnológicos trouxe um alívio temporário para alguns varejistas, como a gigante Amazon e a rede de eletrônicos Best Buy — concluem os analistas do Telsey Group.