O Bitcoin deixou de ser apenas um ativo de investimento e acaba de conquistar um lugar no centro da política americana. Elon Musk anunciou que seu novo partido, batizado de Partido da America (America Party), terá como uma de suas principais bandeiras o apoio oficial aos criptoativos. A retórica pró-blockchain tornou-se um dos pilares de sua plataforma econômica — ou, como ironizam seus críticos, “tudo pelo blockchain, e um pouco para o povo”.
Nigel Green, CEO do DeVere Group, acredita que essa não é apenas mais uma jogada de marketing de Musk. Ele vê o movimento como um sinal claro de que o Bitcoin evoluiu de um instrumento financeiro exótico para um ativo de valor nacional — e, agora, com peso político real.
Vale lembrar que, em março, o ex-presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva para criar uma reserva estratégica de Bitcoin — algo que, até pouco tempo atrás, soaria como ficção científica. Atualmente, cerca de 200 mil BTC estão armazenados em cofres federais, ao lado das reservas de ouro e petróleo. Musk, claro, está capitalizando esse novo momento.
Em sua declaração, o bilionário classificou o Bitcoin como “a pedra angular” da agenda econômica de seu partido, ampliando o que chamou de “capital político” do ativo. O mercado reagiu na hora: o preço do BTC ultrapassou os US$ 120 mil, reforçando o quanto a moeda ainda é sensível à interseção entre poder e propaganda.
A rivalidade com Trump também ficou mais intensa. “Trump acha que Musk enlouqueceu”, afirmou uma fonte próxima ao ex-presidente. Musk, por sua vez, acusa Trump de ter perdido o controle dos gastos públicos, especialmente após a aprovação do polêmico "Big Beautiful Bill", que prevê aumento nos gastos com defesa e cortes de impostos na ordem de US$ 4 trilhões. Musk, que já comandou o fictício Departamento de Eficiência Governamental (apelidado de DOGE), não engole esse tipo de “generosidade”.
Apesar da ambição, o novo partido de Musk ainda é mais um conceito do que uma realidade: não tem registro formal, nem plano de governo definido — apenas um site e apoiadores de peso, como Mark Cuban e Anthony Scaramucci. Mas, no universo cripto-político, isso já representa metade do caminho.
Curiosamente, o também filantropo sul-africano, havia prometido no passado se afastar do universo das criptomoedas. Mas, ao que tudo indica, a política tem o poder de mudar tudo — inclusive de colocar o blockchain dentro do Departamento do Tesouro.