Mudanças notáveis estão ocorrendo no comércio global e no sistema financeiro internacional. De acordo com analistas do Wells Fargo, a economia mundial estaria entrando em uma segunda era de desglobalização, marcada pela fragmentação do comércio e das finanças. Como resultado, as esferas de influência tenderiam a se dividir entre blocos rivais liderados pelos Estados Unidos e pela China. Segundo o banco, esse é o futuro que nos aguarda.
Na visão dos analistas, em vez de uma economia global única e integrada, a tendência é que os países passem a formar blocos separados, unidos por posições semelhantes em questões geopolíticas e em políticas econômicas externas e internas. Com o tempo, o comércio entre esses blocos deve diminuir ou até mesmo cessar, e as relações financeiras e geopolíticas mais amplas acabarão se desfazendo.
Especialistas do banco ressaltam que as relações entre EUA e China se deterioraram, apesar das tréguas comerciais e de acordos tarifários. O relatório observa que a cooperação, no sentido mais amplo do termo, entre as duas maiores economias do mundo recuou de forma acentuada. Olhando para frente, a expectativa é de que ambos os países reduzam sua dependência mútua, em vez de buscar uma integração mais profunda.
Segundo um modelo desenvolvido pelos estrategistas cambiais do Wells Fargo, a maioria dos países do G10 tende a se alinhar aos Estados Unidos. Já muitos países da Ásia e da África provavelmente se aproximarão da China. Quanto à América Latina, os analistas destacam que a região aparece como a mais dividida, já que nem EUA nem China exercem predominância clara, tornando-se, assim, um campo de disputa por influência política e econômica.
O Wells Fargo também ressalta que a formação desses grandes blocos econômicos levará vários anos, mas avalia que a economia global ainda está longe de uma fragmentação completa. Segundo o banco, as alianças finais só devem ser consolidadas após mudanças significativas no comércio e na geopolítica.